CAPÍTULO 3

...*** Grego narrando ***...

Grego Milano

Nadine Erza

– Pai, como a Hanna está?

– Ela esta bem. Apenas faça o seu trabalho. Eu me encarrego de cuidar dela.

– Eu vou acabar com aqueles desgraçados. Não importa o que eu tenha que fazer.

– Tudo a seu tempo. Sabe bem que ele vai cometer um erro em algum momento. Essa será a hora de ataca-lo. Antes disso não. – Responde da forma calma que costuma agir o tempo todo.

– Mas...

– Já disse. Você é o don, mas ainda é meu filho.

– Sim senhor. – Respondo entre dentes. – Eu sei disso. Sabe que eu não vou contra sua palavra. Mas você também sabe que isso não vai ficar como está. Eles andam por ai, livres, como se fossem intocáveis. Eu quero muito prega-los em um gancho de carne e jogar agua fervendo até que a pele se dissolva completamente. E você sabe que eu vou fazer.

– Eu sei. Apenas espere! Seu irmão Fabrízio esta indo ai. Ele volta da Cecília hoje, não se esqueça.

– Não me esqueço de nada. Nunca!

O meu casamento foi arranjado como muitos da máfia, não há nenhuma novidade nisso. A questão é que eu era muito jovem quando me envolvi com ela. Aquela mulher ousada, mesmo tendo sido criada com tantas restrições me encantou. Ela encantava a todos. E esse era a droga do problema. Ela também não sabia se controlar, não sabia obedecer. Eu amava cada parte dela, mas eu também a odiava muito. Até que a perdi. Eu a tratei da melhor forma que pude, e nem isso foi o suficiente. Nada era.

Sentei numa cadeira de aço. Bebi um gole de café e senti a vida voltar ao meu corpo. Uma flor caiu de cima da arvore, fazendo com que eu olhasse para cima brevemente. Havia uma mulher sentada em um dos galhos. Estava lendo algum tipo de livro didático. Ri comigo mesmo. Ou ela é nova aqui, ou ainda não me conhece. Seja como for, isso não pode acontecer outra vez.

– O que você esta fazendo ai?

A mulher virou seu rosto de forma tão brusca que seus lindos cabelos se desfizeram do coque no alto da cabeça. Ela balançou suas pernas de forma inocente. – Oi, você de novo? – E sorriu para mim. Ninguém sorria para mim, ainda mais daquela maneira tão inocente. E essa merda me deixou intrigado. Ela realmente não sabe quem eu sou?

– Não faz mesmo ideia de quem eu sou, não é? – Olhei para ela com os olhos meio abertos por causa do sol.

– Não! Ela dá de ombros.

– Eu sou Gre...

– Eu não perguntei. – Ela diz de forma brincalhona.

Aquilo normalmente me deixaria enfurecido, mas por algum motivo, eu ri. Confesso que foi a primeira vez em muito tempo. – É justo!

– Então, estranho. Também está tentando dar um tempo do trabalho? Eu gostei daqui, é bem tranquilo sem todas aquelas pessoas conversando. E é lindo.

– É muito. – Respondo sem pensar enquanto olho para ela.

Sem perceber o elogio, ela sorri para mim, concordando mais uma vez. O que há com essa garota afinal? Porque eu não a assusto? Eu sei que há algo de sombrio em mim toda vez que olho no espelho. E perder a minha esposa destruiu a minha alma. Ela destruiu a minha alma.

– Eu acho melhor voltar ao trabalho. Soube que o chefe é muito bravo. Imagine só.

– Eu ouvi falar.

Ela para por um instante enquanto analisa como descer dali. Deu-se conta tarde demais que não consegue. Típico.

– Pode me ajudar a descer?

– Não! – Respondo. Eu não sou um cavalheiro, nunca fui, e não faria nada sem que me devessem algo em troca.

– Por favor. Vamos lá, eu ajudo você com o trabalho.

