A semana começava e eu estava pleno, disposto a enfrentá-la com mais ânimo. Travis passou a manhã do domingo inteiro no telefone comigo e apesar de ser minha folga, ele estava trabalhando.
— Acho que vou me candidatar a uma vaga aí, você está conversando comigo o dia inteiro. Chegou a fazer alguma coisa de útil nesse emprego?
— Estou falando com você, isso para mim é útil. Na verdade estou aqui no campo de golfe, levando os magnatas de Newport para lá e para cá. Eu só dirijo, carrego os equipamentos, continuo falando com você e eles se viram e conversam entre eles.
— É, acho que vou trabalhar em Newport. Em falar nisso. Meu pai disse que eu dirijo mal e que não vai me deixar sair com o carro dele.
— Estou pensando em comprar um carro.
— Eu até penso, mas sou geneticamente sedentário. A bicicleta é minha única atividade. Como deixo a professora de educação física comer torta de graça, ela não me enche o saco.
— Eu quero beijar você hoje. Alguém já te disse que você beija bem pra caral*?
— Não. Sou bem novo nisso mesmo.
— Deve ter passado bastante tempo beijando uma maçã, uma laranja... Está aprovado! Pode se considerar contratado para ser meu novo namorado. Vou te levar até para comer na casa do meu pai e Ângela, minha madrasta.
— Eu não fiz essas coisas, quer dizer, eu não beijei...
— Relaxa. Pena que sairei bem tarde daqui. Posso passar amanhã?
— Segunda?
— Sim. Ficarei com dor de dente de novo.
— Não vai se complicar por minha causa.
— Tinha que ter falado isso antes. Eu me compliquei no momento que me aproximei da sua tia para te conhecer.
— Não disse isso antes.
— Se você deixar eu te ver amanhã, eu te explico o meu plano que me levou a finalmente sentir você mais perto.
— Agora fiquei com medo. Você não é um daqueles stalker, não né?
— Acredito que não. Vou procurar um psicólogo.
— Amanhã depois da escola. Eu tenho que trabalhar depois.
— A gente marca quando eu atravessar. Acho que agora eu tenho que ir de verdade, alguém levou uma bola de golfe na cara! — Travis desliga.
Ri da última frase dele e depois fiquei vendo filmes de terror — uma tradição de domingo de folga — com meu pai e Hebe. Minha tia sai da sala e volta nas partes mais sinistras; pede pizza e vai buscar e depois, pergunta tudo o que aconteceu no filme. Nosso domingo era dessa forma, mas desse vez, eu estava com a mente longe, acho que em Newport.
*
*
*
Segunda
Cheguei na escola e acreditei que tudo estava na mesma, menos eu. Mas foi só entrar na sala que a zoação foi imediata.
— Jojo pegou alguém, finalmente! — Disse Alexander, que nem fala comigo, pois é do bonde da Ondine.
Depois disso, foi ladeira abaixo. Tive que aturar Genna, Preston , Claire e até a professora de matemática me parabenizar por ser o gay mais idiota da escola. Não tinha ideia da minha fama Duff até esse dia. Definitivamente, precisava acordar para a vida e parar de olhar o passado. Agradeço Sebastian por me beijar, não por isso, mas eu imaginei tanto estar nos braços dele um dia, de pensar milimetricamente em cada reação, cada beijo, cada toque. Cada ângulo que ele ficava mais bonito, a maneira de rir, a maneira de chegar e encostar sua testa em quem significa alguma coisa para ele. Do dia, que ele simplesmente começou a me evitar até causar uma ruptura em nosso círculo de amigos e depois, eu o amei. Eu o esperei. Uma esperança tola, que me deu o título de babaca da turma. Acho que me humilhei demais para ele, ele nem se deu conta disso.
— Jojo! Sabe que é brincadeira né?
— Relaxa Genna, não estou ligando para isso.
— Falou com ele?
— Ele quem?
— O Elijah?
— O nome dele é Travis!
— Travis Elijah Suárez Dempsey. Jamais deixaria você cair em mãos erradas.
— Valeu. Preciso sair cedo hoje!
— Mas...
