Eu não podia acreditar no que estava vendo, não fazia sentido. Gabriel realmente estava ali na minha frente? Como poderei morar um ano com meu namorado falso que é um babaca?
— Então vocês já se conhecem, crianças? Eu desconfiei que se conheciam quando seu pai disse onde você estudava, como vocês devem ter a mesma idade, devem até mesmo estudar na mesma sala. — Ana Clara disse a animada.
— Não, somos de salas diferentes, na verdade, eu nem sabia da existência dela, conheci ela... — Eu interrompi Gabriel tampando a sua boca. O que sua mãe, seu pai até mesmo o meu iriam pensar? Sim, isso mesmo. A verdade. Eu sei, mas podemos dispensar esse primeira vista tão negativa, certo?
— Nos conhecemos a pouco tempo, através do grupo de formatura, onde reúnem os alhos dos terceiros anos. — Expliquei tirando a mão da boca dele, que já estava rindo do meu desespero.
— Você é mesmo boa quando se trata de mentir. — Gabriel sussurrou no meu ouvido antes de entrar.
Todos ficaram me olhando por alguns segundos, até que cansaram e Henrique nos convidou para entrar. Por sorte, Gabriel não estava na sala, tinha sumido.
— Aliás, esse é o meu pequeno Enzo. Ele tem sete anos. Se apresente Enzo. — Ana Clara falou para o filho que fez careta.
— Ela tem cara de boba. Vou para o meu quarto. — Enzo disse antes de subir correndo para seu quarto. Me deixando totalmente em choque. É uma doença hereditária? Os filhos dessa família são todos idiotas?
— Me desculpa. Sabe como são crianças. Enzo tem algumas dificuldades em se relacionar com as outras pessoas, não levem a sério. Vocês vão se acostumar. — Henrique parecia envergonhado com a atitude do seu filho.
— Sim. Esqueçam isso. Venham ver o a casa da piscina, onde vocês vão ficar. Eu fiz questão de arrumar o seu quarto, Ellie. Espero que goste. — Ana Clara parecia mais empolgada do que qualquer um daquela sala com a situação.
Acompanhando eles até o lugar, era enorme. Eu pensei que se tratava apenas de um quarto com um banheiro, mas ao contrário, tinha sala, banheira, cozinha. Tinha tudo que você pode imaginar. Se der bobeira ainda pode ser maior que nossa casa.
— Aqui, esse é seu quarto, espero que goste. — Ana Clara disse abrindo a porta fazendo gesto para entrar.
O quarto era idêntico ao de uma Barbie. Tudo muito rosa e com renda. Vários ursos, bonecas, penteadeira, maquiagens e até mesmo roupas. Eu não sabia nem ao menos o que dizer.
— Eu disse que você ia acabar chocando ela. Não se preocupe, minha mãe é um pouco exagerada. — Gabriel falou da porta me tirando do transe que eu estava. — Aliás, mãe, vou sair. Não devo jantar em casa hoje.
— Para onde você vai? — Ana Clara perguntou, mas Gabriel já estava saindo, nem respondeu.
— Não tenha filhos, Ellie, eles são assim. Simplesmente ignoram uma mãe preocupada. De qualquer forma, faltou algo? Seu pai me disse que você tinha perdido tudo, então passei no shopping e comprei algumas coisas. — Ana Clara explicou e eu me senti envergonhada. Eu não sabia nem aí menos como agradecer.
— Eu não tenho nem palavras para agradecer um gesto tão maravilhoso. Posso te abraçar? — perguntei tímida, eu estava acolhida, assim que me sentia.
— Claro que pode. Será uma ótima recompensa. — Ana Clara concordou e eu abracei ela forte. — Você é exatamente como a sua mãe. Não puxou nada do seu pai. É calorosa, amorosa e ao mesmo tempo tímida, como sua mãe era. Fico feliz de ver uma cópia da minha querida Serena.
— Me pareço tanto assim com ela? Meu pai não costuma falar da minha mãe. Ainda é doloroso para ele. Vejo várias vezes ele parado olhando para a foto deles dois, parece até hipnotizado. Eu tento respeitar, mas sinto tanta falta dela. — Confessei. Eu sentia falta de falar com minha mãe. Pelo menos, gostaria de falar sobre ela sem sentir que estava machucando alguém.
— Seu pai e sua mãe se amaram muito. Talvez tenha sido o amor mais lindo e doce que eu já vi. Eles pareciam ter nascido um para o outro. Se completavam. Seu pai não conseguia nem imaginar sem viver sem sua mãe. Talvez ele precise de um bom tempo para conseguir lidar com essa dor. — Ana Clara disse acariciando meu cabelo.
— Muita obrigada. É bom ouvir isso. Pode me contar algumas histórias sobre meus pais? Em especial, minha mãe? — Queria saber um pouco mais sobre minha mãe. Me sinto mal. Sinto que aos poucos vou esquecendo dela. No início, foi sua voz, agora pouco me lembro do rosto dela. E isso é dolorosos. E se um dia eu realmente esquecer a minha própria mãe?
