— Ellie, levanta, temos que sair daqui. Está tudo alagando mais e mais. Não é seguro ficar aqui, vamos, levante. — Meu pai gritava me puxando da cama. Foi como um estalo, na mesma hora pulei da cama e fui correndo na direção de onde deveria está minhas jóias. O calor da minha mãe estava nele
Eu não poderia ir embora sem a única lembra que tenho dela — O que você está fazendo? Vamos sair daqui. Te compro o que for. Vamos logo.
A única coisa além de mim que meu pai segurava tentando salvar daquela tempestade que parecia prestes a derrubar a casa, era um porta-retrato de casamento dele e da mamãe. Ele não pareceu precisar de mais nada e estava convicto disso. Dava parava ver pelo seu olhar.
— ACHEI! — gritei me abaixando ao ver a caixinha, me molhando completamente. A água já estava acima do meu joelho — Vamos! Rápido. A casa parece está se balançando. Estamos em perigo.
— EU SEI! GRITEI ISSO PARA VOCÊ TEM ALGUNS MINUTOS. — meu pai gritou me puxando do quarto e eu só pude rir. Aquele dia tinha sido um caos do início ao fim.
Assim que saimos de casa, sem saber o que fazer, as ruas estavam alagadas, acredito eu, que não tenha um Uber de barco. Conversava com meu pai alternativas, quando uma árvore enorme que tínhamos na frente da nossa casa caiu destruindo parte dela. Eu não podia acreditar que tudo isso estava acontecendo. O dia não podia ficar pior.
Spoiler, sempre pode ficar pior. Enquando meu pai falava com os bombeiros no celular, tentando um resgate. Eu olhava para nossa casa sem acreditar. Até que fui surpreendida pelo que achei ser totalmente impossível. A casa explodiu. Explodiu! Parecia um filme, um desenho animado. Ouvi um kabum bem alto e quando a fumaça dissipou, não havia mais casa.
— Venha! Os bombeiros estão esperando lá na parte de cima com ajuda. — Meu pai disse me puxando. Eu estava em choque. Deve ser um pesadelo, né?
— Pai, a nossa casa.. ela.. — Eu nem sabia ao menos o que dizer, meu pai me puxava e eu não tirava os olhos da casa.
— Filha, o mais importante para nós está seguro. Estamos bem. O resto não importa. Tudo pode ser conseguido novamente com tempo e algum esforço, mas a nossa vida, ela é única. — Meu pai falou, isso me marcou de uma forma que eu nunca pensei. E isso, mudaria muitas escolhas minhas no futuro.
Os bombeiros estavam tirando as pessoas do bairro, a tempestade não tinha destruído apenas a nossa casa, mas também outras dezenas. Para piorar, uma lagoa que fazia a captação das águas da chuva teve sua bomba quebrada, o que levou ao alagamento do bairro.
Nos abrigamos em um hotel, pelo menos, aquela noite, não tinha lugar para ir. Meu pai e eu passamos horas nos olhando sem acreditar no que tinha acontecido. Nossa casa, móveis, objetos, tudo havia explodido. Tínhamos toda uma vida naquela casa, mas só havia sobrado eu, meu pai, uma foto de casamento dele e o colar da minha mãe. Eu não sabia se ria ou chorava.
— Filha, não se preocupe. Darei um jeito em tudo isso. — meu pai prometeu. E eu confiei
— Perdemos tudo, né? — perguntei desanimada.
— Não perdemos o mais importante, a nós mesmos. Enquanto estivermos vivos, podemos lutar e conquistar tudo que queremos. — meu pai falou animado.
— Eu sei. — Não, eu não sabia. Antes daquela noite, minha maior preocupação era manter uma mentira idiota para sustentar minhas amizades e não me formar sozinha. E agora... Isso parece tão, mas tão idiota.
Acabei adormecendo. O que poderia fazer além disso? Acordei com meu pai me chamando para ir a aula. Eu não estava nenhum pouco animada.
— Filha, o importante depois de uma queda como essa é saber como reagir. Isso ensina muito mais do que você pode imaginar. Levante a cabeça, essa será apenas a primeira vez que você chegará no fundo do poço nessa vida. — Meu pai disse acariciando a minha cabecinha. Fiquei na dúvida se ele estava me consolando ou me aterrorizando.
— Você tem alguma plano? Eu volto para o hotel? Para... Casa é impossível. — Queria ter a mínima ideia do rumo que minha vida tomaria.
— Farei alguma ligações, vai demorar bastante para casa ser construída, vou ver com alguns amigos se tem como nos abrigar. Não tenho como pagar um hotel, a reforma da casa será absurda. Vão ter que refazer a casa quase que do zero. — meu pai parecia desanimado.
— O fundo do poço, né? Está tudo certo. Beba uma água, se refresque e junte forças para subir novamente. Eu farei o mesmo, papai. Vamos ficar bem. Estamos bem. Isso que importa. — Eu disse abraçando ele. É uma situação bastante complicada, tenho que apoiar ele e não causar mais dor de cabeça.
Terminei de me arrumar, coloquei o colar da mamãe. Hoje mais do que nunca estava sentindo falta dela. Ela saberia o que dizer para ajudar o papai. Eu me sinto um pouco pequena, inútil e problemática. No máximo, irei atrapalhar.
Eu estava com a cabeça em outro lugar, quando ao chegar na escola me deparo com o loiro da foto na frente do portão. Sim, o Gabriel. Eu tinha esquecido totalmente desse problema. Não faço a mínima ideia do que fazer. Qual era o discurso que eu tinha pensado mesmo?
— Ellie! Como você está? Seu pai está bem? Fiquei sabendo do que aconteceu. — Dandara me disse me abraçando antes de chegar ao portão.
— Você conseguiu pegar alguma coisa? Está precisando de algo? Posso te emprestar algumas roupas minhas. — Ellen falou me segurando do outro lado.
— Estamos bem. A única coisa que consegui pegar foi o colar da minha mãe e meu pai a foto de casamento deles. Nossa casa, literalmente, explodiu com tudo dentro. Talvez eu aceite algumas roupas emprestadas. Meu pai comprou esse moletom em um supermercado perto. — respondi ainda olhando para Gabriel que sorria para mim maliciosamente.
— Depois da aula podemos ir na minha casa, você escolhe algumas roupas que você goste. Tenho algumas que eu nem usei. — Ellen parecia bastante preocupada.
— Posso emprestar também algumas roupas, maquiagens e coisas de limpeza para você. É só uma fase ruim. Estamos com você no que precisar. — Dandara disse me abraçando.
— Licença. Bom dia. Posso dar uma palavra com minha namorada? — Gabriel falou olhando nos meus olhos. Eu estava paralisada. No fundo, queria contar a elas a verdade, mas eu não sabia que ter apoio ajudaria tento nesse momento. Não queria perder minhas amigas por uma mentira tão boba.
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Atualizado até capítulo 68
Comments
Nil
Não sei porque, mais não tou gostando da mentira que a Ellen contou, acho que isto não vai ajudar.🤔🤔🤔🤔🙄🙄🙄
2024-02-21
5
Poliana Nascimento
as vezes para ler alguns comentários,mas fico besta de como não prestam atenção na história q lê ,a menina acaba de falar q o pai comprou um moletom pra ela vestir ,e perguntam como ela foi a aula de pijama ,nossa presta atenção na leitura primeiro depois ,comente affff
2024-01-23
3
Kelly Castro
Como vai para a aula sem material e de pijama? Pois saiu com a roupa do corpo e como estavam dormindo, com certeza estava de pijama.
2023-11-20
2