Faltava apenas uma hora para conhecer a família de Diego Soares, um homem sem coração que destruiu minha vida ao matar minha família. E agora, em troca, iria me transformar em sua esposa. Como se isso fosse algo fácil de aceitar. Se eu não tivesse uma herança, já estaria morta como meus pais.
Preciso ser esperta. Não posso deixar que ninguém me manipule. Meu foco agora é ser uma ótima esposa, ainda que isso me pareça impossível ao lado de alguém como Diego. Mas, por mais cruel que ele seja, lembro-me de quando estava bêbada e ele não se aproveitou de mim. Um homem que mata a sangue frio, mas que tem atitudes assim... Ele é cheio de contradições.
Ainda assim, não consigo tirar da cabeça o que ele mencionou sobre a Espanha. Eu estava prometida a alguém de lá. Será que essa pessoa virá atrás de mim? Será esse o motivo de Diego querer me proteger? São tantas perguntas, mas decido dar tempo ao tempo. Talvez o próprio Diego me conte tudo.
— Chegamos, Ada. — Sua voz firme me tira dos devaneios. — Tem um vestido no banheiro e algumas maquiagens no seu tom. Comprei tudo para você. Meus pais valorizam muito a aparência, então se arrume. Quero você deslumbrante... embora duvide que consiga.
"Duvide que consiga?", penso, contrariada. Ele não sabe com quem está lidando.
No banheiro, encontro tudo o que preciso. Faço minha maquiagem com capricho e coloco o vestido. Estou impecável. Se aquela família russa não me aceitar, azar o deles. Não terão a minha fortuna.
Saio do quarto e percebo o olhar de admiração de Diego. É estranho pensar que sou casada, mas aquele olhar, cheio de desejo, me faz recuar um pouco.
— Você está perfeita. — Ele sorri de forma satisfeita. — Duvidei à toa... Mas não gosto de pensar que outras pessoas vão admirar sua beleza, mesmo que sejam da minha família.
Arrepios percorrem minha espinha quando ele fala isso.
— Vamos descer. Minha família já sabe que pousamos há algum tempo. Estão nos esperando.
Antes de descermos, ele segura minha mão e sussurra no meu ouvido:
— Se alguém te tocar, eu mato. Não importa quem.
Meu corpo inteiro estremece, mas nada digo. Caminhamos até o jardim, onde várias pessoas estão reunidas, rindo e brindando. A visão da enorme mansão ao fundo me faz perceber que tudo ali é mais grandioso do que imaginei.
Diego mantém um sorriso no rosto enquanto nos aproximamos. Logo, todos os olhares se voltam para mim.
— Que moça mais bela, meu filho! — exclama uma mulher que deduzo ser sua mãe, embora aparente ser bem mais jovem.
— Sim, ela é linda. — Diego aperta minha mão com força, como se quisesse enfatizar algo.
Tento disfarçar minha tensão com um sorriso.
Tios, primos, todos vêm falar comigo. Mas Diego não solta minha mão em momento algum. Ele parece desconfortável com os elogios que seus primos fazem à minha aparência, limitando-se a sorrisos forçados. Quando algum dos tios me cumprimenta com um beijo na mão, ele me leva para outro lugar, tentando disfarçar sua irritação.
— Sei o que está pensando — ele murmura, finalmente. — Mas não é por mal. Eles são pessoas horríveis. Não acredite no sorriso de nenhum deles.
Fico surpresa com sua sinceridade.
— Entendi. Mas estou sendo apenas educada. Não se preocupe. Você está comigo, não está? — respondo, dando-lhe um beijo na bochecha.
O gesto o deixa sem reação por alguns segundos. Logo, ele murmura algo sobre pegar uma bebida para nós dois e se afasta pela primeira vez desde que chegamos.
Enquanto espero, vejo um dos primos de Diego se aproximando com um sorriso malicioso. Decido não esperar para descobrir suas intenções e vou atrás de Diego.
Encontro-o conversando com uma prima que parece discutir algo com ele.
— Diego, por que está demorando? — digo, segurando sua mão e, sem pensar duas vezes, beijando-o na frente dela.
Ele fica surpreso, mas rapidamente retribui o beijo.
— Desculpe, minha prima, mas preciso levar minha esposa para descansar. Avise à minha mãe que amanhã estaremos presentes no café da manhã.
A mulher parece contrariada, mas concorda com um aceno. Diego segura minha mão e me leva até um carro estacionado.
— Vamos para minha casa. Não vou passar a noite na casa dos meus pais.
Ele abre a porta para mim e logo entra no carro. Dessa vez, não há motorista. Apenas nós dois.
Durante a viagem, Diego permanece em silêncio, dirigindo com expressão séria. Já está anoitecendo, e eu também fico calada, preferindo não fazer perguntas desnecessárias.
Finalmente, ele quebra o silêncio.
— Gostei do que você fez. — Sua voz é baixa, mas firme. — Minha prima Letícia sempre foi apaixonada por mim. Mas não se preocupe, ela não pode fazer nada contra você. Você é minha esposa. Faz parte da família.
— Entendi. — murmuro, virando meu rosto para olhar pela janela.
De repente, sinto sua mão sobre a minha.
— Você não sabe o que eu fiz para ficar com você.
Essas palavras me arrepiam. Antes que eu possa responder, ele tira a mão e volta sua atenção para a estrada, o rosto frio como sempre.
Continua...
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Comments
Dione Lopes
Segredos a serem revelados essa família dele. sei não.
2024-12-27
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