— Eu vou amar. Que tal um chá e biscoitos? Eu tenho umas histórias muito divertidas da época que sua mãe roubava goiaba dos vizinhos. Vem. Vou te contar tudo. — Ana Clara disse me puxando pela mão.
Passamos a tarde inteira conversando, ela me contou tantas histórias da minha mãe. Eu conheci um lado dela que eu nem imaginava. Ela não era apenas sapeca, mas sempre estava atrás de problemas. Meu pai foi o primeiro amor dela e o único. Parece meio romântico e triste também, mas eu acredito que minha mãe estava mais que satisfeita de ser o único. Talvez qualidade seja bem melhor que quantidade.
Ajudei Ana Clara com o jantar, ela me contou que gostava de cozinhar para família. Era uma forma de demonstrar afeto. Mesmo com diversos funcionários, acredito que ela via seu tempo na cozinha como uma forma de cuidar da sua família. E eu achei tão intenso. Eu não lembro se minha mãe cozinhava para nós, vou imaginar que sim, parece tão caloroso.
Pensei que iria demorar para dormir, mas na verdade foi bem rápido. Eu me sentia em casa de uma forma bem estranha, mas me confortável. Acordei com meu celular despertando. Preparei uma torrada enquanto me arrumava. As roupas eram totalmente diferentes daquelas que usava antes, Ana Clara tem um gosto impecável. Me arrumei, coloquei maquiagem básica, coloquei uma calça de couro, blusa branca, uma bota e sai da casa da piscina.
— Sabe ao menos como ir para escola daqui? — Gabriel perguntou quando eu estava passando próximo ao portão já.
— Não muito, pensei em perguntar na parada de ônibus. — Expliquei. Na verdade, eu nem sabia onde era a parada.
— Sabe que não tem parada de ônibus aqui perto, né? — Gabriel disse rindo — Vamos. Minha mãe ordenou que eu levasse e trouxesse a senhorita em segurança todos os dias.
— Sua mãe ela é maravilhosa. Eu agradeço, mesmo que tenha sido forçado a isso. Aliás, bom dia, Gabriel — Eu brinquei entrando no carro.
— É... engraçado... ela disse o mesmo de você. Está tentando roubar minha mãe? Sou ciumento, sabia? — Gabriel disse entrando no carro.
— Na verdade? Não. Sua mãe me faz lembrar da minha mãe. Eu andava um pouco preocupada de esquecer ela. Não sei bem o motivo, mas cada vez que passa, menos me lembro dela. E ontem, com sua mãe falando as histórias da minha mãe, eu consegui até lembrar da risada e exagera que ela tinha quando fazia alguma besteira. Então, eu realmente acho sua mãe maravilhosa. — Expliquei. Realmente estava feliz por aquilo.
— Bem, pensando por esse lado, posso emprestar a minha mãe às vezes. Aliás, queria perguntar, vai contar ao nossos pais que fingimos ser falsos namorados ou vamos fingir ser namorados? Fiquei curiosos. — Gabriel perguntou respondendo uma mensagem no celular.
— Eu prefiro sermos somente colegas de sala, vai ser menos complicado dentro de casa. Nossos pais nunca vão descobrir, eu tenho certeza. — Não queria que meu primeiro namorado fosse falso, ainda mais um idiota como Gabriel.
— Você que sabe. Eu aposto que não dura um mês essa história. — Gabriel gargalhava falando.
— O namoro falso ou nossos pais não saberem de nada. — Perguntei preocupada.
— Vou deixar você descobrir sozinha. Chegamos, senhora namorada. — Gabriel disse abrindo a porta.
— Não é muito cedo para ser idiota? — Que ódio. Como alguém é tão estranho assim.
Gabriel me esperou, assim como no dia anterior, ele me deixou na frente da minha sala e foi encontrar com os amigos.
— Hey! Você é a Ellie, certo? Acho que precisamos ter uma conversinha. — Uma ruiva falou com um sorriso assustador.
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Atualizado até capítulo 68
Comments
Alisa TorYos
ehhhh....
Mera curiosidade.
O celular não explodiu junto?
Porque para alguém sair em situação de risco e só pegar a última lembrança da mãe depois de despertar, eu duvido muito que tenha lembrado de pegar o celular.
O pai dela também, a não ser que ele tenha comprado bem começo do dia seguinte.....kkkkkk
2024-08-10
0
Alisa TorYos
Ouuu......
Aquela típica situação de "ah eu queria tanto ter uma menina para que me entendesse, mas infelizmente só tive meninos. Quer saber vou juntar meu filho com ela aí eu ganho uma filha".
Quem acha o contrário?.......kkkkkk
2024-08-10
0
Nil
Ela deveria falar a verdade 🤔🤔🤔
2024-02-21
4