Caim e Julio entraram no hospital onde um policial os esperava, levando-os diretamente para a área da morgue. Caim diminuía o passo, ainda negando o que estava acontecendo, incrédulo, acreditando ser apenas um erro. Ao chegarem à porta, encontraram Neymar e Maya, ambos inconsoláveis em prantos. Perceberam a presença de Caim.
"Caim, eu não entendo, não entendo como a nossa Sofia..." Neymar se afogava em lágrimas, enquanto Caim franzia a testa.
"Não é ela, só vim para confirmar", disse com segurança, enquanto Neymar o olhava surpreso. Caim estava em negação, eles já haviam visto o corpo, Maya estava presente quando o acidente aconteceu e viu tudo.
Caim entrou na sala fria e totalmente metálica. Em uma mesa, sob uma luz, um corpo estava coberto por um lençol. O legista se aproximou para guiá-lo, acostumado com as reações das pessoas que reconheciam seus entes queridos.
O legista descobriu o rosto e Caim sentiu o mundo se abrir sob seus pés. O belo rosto de Sofia estava pálido, seus lábios brancos, ela parecia uma folha de papel. Sentiu seus ouvidos zumbirem, via o legista mover os lábios, mas não conseguia ouvir nada. Estendeu a mão para acariciar a face pálida e a sentiu fria, causando-lhe um choque que quase o congelou. Nesse momento, ouviu o médico dizer algo que o enlouqueceu de vez.
"O impacto foi fulminante, ela foi atingida por um veículo em alta velocidade. O golpe na cabeça causou o óbito. Os paramédicos tentaram mantê-la viva para tentar salvar a gravidez, mesmo com morte cerebral, quando a irmã dela nos informou que ela estava grávida, mas os órgãos vitais falharam no caminho e perdemos essa possibilidade. Meus sinceros pêsames", disse o médico, enquanto se afastava para lhe dar um momento com ela.
Caim a olhava enquanto seu cérebro processava tudo, sua mente estava em caos, mas ao mesmo tempo lúcida.
Caim saiu do local totalmente perturbado e olhou para sua irmã, que chorava em um canto, inconsolável.
"Você sabia que ela estava grávida?", disse com a voz mais fria que o próprio local.
Maya apenas assentiu sem olhá-lo. Neymar se abalou ao saber, o médico não havia lhe dito nada. Ele acabava de descobrir que não havia perdido apenas sua amada Sofia, mas também um neto.
Caim saiu caminhando, seguido por Julio. Seu amigo sabia que aquilo seria terrível, tinha certeza de que uma tempestade de sangue se aproximava.
O homem bonito chegou ao estacionamento do hospital e desabou, sendo amparado por Julio. Caim olhava para todos os lados buscando uma explicação, buscando a resposta para aquilo e apenas abraçou seu grande amigo para sussurrar algo, o qual assentiu. Julio só queria levar Caim para seu apartamento antes que ele fizesse alguma loucura. Apenas Julio e Maurício, seu outro grande amigo, sabiam o que realmente estava acontecendo, sabiam que dali em diante as coisas seriam incertas. Maurício chegaria em dois dias de uma viagem de negócios, mas Julio não tinha certeza se conseguiria conter Caim por tanto tempo.
Neymar, com Maya e Milton, primo de Sofia, se encarregou do velório. Caim apareceu horas depois em completo silêncio. Julio o vigiava constantemente, não queria que ele fizesse nenhuma besteira. Tudo transcorria como deveria até que Atena chegou com Amaranta. Maya fechou os olhos com força, incrédula com a falta de sensibilidade da mãe em fazer aquilo.
"Caim, meu filho, que acontecimento repentino, você está com uma aparência péssima, deveria ir descansar", disse Atena sem o mínimo de tato, como se não se importasse em estar em um funeral.
Caim não a olhou, não respondeu, apenas olhava para o caixão onde estava o belo rosto de Sofia.
Atena se incomodou, não estava satisfeita com a perturbação do filho pela morte daquela mulher.
"Caim, você não está bem, deixe-me levá-lo para a sala de descanso", disse Amaranta, pegando-o pelo braço, mas a reação de Caim não se fez esperar.
Caim deu um tapa em Amaranta, derrubando-a no chão. Todos se assustaram enquanto Maya abria a boca sem saber o que dizer.
"Não me toque, eu já disse isso há muito tempo", disse o homem, apertando os dentes e olhando-a com puro ódio. Aquele não era o Caim que todos conheciam em relação à Amaranta, ele sempre havia sido muito atencioso e considerado com ela.
Neymar se aproximou para abraçar o filho e acalmá-lo.
"Filho, calma, aqui não é lugar para isso, vamos respeitar a memória da Sofia", disse Neymar com carinho, enquanto Caim olhava para sua mãe com rancor. Havia ódio, desprezo e maldade em seu olhar, deixando Atena petrificada.
"São essas arpías que vêm faltar com respeito à Sofia!", gritou indignado.
"Saiam, saiam daqui, vocês não têm nada para fazer aqui!", rugiu Caim Meyer diante de todos, enquanto Atena recuava.
"O que está acontecendo com meu filho?", pensava Atena, enquanto via seu filho desabar em prantos nos braços do pai.
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Atualizado até capítulo 20
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