Minha Culpa Silenciosa.

Depois que chego em casa vejo minha Dedushka dormindo, ainda está muito cedo. Me sinto mal por ter mentido para ela... Disse que tinha arrumado um trabalho como babá essa noite.

Minha mente me cobra as mentiras contadas... Eu vou até o banheiro e tomo um banho.

Esfrego tanto o meu corpo que acaba ficando com algumas marcas roxas além das marcas que o "homem misterioso" acabou deixando em mim. Vou ter que usar um conjunto de roupa de frio de moletom por um tempo.

O que me ajuda é saber que entrou uma frente fria na cidade e eu fico feliz por isso. Só assim para explicar a razão por andar do jeito que vou andar por uns dias. Quando eu volto para o quarto já vestida vejo que minha Dedushka acordou.

Ela vem até mim, eu não quero um beijo de bom dia dela... Não depois do que eu fiz essa noite. Então, eu finjo que vou me sentar para colocar uma meia, que eu nem queria colocar mas agora eu vou e ela vem e dá um beijo no alto da minha cabeça. Uma lágrima desce em meu rosto. Ela diz para mim preocupada;

_ Yelena, minha neta. Eu vejo que não dormiu essa noite, deve estar muito cansada. Pode deitar e dormir, te acordo para almoçar._

Eu olho para minha Dedushka e digo; Tudo bem, Dedushka, obrigada. Ela sai do quarto me deixando sozinha e eu sinto um nó em minha garganta.

Vou até o pequeno guarda roupa e pego o diário dentro dele, eu não posso conversar sobre isso com a pessoa que me criou porque eu daria um desgosto muito grande. Então, eu vou colocar no papel, vou dividir com você diário as coisas que eu não vou poder contar para minha Dedushka. E começo a escrever;

"Olá, querido diário, Sou Yelena Vassiliev e tenho 19 anos. Vim da Rússia, da cidade de Tokma. Eu vim para o Estados Unidos com a minha Dedushka e meu primo Ruslan. Pensei que a vida aqui seria boa, só que me enganei.

Descobrimos que minha avó está muito doente, eu não consegui o emprego dos sonhos e tive que fazer algo horrível para conseguir o dinheiro para salvar a minha razão de viver.

Eu não quero que ela saiba o que eu fiz, porque me dói muito e é uma vergonha que eu vou guardar dentro de mim para o resto da vida.

Mas o homem misterioso que tirou a minha virgindade ontem à noite... Confesso que foi um cavalheiro comigo. Ele me beijou como um homem apaixonado beija uma mulher e ele fez amor comigo como se estivessémos casados fosse nossa noite de núpcias.

Foi uma noite incrível, foi uma experiência incrível, mas ao mesmo tempo eu me sinto suja. Porque no final de tudo eu recebi para o que eu fiz! Sei que a causa e o motivo são muito importante, mas ainda assim me sinto péssima.

Eu mal consigo olhar nos olhos da minha Dedushka, eu sinto vergonha o tempo inteiro. Eu sinto como se estivesse nua e todos estivesse me olhando e apontando para mim me chamando de desavergonhada.

Porque no final de tudo é o que eu sou... Eu me entreguei para um estranho por dinheiro. Entreguei o que eu tinha de mais precioso para salvar a vida de quem eu mais amo e agora eu tenho que lidar com isso.

Mas eu sei eu vou superar, porque na vida vivemos de superações e de degraus conseguimos subir e superar as coisas de ruim que aconteceram em nossa vida."

Fico ali por umas duas horas escrevendo até que adormeço no sofá depois de guardar o Diário no mesmo lugar, escondido embaixo das roupas. Sou acordada pela minha Dedushka que me chama para almoçar e eu decido contar para ela que na segunda iremos começar o tratamento dela e a mesma diz;

_ Yelena, como vamos começar esse tratamento se não temos o dinheiro?_

Nesse momento fico muito nervosa e sem saber o que responder para minha Dedushka... Como vou dizer para a origem do dinheiro em minha conta?_ Ruslan que não deveria estar em casa está caminhando na direção da mesa e se senta para almoçar também enquanto diz;

_ Dedushka, estamos juntando esse dinheiro desde que a senhora foi ao médico a primeira vez! Sabíamos que iríamos precisar de um bom valor. A Yelena e eu ralamos muito para conseguir esse dinheiro!_

"Espera um minuto! Ele disse que me ajudou a juntar esse dinheiro? Mas que canalha! Ele está ganhando crédito a minhas custas!" Enquanto meus pensamentos estão a todo vapor olho bem séria para Ruslan e digo; Você não deveria estar no trabalho? E ele diz com cara de paisagem;

_ Hoje é domingo, Yelena! Quer que eu trabalhe até nos domingos?_

Você mal para em casa a não ser que esteja bêbado e fedendo a luxúria! Como quer que eu adivinhe se está trabalhando ou não?_ Ele me olha sério e parece não ter gostado do que eu falei principalmente na frente da Dedushka. E a mesma diz;

_ Ruslan, o que tem feito? Está mesmo chegando em casa bêbado e com cheiro de desavergonhadas?_

_ Yelena... Quer mesmo falar sobre luxúria durante um almoço de domingo com a nossa Dedushka? Porque para mim não tem problema... Você poderia listar para mim os lugares em que trabalhou para juntar o dinheiro que juntamos para o tratamento da nossa Dedushka?_

Ele diz isso enquanto saboreia calmamente o Borscht que a nossa Dedushka fez... Borscht é uma sopa que tem as suas origens na Ucrânia, mas é igualmente popular na Rússia. Ela tem uma cor vermelha distinta porque é cozida com beterraba e tomate. Na Rússia, a borscht é sempre servida quente.

Eu não preciso fazer isso, primo. Amanhã iremos pela manhã até a Clínica, Dedushka! Não podemos perder nem mais um dia, seu tratamento vai salvar a sua vida. Mas minha Dedushka fala preocupada;

_ As vezes penso se devo mesmo fazer esse tratamento ou se devo a deixar a vida seguir seu curso! Se isso está em mim é porque esse deve ser o meu fim! Olhe a minha idade... Não tenho muito mais o que viver._

Dedushka! Não diga isso, nós amamos a senhora e só queremos o melhor, e não queremos vê-la sofrer com isso. Por favor, faça o tratamento, demoramos a juntar esse dinheiro. Digo olhando para a Ruslan.

_ Sim, Dedushka, minha prima tem razão! Precisamos que fique bem e não se preocupe com nada além a sua saúde!_

Ruslan mal olhou para nossa Dedushka, falou enquanto comia... Ele é um proklyatyy neblagodarnyy ublyudok. (maldito desgraçado ingrato.)

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