prologo

Melissa Alpes

Eu tinha apenas sete anos quando meu pai Antonio faleceu em

um acidente de carro, ele era o meu herói, o meu melhor amigo! Eu sempre podia

contar com ele e após a sua morte tudo desandou. Lembro que minha mãe e meu pai

eram muito apaixonados, vivíamos em plena harmonia.

Minha mãe virou outra pessoa depois da morte dele e eu tive

que começar a me virar sozinha, o meu único escape era a minha melhor amiga

Joana, que me dava muita força junto de seus pais. Me lembro que às vezes

passava os finais de semanas na casa deles e nas férias. Os pais dela eram

pessoas muito especiais e me acolheram nesse momento difícil, também lembro que

toda vez que eu chegava em casa tinha um homem diferente, minha mãe sempre me

mandava com a voz irritada para dentro do quarto e de lá eu não poderia sair de

forma nenhuma.

Os anos foram passando, fui crescendo e entendendo o que

acontecia dentro da minha casa, com a minha mãe e com todos aqueles homens. Eu

e Joana continuamos com a nossa amizade, vivíamos mais unidas do que nunca!

Fomos conhecendo novas pessoas, frequentando baladas… Joana fugia de casa e

passava na minha para me levar junto, íamos sempre com os seus namorados, todos

eles sempre tinha carro e levavam a gente para onde quiséssemos. O primeiro

cigarro quem me ofereceu foi um dos seus namorados e foi um caminho sem volta

para nós duas, quando percebemos estávamos matando aula para ir à praia, para

estar com esses novos amigos, íamos para festas e passávamos noites com os

homens em troca de dinheiro.

Nos afundamos!

Certo dia, o pai de Joana recebeu uma ligação e acordei com

eles dentro da minha casa, quando apareci na sala, tinha polícia, homens de

branco e uma ambulância no lado de fora. Joana tentou se matar e estava entre a

vida e a morte no hospital. Corri para o meu quarto e me tranquei, abri uma

caixinha que ela tinha me entregado, dentro dela tinha uma foto nossa e alguns

cacos de vidros, eu peguei os cacos de vidros e cortei meus pulsos, a porta foi

arrombada e fechei os olhos me sentindo cair no chão.

Fui levada à força para uma clínica, onde fiquei durante um

ano sendo tratada, participando de atividades, aprendendo muita coisa e lidando

com a saudade da minha melhor amiga. Na clínica conheci uma enfermeira que

acreditava em mim, sabia que jamais iria fazer mal a minha melhor amiga, como

os pais dela alegaram que eu era culpada.

Ela me entregou uma passagem para Paris, o endereço de um

restaurante onde eu poderia conseguir um emprego e isso era tudo que eu tinha

nesse momento.

Uma passagem e um endereço… Nada mais!

PRÓLOGOMelissa Alpes

Narrando

Olho para ele que me encara.

— Qual é o seu medo, Melissa? — Sebastian pergunta.

— Meu medo? — eu pergunto. — É incrível como você pergunta

qual é o meu medo, se nós dois tememos algo!

— Nos conhecemos há algumas semanas, como você sabe que

tenho medo de algo? — ele questiona.

— Vejo em seu olhar, você olha para as pessoas procurando

abrigo — ele me encara — Procurando alguém que te compreenda, entenda o seu

passado, as suas angústias e não encontra esse alguém.

— Percebo o mesmo em você! — não vejo acusação em seus

olhos. — Encontrei sua caixinha na sua casa, quem é aquela menina da foto? E,

por que você guarda aqueles cacos de vidro dentro dela?

— É algo pessoal, são apenas uma lembrança — digo e ele

volta a olhar para a torre a nossa frente

— Lembrança de quem você era? Ou de quem você tenta não ser?

— ele pergunta.

— Eu não sei! — falo e Sebastian me encara — Eu ainda não

entendi qual é o meu caminho e o que faço aqui?!

— Somos dois! — ele fala olhando para a torre.

Era de madrugada e estávamos aqui com algumas bebidas na

nossa frente, ele pega uma garrafa, a abre e começa a tomar.

— Matei duas pessoas — ele diz e vejo tristeza em suas

palavras. — Eu saí de um show bêbado, dirigi que nem um maluco pelas ruas e

perdi o controle.

— Sinto muito.

— Nós três estávamos bêbados, sempre bebíamos e usávamos

drogas após os shows — ele conta e toma outro gole do líquido da garrafa. — Nos

envolvemos com mulheres e voltávamos de táxi para o hotel, mas naquela noite um

deles insistiu dizendo que precisava levar o carro, porque a seguradora iria

buscar em algumas horas e eu dirigi.

— Você não tem que se culpar por algo que foi decidido em

vocês três. Sei que a perda é algo horrível, eu também perdi uma pessoa.

— Ela morreu? — ele pergunta.

— Ela está viva, mas morreu para mim — ele me olha sem

entender. — Mataram ela para mim.

Nos olhamos e ele era mais alto que eu, Sebastian era um

homem lindo, mas sofrido e machucado. O seu olhar era triste, ele sorria pouco

e vivia zangado.

— Está ficando tarde e preciso ir, amanhã tenho aula.

— Eu te levo para casa — ele diz se levantando.

— É uma caminhada e tanto.

— Tenho uma bicicleta, se quiser passar na minha casa e

pegar… Estou doando.

— Obrigada! — sorrio — Vou aceitar! — ele me olha e eu o

encaro, então começamos a caminhar.

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Comments

Solange Araujo

Solange Araujo

Começando agora mais sei que vai ser uma linda história ......

2024-02-05

1

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