CAPÍTULO 4

...*** Nadine narrando ***...

Nadine Ezra

Promotor Hilton Lee

Estou no trabalho até tarde. Percebi que não havia limpado um cômodo que deveria, e para o meu azar, as pessoas que trabalham nesse lugar não entendem bem sobre higiene quanto a banheiros. Esta um nojo. Decido tomar banho antes de voltar para casa, ou nenhum ônibus no mundo pararia para mim.

Saio com o cabelo ainda molhado e pego a minha bolsa. Caminho pelo extenso corredor que precisei limpar hoje. Estou exausta, mas no fim, valerá a pena, quando eu estiver naquele bendito baile e segurar o meu diploma.

“Grego Milano”. Ouço ao longe. Droga. Ainda há pessoas aqui? Eu não gosto disso. Não gosto de estar em ambientes assim, especialmente quando são homens. Não tenho boas experiências com coisas assim. E é por isso que eu nunca namoro.

Caminho para fora, mas posso ver que esta chovendo. Vejo quando os homens se aproximam um do outro. Um deles usa um moletom, enquanto o outro está de terno. Provavelmente, ele é o meu chefe, o dono dessa empresa. Continuo a caminhar, mas algo faz com que meu corpo se arrepie completamente. Paraliso. Ouço gritos estridentes do homem de moletom. O que esta acontecendo? Demoro a perceber que o senhor Milano segurou sua mão e a cortou. Penso em correr, mas eu sei que se passar por ali, ele me verá. O que faço agora? Tento me esconder, mas as minhas pernas paralisam outra vez. É como reviver o pesadelo. Ele enfiou algo no abdômen daquele homem varias vezes, tirando e colocando novamente de forma rápida e maníaca, e em um abraço, posso ver seu cotovelo girar quando movimenta a faca. O vejo segurar a barriga com força, fazendo pressão, mas nada adiantaria. Esta escuro, mas eu ainda consigo ver o liquido brilhante jorrar como em jatos que só havia visto nos filmes. Droga! Começo a chorar. Ele derruba aquele homem no chão e segurando uma arma, atira em sua cabeça. O que esta acontecendo aqui? Eu não deveria estar nesse lugar, a essa hora. Porque ele esta matando alguém? Porque arriscaria perder tudo que tem? Ele pega seu celular e liga para alguém, esse é o momento. Ele esta distraído e abaixou sua arma. Corro, mas a droga dos meus sapatos fazem barulho contra o chão. Ele olha para mim, como os homens que mataram a minha mãe fizeram. Não consigo ver seu rosto direito. Meu deus, tenha piedade de mim agora. Ele caminha rápido em minha direção e tudo que posso fazer é correr o mais rápido que posso. Jogo tudo que tenho no chão em uma bolsa que levava comigo. Aprendi cedo demais a desapegar de tudo que tenho pela minha sobrevivência.

O homem começa a me seguir. Eu sei que ele pode atirar em mim se está armado. E como eu posso fugir dele se é tão grande, e bem mais forte que eu? Me concentro apenas em correr o quanto posso. Anos na rua me fizeram uma pequena mulher rápida para correr. Já precisei roubar, trabalhar e fugir, muitas vezes. Eu não me orgulho disso, mas eu precisava comer.

Sinto um medo que não cessa, mas nenhum tiro é disparado. Eu sei que ele me tem na mira, mas minhas pernas fazem apenas o trabalho de correr, elas não me obedecem em mais nada. Olho para trás, ele esta mais perto. O que faço agora?

– Pare! – Ele grita. Mas nós dois sabemos que é uma frase em vão. Quem pararia quando um louco esta te perseguindo enquanto segura uma arma?

Vejo a pista a minha frente. Ele não viria até aqui, não é? Uma pessoa conhecida como ele não mataria alguém na frente de tantas pessoas. Atravesso os carros, enquanto quase sou atropelada por alguns deles. Uma multidão passa no exato momento em que chego até o passeio do outro lado da pista. Eu os sigo. A chuva já cessou. Olho para ele e posso ver, mesmo em meio ao escuro que ainda esta me procurando. Se ele descobrir onde moro, estou morta. E eu sei, não posso mais trabalhar naquele lugar. O que eu diria “por favor, não me mate. Eu não vou contar nada porque preciso do emprego?”