– Creio que não saberia realizar as minhas funções.

– Oh, por favor...

Penso um pouco. – Você me deve algo, não se esqueça.

Estendo os braços para ela, mas antes que a instrua em como descer, ela se joga, derrubando a nós dois. O livro cai sobre a minha cabeça ainda aberto. O retiro.

Ela ri copiosamente, enquanto eu estou irritado. Eu odeio essa merda, e odeio quando algo não sai como eu quero.

– Acho que eu exagerei.

– Você acha?

– Bom. – Ela se levanta, passando as mãos pela roupa. – Bem feito! Quem sabe assim você absorve algo sobre bons modos.

Me levanto, enquanto estendo o livro para ela. – Leve isso com você!

– Fique! Talvez você consiga aprender por osmose.

– Leve com você!

– Sim, senhor. – Ela diz, de forma debochada. – Tchau! – E então sorri para mim mais uma vez. Porque esta sendo gentil? Que garota estranha

Pegou o livro das minhas mãos e então saiu com aquele pequeno nariz empinado. A observei sair. Aquela bunda redonda que se mexia enquanto ela caminhava com rapidez. Imaginei o que aconteceria se eu desse um tapa nela. Droga. Eu não deveria estar pensando nessa merda. Eu tenho quantas mulheres eu quiser, porque ela me interessou? Não tem nada demais. Apenas aqueles olhos grandes e castanhos inocentes e aquele cabelo que eu gostaria de enrolar em uma mão cheia e usar como rédea ao fode-la de quatro. – Mas que droga! – Praguejo.

– Falando sozinho, irmão?

Olho para o lado, enquanto meu irmão Fabrízio caminha pelo gramado verde. Me levanto e o cumprimento em um abraço terno. – Quando você chegou? Eu ia buscar você.

– Não quis atrapalhar. Sabia que encontraria você aqui.

Enfio as mãos nos bolsos. Meu irmão esta ótimo, apesar de tudo. Ele teria mesmo que ser o Consigliere. Certamente é mais calmo que eu, e isso o torna perfeito para a função. O deixei por tempo demais a frente da máfia enquanto cuidava das coisas em minha casa, mas agora tudo irá mudar. Não posso mais ficar atrás de uma droga de mesa. Ainda quero sentir a sensação da vida se esvaindo por minhas mãos. A adrenalina de fugir do fogo cruzado, e das perseguições.

– Vamos até a minha sala e você pode me contar como estão os nossos negócios.

– Perfeito. E quanto as mulheres daqui? Os nossos bordéis?

– A mesma coisa de sempre. Mas achei que estivesse feliz com sua esposa.

– Emilly está grávida. Não me leve a mal, mas uma mulher que não faz sexo com seu marido não pode reclamar quando ele a trai.

– Isso é entre vocês. Mas ao que parece, vocês fazem, ou ela não estaria grávida.

– Porque é a obrigação dela estar. Mas agora que há um bebê, sabe que não posso machuca-la para não arriscar a vida dele. Esta difícil controla-la.

– Eu imagino. Mulheres são complicadas. Eu fui brando demais com a Lucy.

– Isso eu tenho que concordar. Aquela mulher vivia muito solta e acabou acontecendo aquilo.

Me viro para ele. – Está me culpando?

Fabrízio olha para cima ao me encarar. Eu provavelmente sou dez centímetros mais alto que ele. – Claro que não. Mas todos cometem falhas, até mesmo o don.

– Eu ainda não era o don.

– Mais um motivo, então.

– Mas ao que me parece, você também não cuida bem da sua esposa.

– Eu faço o que esta ao meu alcance. Ela é filha da máfia, sabe que não posso pegar tão pesado. Alguns corretivos são mais que o suficiente. Mas se continuar a me encher o saco, dou fim a aquela vida. Ninguém precisa saber que uma mulher não morreu no parto.

– As vezes acho que você é pior que eu.

