"Acredito que não seja nada
Só uma dor que não passa
Um vazio que não se preenche
Uma solidão não passageira
Uma pergunta que não se cala
Por quê?
Parecia tudo tão perfeito
Já deveria ter imaginado que
Algum preço eu teria que pagar
Mas, por que tão caro?"
Lara Marinho.
As palavras de Joseph invadiram o meu peito como uma faca afiada, não acreditava que aquilo estava acontecendo com a gente.
Me joguei nos seus braços, ficamos daquele jeito por algum tempo, até que finalmente consegui levantar a cabeça e colocar a palma da minha mão trêmula em meu rosto.
— Joseph…
Eu disse, com a voz falhando
— O que eu vou… O que eu vou fazer sem você?
Joseph balançou a cabeça, dizendo silenciosamente que não sabia.
Ele não conseguia falar; suas palavras estavam presas no fundo da garganta. Me encostei novamente em seu peito, seus braços apertaram com força a minha cintura.
Não falamos enquanto as horas se passaram. O sol já tinha sumido a horas. Logo as estrelas apareceram, e a lua também, brilhante e cheia.
Uma brisa fria atravessou o quintal, forçando as pétalas a dançar ao
nosso redor. Quando começei a tremer Joseph sabia que era hora de ir.
Passou os dedos em meu cabelo e sussurrou:
— Larinha, temos que ir agora.
Eu o apertei mais forte.
— Lara?
Ele tentou novamente.
— Não quero ir.
Eu disse de modo quase inaudível. Olhei para ele no momento em que seus olhos se fixaram nos meus.
— Se formos embora, vai significar que está quase na hora de
você ir também.
Joseph passou as costas da mão por minhas bochechas. Elas estavam geladas ao toque.
— Sem despedidas, Larinha. Você sempre diz que despedidas não
existem. Porque sempre vamos nos ver em nossos sonhos. Como com a sua avó nos ensinou. Lembra?
As lágrimas caíam dos olhos nossos olhos; enxuguei as gotas com minhas mãos.
— Você está gelada, precisamos ir.
Ele disse, suavemente.
— Está tarde, preciso levar você para casa, assim você não terá problemas por perder o horário de voltar.
Forçei um sorriso.
— Pensei que os heróis da Itália não seguissem regras.
Joseph soltou uma única risada e encostou a testa na minha. Deu-me dois beijos suaves em cada canto de minha boca e respondeu:
— Eu vou te levar até a porta, e na hora em que seus pais estiverem
dormindo vou entrar em seu quarto pela última noite. Que tal isso para
quebrar as regras? herói o suficiente para você?
Eu ri.
— Sim.
Eu respondi, afastando o seu cabelo da frente dos seus olhos.
— Você é meu herói.
Ele tomou minhas mãos, beijando a ponta de cada dedo, me obrigando a
ficar de pé. Ajudou a me levantar. Me envolveu em seus braços, mantendo-me perto. Seu perfume entrou pelo meu nariz, parecia que ele queria que eu o guardasse comigo. Jurou que lembraria exatamente de como eu me sentia naquele momento.
O vento ficou mais forte. Soltou-me e pegou minha mão. Em silêncio, começamos a andar pelo caminho forrado de pétalas.
Encostei a cabeça em seu braço, inclinando-a para trás para olhar
o céu com todas aquelas estrelas. Joseph beijoi o topo de minha cabeça e o ouvi suspirar profundamente.
— Você já notou como o céu está mais escuro? Está mais escuro do que em qualquer outra noite. Parece bem preto, a não ser pela lua e pelas estrelas cintilantes. Contra o amarelo das pétalas das flores no chão, parece que estamos saído de um sonho.
Ele disse ao inclinar a cabeça para trás para ver o céu, e um sorrisinho brotou no canto da sua boca. Parecia quase surreal.
— Só você para notar uma coisa dessas, Joseph.
Eu disse, levantando a cabeça para olhar para o céu.
— Você sempre vê o mundo de um jeito diferente de todos.
É uma das coisas que amo em você desde que te conheci, Joseph Russo.
Joseph apertou a minha mão mais forte.
— Minha avó sempre dizia que o céu é do jeito que você quiser que seja.
Eu completei as palavras de Joseph.
A tristeza em minha voz fez meu ar parar na garganta.
Ela suspirou.
— Sabe Joseph, o lugar predileto da vovó era debaixo da nossa mangueira. Quando
me sento lá e olho para as fileiras de árvores, e olho então para o
céu, me pergunto se ela estará sentada naquela mesma árvore lá no céu, olhando para as ameixeiras floridas exatamente como nós,
observando o céu negro tal como agora.
— Tenho certeza de que ela está, Larinha. E está sorrindo de lá
para você, como ela prometeu que faria.