Moro em um lugar distante. Já é madrugada e eu ainda estou andando para chegar a minha casa. Eu precisaria pegar um ônibus ou o metro para voltar, mas não havia como fazer isto sem dinheiro. Caminhar foi tudo que restou. Somente depois que a adrenalina do acontecido passou, me dei conta do que havia acontecido realmente. Ele matou uma pessoa, e eu vi. Mais uma vez, a morte quase me alcançou. A policia vai me achar, eu sei disso. E eu farei justiça por aquele homem, como eu gostaria que tivessem feito por meus pais. Mas quem se importaria com dois vendedores de drogas além da filha órfã?

Meu corpo treme completamente, mesmo quando chego em casa e coloco roupas secas e quentes. As minhas mãos ainda não param de tremer, e eu sei que tudo isto esta acontecendo por causa daquele homem. Do Grego Milano.

Tento dormir, mas as imagens macabras surgem em minha mente como nos meus pesadelos. Vai começar tudo outra vez, eu sei disso. Me viro de lado e começo a chorar. Que outra coisa eu poderia fazer depois de tudo? E se ele me encontrar primeiro que a polícia? Se eu ao menos soubesse quem era aquela pessoa que ele matou.

Olho pela janela do meu quarto, e não consigo me mover. Não comi, não dormi e ainda não tomei banho depois da chuva. A exaustão mental me atinge em cheio. Estou farta de tanto chorar. Levanto da cama apenas quando o quarto esta completamente claro. Olho pela janela e há um carro parado na frente do meu prédio. Eu nunca o vi por aqui. Ele me encontrou? E se... Varias possibilidades passam pela minha cabeça. Tento respirar fundo e olhar outra vez. Ele já se foi. Posso finalmente respirar aliviada, mas a sensação de que estou sendo observada não passa. Talvez nunca vá passar depois do que aconteceu. Sempre vou achar que eles me pegarão em algum momento.

Aquele homem é um monstro. Definitivamente não é a primeira vez que vi alguém morrer, mas aquela crueldade, o prazer com que pareceu fazer aquilo. Eu sei, ele achou natural, e eu não sei como, mas tenho certeza que já fez outras vezes. Vou até a janela outra vez e o pânico me atinge. Não sei porque, mas aquele carro esta parado ali, outra vez. Tento não chorar quando o homem caminha em direção ao prédio.

Aguardo até que ele suba. Eu sei que virá aqui, eu posso sentir. Se estiver na minha hora, eu não irei sem motivo, sem lutar. Ouço batidas na porta.

– Abra! É a polícia.

– Você não pode ser da polícia. Eu o vi me vigiando.

– Abra! Meu filho foi assassinado, ontem. Você não vê jornais?

– Não, eu... Eu não vi nada. Vai embora. – Respondo. O pânico toma conta de mim. Como eu explicaria para um pai como seu filho morreu? Eu não seria capaz.

– Eu vi que você bateu o ponto tarde naquela empresa. Foi o último lugar onde o carro dele esteve antes de cair em um rio.

– Como posso saber que é realmente um policial?

– Abra! Eu não farei mal a você. Só quero justiça.

Penso um pouco. Eu sei que não adiantaria de toda forma. Ele poderia simplesmente ter entrado se quisesse me matar. Ninguém nesse prédio me ajudaria. Abro a porta.

O homem tem bolsas inchadas em baixo dos olhos.– Eu sou o Hilton Lee, sou promotor. Eu sei que não tem nada a ver com isso, e que é pedir muito, mas preciso saber se o viu antes de sair daquele lugar.

– Senhor. Eu vi tudo... – Digo de uma vez.

A expressão do homem muda. Ele endireita sua postura, mas ainda esta tenso.– Por favor, me conte. Eu lhe darei o que quiser.

– Tudo bem. Não precisa me dar nada. Respiro fundo.– Eu vi o Grego Milano matar o seu filho!

– Precisa vir comigo. A levarei a polícia e você pode dar o depoimento.

– Por favor, hoje não. Eu estou muito cansada.

– É importante. Venha comigo, eu posso te proteger.

– Senhor, eu estou sozinha a muito tempo, sei me proteger. Eu sinto muito pelo seu filho. Eu juro que darei um depoimento, mas estou muito abalada. Eu não posso fazer isso hoje. Tente entender.

– Claro... Claro... Eu espero você lá, amanhã.

O homem se levanta e antes que saia, para na porta e olha para trás, para mim, a mulher de baixa estatura que provavelmente terá que testemunhar em um tribunal, enfrentando advogados caros que me atacarão o quanto puderem.

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Comments

João Wellington campos

João Wellington campos

vc nem sabe que são estas pessoas não fale nome não filha

2024-05-25

2

Andressa Peres

Andressa Peres

preciso de mais por favor

2023-11-20

1

Andressa Peres

Andressa Peres

mais, mais

2023-11-20

0

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