— Fica quieta! Se não quer me fazer de ridículo! — Falei baixo e com tom grosseiro. — Eu vou sair com ele.
— Desculpa, sei que ficou chateado!
— Tenho que ir.
Não podia perder tempo, amo meus amigos, mas sei que de algum modo atrapalharia falar demais do que estava acontecendo recentemente, mesmo sendo eles os responsáveis por me sentir único, desejado. Sai da sala no final da terceira aula. Dei tchau para Preston e agora minha nova e chegada colega de classe, Ondine, e fui andando sem pensar em quem iria cruzar meu caminho, estava confiante, ansioso, aceso... Dei de cara com um jovem de olhos lindos me esperando do lado de fora do colégio num carro colorido e decalque de flores, horrível.
— Eu falei na esquina do colégio e não na frente do colégio!
— Sou o entregador das flores!
— Estou vendo. Que carro ridículo!
— Quer que eu abra a porta para você entrar?
— Não, é muito mico para um dia só. Eu me viro!
Rimos de nossas vidas de trabalhadores sem carro e ele disse que ofereceu para fazer uma entrega na casa, advinha de quem: Timothée Benson, tio de Sebastian, não faço ideia porquê, há tempos não participo da vida dos Benson e não fiz questão de mencionar que já fui próximo.
— Esse lugar parece legal. Nos esconderemos aqui, nessas árvores.
— Impossível se esconder com um carro desses!
Ele parou perto do lago Concord, normalmente usado para fazer festas e piquenique, mas era segunda, estava vazio e eu, sem querer esperar mais, dei aquele beijo em Travis.
— É assim é? Não queria nem que eu chegasse perto, agora me beija, simplesmente.
Ele continua a me beijar e decidimos não perder tempo — acho que perdi muito tempo na vida, também não dessa forma, eu só tenho dezesseis anos; mas descobri o quanto Travis é delicioso. Suas mãos bobas, seus beijos no meu pescoço e aquele ar de menta, me deixarão pegando fogo.
— Eu vou sair um pouco, desse carro!
— O quê?
Sai rápido e ele me olhou como se não tivesse entendendo, mas eu sei que ele entendeu. Fiquei jogando pedras no lago a fim de me acalmar, estava ficando excitado e não sabia lidar com isso e era cedo, super cedo para pensar nisso, ainda mais com ele.
— É impressão minha, mas você...
— Fiquei excitado! Eu não lidar com isso ainda.
— Não estou aqui para fazer sexo. Cada um tem seu tempo e quero que você respeite isso e eu respeitarei sempre!
— Eu nunca transei com ninguém e nem fui, tipo, estimulado quando criança por ninguém. Eu sempre fui muito protegido. Eu acho!
— Que sorte! Eu tive a minha primeira vez com um cara idiota, ele era amigo de trabalho da minha mãe e ela não entendia que o único fato dele frequentar assiduamente nossa cara, era eu. Um dia ele, me pegou perto do colégio, como eu fiz agora com você, ele me levou para o seu apartamento e foi a primeira vez que experimentei cigarro, uma bebidas e...
Olhei para a cara de Travis e queria muito que ele dissesse que era brincadeira, mas não era. Me aproximei dele e coloquei minhas mãos em seu peito e permaneci quieto. Eu não sabia o que dizer, então:
— Você tem um nariz lindo! — Foi o que eu consegui dizer para quebrar o clima pesado que pairou sobre nós.
— Você também tem um nariz lindo. É verdade. É charmoso.
— Sei. — Olhei para o relógio. — Eu tenho meia hora com você ainda, e depois você terá que me levar. Ou a gente entra naquele carro ou nos beijamos aqui, torcendo para que ninguém nos veja.
— Acho que atrás dessa árvore com vista para o lago. Só se existir um cara com um telescópio vigiando a gente.
Ficamos ali, aproveitando um pouco de tudo de nós dois. Eu praticamente viciei naquele beijo, segurar sua nuca e no cheiro de seu perfume barato, para quem só se ligava no made in Páris, até que era bom.
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Anônima💜💖
Ele é um idiota que acha que vc fez alguma coisa e que ele que tem que te perdoar, enfim não te merece
2023-02-07
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