Naquele momento, eu entendi a avestruz que enfia sua cabeça na terra para se proteger. Eu queria fazer isso naquele minuto. Como ia lidar com todo esse caos?
— Certo. Desculpa atrapalhar os pombinhos. Te esperamos na sala, Ellie. Trouxe algumas maquiagens, caso você precise. — Dandara falou saindo.
— Você tomou café? Eu tenho alguns lanche na bolsa, tá? Podemos comer quando você voltar. — Ellen disse acenando.
Elas parecem boas amigas, eu que estou sendo péssima nessa história. Como deixei essa mentira ir ta longe? Como posso virar atrás? Será que desmentir tudo agora será ruim. Me sinto tonta.
— Você está bem? Está pálida. — Gabriel me olhava confuso.
— Podemos sentar um pouco? Muita coisa está acontecendo na minha vida. Minha cabeça não parece está processando bem toda informação de uma vez. — Expliquei para ele. Eu realmente queria sentar.
— Vamos sentar ali. — Gabriel apontando para um banco, dentro da escola.
Concordei acenando com a cabeça, caminhei atrás dele em direção ao banco. Ele era realmente lindo. Seu cabelo era loiro bem claro, um pouco maior do que os meninos costumam usar. Seus olhos eram azuis e tinha costas largas.
— Então, pode me explicar desde quando namoramos que eu não fui informado? Na verdade, até ontem, depois da confusão no grupo da formatura, eu nem sabia da sua existência. — Gabriel disse me olhando sério.
Eu expliquei tudo para ele. Do começo ao fim. Minha difícil em me relacionar com meninos, sobre minhas amigas e também meu medo idiota de ficar solitária na escola. Fui totalmente sincera. Ele ouviu tudo calado.
— Você é idiota? Quer uma amizade construída com mentiras? Você faz coisas que não acredita e diz mentira para se aproximar delas? Não é mais fácil apenas procurar pessoas que você realmente tenha alguma afinidade? — Gabriel fazia careta. Achando minha atitude ridícula.
— Eu... Gosto dela. Elas foram as primeiras a falarem comigo, mesmo depois de boatos terríveis circularem depois que entrei na escola, elas não se importaram com o que falava. E... Eu precisava de amigas. Elas não são ruins, sabe? Na verdade, costumam ser muito carinhosas e calorosas. Sabendo que minha casa havia sido destruída pela tempestade de ontem, elas estão oferecendo ajuda. Eu sei que parece fútil, mas... Algumas coisas aconteceram antes de vir para cá. E eu realmente precisava delas. — tentei explicar, não podia falar sobre o meu passado, mesmo que fosse o real motivo para não querer ficar sozinha, mas eu não estava pronta para falar o que aconteceu na outra escola.
— Me parece idiota, fútil e sem sentido, mas parece que você já está decidida a viver uma mentira. — Gabriel concluiu rindo.
— Então, aceita ser meu namorado falso por um tempo? — perguntei sem pensar. A decepção veio na mesma hora. Ele riu alto.
— Você é fofinha como um cachorrinho. Que tal fazer assim, eu aceito seu namoro falso, mas você terá que ser uma espécie de ajudante. Fazer algumas coisas para mim. — Gabriel sugeriu.
— Ajudante? Que tipo de coisas você pretender que eu faça? — falei me afastando dele. Ele era mais um babaca? Ia se aproveitar de mim?
— Ahn? Que medo é esse? Eu que deveria está assustado. Você é a louca que bate foto dos outros na rua e explana que é seu namorado. Ora! De qualquer forma, eram atividades básicas, mas chatas do cotidiano. Como comprar meu lanche, fazer minhas atividades escolares, esse tipo de coisa. — Gabriel explicou.
— Você é um preguiçoso! — disse chocada com a proposta descabida dele.
— E você, uma mentirosa. A escolha é sua. Qualquer coisa explicou agora que você não é minha namorada, apenas uma stalker. — Gabriel me ameaçou mostrando o celular.