– Não faria isso?

– Se fosse necessário, mas não assim. Não dessa maneira.

Chegamos a minha sala. Abro a porta para o meu irmão, que segura em seu terno e caminha para dentro.

Conversamos durante algum tempo sobre como faríamos para matar o filho do procurador geral e a merda de uma filho do promotor de justiça. Era uma droga. Os nossos inimigos tinham mesmo que ser filhos de homens em nossas folhas de pagamento? E porque diabos eu ainda deveria manter o acordo? Na máfia, o sangue é pago com mais sangue. É o justo.

– Bom, eu estou indo agora. Me avise se precisar de algo. Preciso verificar o carregamento de armas.

– Eu tenho que cuidar de papelada... Quem diria que ser don fosse tão divertido, não?

– É, irmão. Eu não gostaria de estar no seu lugar. Um trabalho difícil...

Passo algum tempo sentado em minha mesa enquanto assino papéis e fecho negócios. Já está muito tarde quando finalmente decido que é a hora de voltar para casa, para as coisas que ela deixou.

Havia enviado a merda de um memorando sobre a dispensa da cooperação pelos serviços do maldito promotor Lee e do procurador Bradford.

Caminho até o estacionamento. A chuva forte bate contra o chão de concentro, enquanto ouço passos de alguém caminhando em minha direção. Eu nunca posso me distrair nesse ramo. Há todos os tipos de pessoas para me matar. Famílias atingidas, líderes de máfias rivais. Talvez eu devesse mesmo andar com a droga de seguranças o dia todo.

– Senhor Grego Milano? – O homem diz.

Eu reconheceria aquela merda de voz em qualquer lugar. – O que você quer? – Toco em minha arma no mesmo instante. Me controlo para não acabar com aquela maldita vida miserável.

– Meu pai disse que dispensou os serviços dele e que aquilo foi culpa minha. Eu sei que o senhor pensa que fui eu quem...

– Eu penso? – Rio de forma amarga e sombria. – Eu sei quem foi, eu sei o que fez.

– Sim, senhor. Eu não sei quem falou essas coisas, mas saiba que eu realmente não faço ideia de quem fez aquilo. Falei com meu pai, e vão investigar a morte dela e a agressão a sua irmã.

– Ótimo... – Respondo de forma fria.

– Nesse caso, acho que o senhor poderia voltar com os pagamentos, certo? O meu pai vai ficar muito satisfeito com sua generosidade.

– É Claro. – Abro meu terno e pego um talão de cheques, escrevendo nele um valor substancial. O viro para o inútil do Mark Lee. – Isso está bom?

– Perfeito. – Responde animado.

Meu sangue ferve. As palavras do meu pai me veem a cabeça. Eu fui treinado a vida inteira para momentos como esses em que tentam usar minhas fraquezas como armas. Eu não cairia nisso.

– É melhor você ir embora daqui!

– Claro, só preciso pegar isto. – Ele diz.

O cheque molha quando o coloco sobre o capô do carro. O desgraçado olha para aquele pedaço de papel como se sua vida dependesse daquilo. Enquanto ele admira o cheque em suas mãos, eu pego a minha faca presa na cintura.

– Bom, acho que temos um acordo. – Estende a mão para mim.

Imbecil. Estendo a mão para ele, e quanto o pega, a corto fora aos poucos, passando a faca várias vezes no mesmo lugar. Ele grita desesperadamente, enquanto o gesto de puxar na direção oposta apenas me ajuda a cortar mais rápido. Sua mão se solta do osso, fazendo com que ele grite desesperadamente.

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Comments

João Wellington campos

João Wellington campos

o que será que este cara fez pra tanto ódio????

2024-05-25

1

Andressa Peres

Andressa Peres

interessante

2023-11-20

1

Valcicleia Ribeiro

Valcicleia Ribeiro

nossa, 😯

2023-09-03

1

Ver todos
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