Sem mais

“De vez em quando penso nos momentos em que estávamos juntos

Como na vez em que você disse que se sentia tão feliz que poderia morrer

Eu disse a mim mesmo que você era a pessoa certa para mim

Mas eu me sentia tão sozinho em sua companhia

Mas aquilo era amor e é uma dor que eu ainda me lembro

Você pode ficar viciado em um certo tipo de tristeza

Como a resignação do fim, sempre o fim

Então, quando descobrimos que não fazíamos sentido juntos

Bem, você disse que ainda poderíamos ser amigos

Mas vou admitir que fiquei feliz que tudo estava acabado

Mas você não precisava me afastar

Fingir que nós nunca acontecemos e que não éramos nada

E eu nem sequer preciso do seu amor

Mas você me trata como um estranho e isso é muito difícil.”

Somebody That I Used To Know (feat. Kimbra)

Gotye

Composição: Wally De Backer

*

Jonathan

Eu e Travis não podemos nos ver sempre, ele mora em outra cidade e ele mesmo já disse que não conseguiu manter um relacionamento, tudo bem que era Estados diferentes. Eu fui me encolhendo na escola para não chamar atenção. Não era hora de falar sobre o Travis, apesar de Genna e Giovanna sempre perguntar.

— Bom dia!

— Sebastian, oi! — Disse assim que abri o meu armário no corredor da escola.

— Está namorando?

— Mais ou menos.

Ele mordeu os lábios e eu fingi demência para ele pegando o livro para a aula do professor Antony. Não tinha assunto, ele não era uma amigo.

— Gay? Você?

— Ainda tinha alguma dúvida? Acho que não pulamos essa parte.

— Não. Mas eu achava que não era!

— Eu tenho que ir.

Fui para minha aula. Não estava aceitando, ou melhor, não tinha cabimento Sebastian querer se aproximar depois de tudo. Há umas duas semanas eu seria o adolescente mais feliz do mundo por ele me dizer um oi. Agora, talvez, a gente apenas seja uma relação acabada da música Somebody That I Used To Know do Gotye. Eu consegui destruir ele em mim e isso, apesar de ser libertador, é triste, pois todas as boas intenções que tive foi reduzido ao desprezo do nada.

“De vez em quando penso em todas as vezes que você me ferrou

Mas me fazia acreditar que era sempre algo que eu tinha feito

Mas eu não quero viver desse jeito

Analisando cada palavra que você diz

Você disse que poderia seguir em frente

E que eu não te pegaria pensando em alguém que você costumava conhecer

Mas você não precisava me afastar

Fingir que nós nunca acontecemos e que não éramos nada

E eu nem sequer preciso do seu amor

Mas você me trata como um estranho e isso é muito difícil”

*

*

*

Sebastian

Eu gritei com meu pai e disse que estava ensaiando e ele foi perguntar pessoalmente para o diretor do Instituto de Música Westphalia, há semanas eu não comparecia, eu queria tanta coisa e ao mesmo tempo eu me perdi no meu querer. Eu menti feio para ele e ele me tirou a chave da Ferrari e do Lamborghini. Proibiu minha mãe de me emprestar o carro dela e tive que pegar carona com Ondine a semana toda e ser zoado por Carline e Tiffany — meu pai resolveu também me introduzir na empresa, disse que não precisaria mais ir as aulas de violoncelo, bem minha avó, minha maior apoiadora nisso, conseguiu convencer o meu pai do contrário. Edgar, o cara perfeito da família, me ensinava uma coisa e depois Benjamin tentava, após Edgar perder a paciência. Eu vi Jojo entrando num carro ridículo na segunda-feira, eu o vi como nunca tinha visto ele antes, Claire estava apaixonada e passava as manhãs falando de  Brendan e mesmo imerso nessa nova realidade, a minha fuga passou a olhar com outros olhos Jonathan.

— Sua camisa! — Coloquei dentro de sua pasta rapidamente.

— Obrigado. Como está? — Antony conversa comigo como autoridade na sala enquanto fingimos estar tirando dúvidas.

— Na merda e sem carro!

— Foi mal.

— Você disse que Jonathan não era gay. Ele está namorando um cara de Newport.

— Eu não sei.

Antony olhou para a mesma direção que estava olhando, e Jojo apareceu mais homem, mas adulto.

— Eu não tinha reparado nele...

— E não repara! Fica longe dele.

Dei esse fora no professor e sai andando para o meu grupo de trabalho. Antony era uma predador, sei que não sou o primeiro, nem o único, nem o último. Protegerei Jojo dele e sim, me preocupava com essa questão em relação a ele. Fui eu que comecei tudo isso e se soubesse que eles estavam armando um encontro para ele, não permitiria.

— Oi Genna!

Genna olha para os lados com o seu sarcasmo e eu continuei.

— Por que você arrumou um namorado para Jojo?

— Sério que você está me perguntando isso? Acho que não somos amigos. Ou você acha quê, só porque; do nada, você resolve falar comigo que sou obrigada a falar com você novamente?

— Me desculpa!

— Que evolução, pedindo desculpas!

— Eu só quero o bem do Jojo e sei que ele não é preparado...

— Escuta aqui, não que ele mereça Jay que está me ignorando a semana inteira, mas fica longe dele. Foi difícil ele te superar!

— Você sabe que não foi isso...

— Ele me contou do beijo. ele me contou da armação que foi obrigado a elaborar para te abrir os olhos em relação ao Chris, mas do que isso, ele não entende que o tolo da história sempre foi ele, pois você sabia exatamente era Chris. Ele passou um ano e meio esperando o pedido de desculpas que você nunca veio dar a ele. Deixe-o em paz!

— O que está pegando? — Ondine se mete e eu desconverso.

— Nada!

Passo um tempo quieto na minha e fazendo o que meu professor amante queria que fizessemos. Ele me deu 4 de 10 na atividade e mandei mensagem para ele arrumar. Eu não podia mais errar, eu não podia mais ferrar com tudo. Eu preciso passar de ano e entrar na faculdade, fiz essa promessa para mim mesmo.

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