— Tá certo. tá certo. Faremos assim. Eu aceito. — Pensei. Ele não está pedindo absurdos. Apenas que eu faça alguns serviços em troca de manter uma relação falsa. Se pensar bem, me parece até uma boa troca.
— Então aqui está meu caderno. Não precisa anotar na hora da aula, faça em casa. Te darei o caderno no final de semana e você transcreve todo conteúdo da semana para ele. Pego na segunda. Aqui está os trabalhos que preciso para segunda. E na hora do lanche te aviso o que quero comer. — Gabriel me entregou tudo e se levantou. — Vamos?
— Para onde? — perguntei confusa.
— Deixar você na sala de aula, idiota. Nunca teve um namorado? — Gabriel perguntou rindo e eu fiquei em silêncio. Eu realmente nunca tive um. — Isso é sério? Você nunca teve um namorado e por isso decidiu inventar um? Que loucura. Sua cabeça deve ser um caos completo.
— Ah! Também não é assim. Eu apenas tenho prioridades diferentes da sua. — respondi enquando caminhavamos até a minha sala.
— Sua prioridades são no mínimo fúteis. De qualquer forma, não me importa. Apenas anote direitinho as aulas. Não faça eu me arrepender de ter topado essa loucura. Te vejo no intervalo. — Gabriel sussurrou no meu ouvido, na frente da sala. Senti meu corpo se arrepiando completamente. Ele riu e acenou para uns amigos, antes de se aproximar deles.
Acho que nunca anotei tão bem o conteúdo. Não deixei nada de fora. Até mesmo o que o professor falava eu estava anotando. Eu sei. Sigo sendo uma idiota, mas pelo menos, meus problemas sociais estavam resolvidos. Sobrando apenas... Eu ser uma sem teto. Que delícia.
— O que vai lanchar hoje, Ellie? — Dandara perguntou depois do sinal tocar. Eu estava pensando se deveria ir ou não atrás do Gabriel, mas surpreendentemente, ele apareceu na porta da sala acenando para mim.
— Já que nosso namoro foi descoberto, vamos começar a lanchar juntos. Me desculpem. Eu vou indo. — Expliquei e sai correndo. Era outra mentira. Eu apenas virei a empregada dele e precisava comprar seu lanche.
— Aqui o dinheiro. Quero um sanduíche natural e um suco de laranja. — Gabriel disse colocando o dinheiro na minha mão e saiu andando — Vou esperar no banco de mais cedo.
O idiota nem mesmo esperou resposta minha e saiu. Odiava comprar algo na hora do intervalo. Parecia uma guerra. Um caos. Sem filas, respeito ou dignidade. Conseguir comida na lanchonete era uma massacre, seleção natural, apenas os fortes sobrevivem. Depois de muita luta e algumas cotoveladas, comprei o maldito lanche e entreguei para ele. Quando estava saindo ele agarrou minha mão.
— Sente e vamos lanchar. Todos estão nos olhando. Se lanchar separados acabará gerando boatos que não estamos juntos. Pelo menos, com o namoro falso, o número de pessoas irritantes ao meu redor diminuem. — Gabriel disse comendo o sanduíche.
Sentei ao lado dele e comemos em silêncio. Não tínhamos muito para falar. Algo eu notei enquanto comia, todos que passavam acenavam para ele. Será que ele é popular? Eu entrei a pouco tempo, não conheço ninguém. Acho que terei que procurar um pouco sobre ele. Meus pensamentos foram interrompidos por uma mensagem do meu pai.
Pai: Encontrei onde ficaremos. Venha para o restaurante depois da aula. Daqui iremos. Beijos.
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Atualizado até capítulo 68
Comments
Nil
Estou achando que você Ellie você se meteu em uma enrascada 🤭🤭🤭
2024-02-21
5
Ivonize Lima
estou começando a ler e estou gostando
2024-02-13
3
Fabi Ribeiro
confesso que esse ñ é o tipo de história que gosto de lê, mais tô amando de mais 😉
2023-02-09
6