Abaixei-me e peguei uma flor. Segurei-a, olhando para as pétalas na palma de minha mão.
— Vovó também disse que as melhores coisas da vida morrem
rápido, como as flores. Porque algo tão belo não pode durar para
sempre, não deveria durar para sempre. Ela permanece por um breve momento no tempo para nos lembrar de como a vida é preciosa, antes de desaparecer tão rápido quanto chegou. Vovó disse que ela nos ensina mais na sua vida curta do que qualquer coisa que fique sempre ao nosso lado.
Joseph ficou me olhando e aposto que podia sentir a dor que carregava na voz. completei.
— Porque nada tão perfeito pode durar uma eternidade. Como as
estrelas cadentes. Vemos as estrelas comuns toda noite. A maioria das pessoas não dão valor, até esquece que estão ali. Mas, se uma pessoa vê uma
estrela cadente, ela se lembra daquele momento para sempre, até faz um desejo na presença dela.
Joseph respirou fundo.
— Ela passa tão rápido que
as pessoas saboreiam o tempo curto que têm com ela.
Senti uma lágrima cair em nossas mãos. Eu estava tão confusa, sem ter certeza do motivo por que eu estava falando de coisas tão tristes.
— Porque algo tão perfeito e especial é destinado a desaparecer.
Por fim, tem de ser levado pelo vento.
Levantei a flor que ainda estava em minha mão.
— Como esta flor.
Eu a joguei pelo ar, bem quando passou uma rajada de vento. O sopro forte levou as pétalas pelo céu, por cima da cerca.
Sumiu de vista.
— Lara.
Joseph começou a falar, mas o cortei.
— Talvez sejamos como as flores, Joseph. Como estrelas
cadentes. Talvez tenhamos amado muito e muito jovens, e a chama foi tão brilhante que tivemos que esmaecer.
Então apontei para trás de nós,
para a floresta, atrás do quintal, onde vivemos todas as nossas aventuras.
— Beleza extrema, morte rápida.
Tivemos esse namoro o tempo suficiente para nos ensinar uma lição. Para nos mostrar o quanto
somos verdadeiramente capazes de amar.
Meu coração estava em chamas, procurava forças em minhas palavras. Virei de frente para Joseph. O olhar
devastado em seu belo rosto me cortou o coração.
— Escute.
Ele disse, sentindo pânico. Com as mãos em meu rosto, prometeu:
— Eu vou voltar para você. Essa mudança para Itália não
vai ser para sempre. Vamos conversar todos os dias, vamos escrever um para o outro. Ainda seremos Joseph e Lara. Nada pode quebrar isso,Larinha. você sempre será minha, será sempre metade da minha alma. Isso não é o fim.
Pisquei para me livrar das lágrimas. Meu pulso disparou de medo ao pensar em desistir de nós. Porque aquilo jamais havia passado na minha cabeça. Não estávamos terminando nada.
Joseph chegou mais perto.
— Não acaba aqui.
Ele disse energicamente.
— Até o infinito, Larinha. Para sempre e sempre. Jamais acaba. Você não pode pensar assim. Não com a gente.
Levantei-me na ponta dos meus pés, para olhar em seus olhos.
— Você me promete, Joseph? Porque ainda tenho centenas de aventuras estreladas para viver com você.
A minha voz estava atormentada de medo.
Eu ri, sentindo o pavor se esvaindo de meus ossos, o alívio tomando
lugar.
— Sempre. E vamos viver mais que mil aventuras. Eu prometo.
As palavras de Joseph confortou-me. Nos beijamos lentamente e suavemente, abraçando-se o mais apertado possível. Quando nos soltamos,
meus olhos se abriram e anunciei:
— Aventura estrelada, número quatrocentos e vinte e quatro. Com o meu Joseph, ao lado da minha casa… e meu coração quase explodiu.
Então prometi:
— Meus beijos são todos seus, Joseph. Ninguém jamais beijará meus lábios além de você.
Joseph rocou os lábios nos meus e respondeu.
— Meus beijos também são todos teus. Ninguém jamais beijará meus lábios além de você.
Grudados nossas mãos e seguimos para casa. Todas as luzes da minha casa ainda estavam acesas. Quando chegamos à porta da frente de minha casa, Joseph se curvou e beijou-me na ponta do nariz. Levou a boca ao meu ouvido e sussurrou:
— Me dê uma hora e voltarei para você.
— Certo.
Sussurrei de volta. Meu estômago doía. Eu já sentia falta dele. Sentia falta de está com ele.
Sentia falta de todas as nossas aventuras estreladas.
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Atualizado até capítulo 125
Comments
Gelcinete J. Rebouças
Essa autora não existe! Estou tão emocionada que custo a acreditar que haja uma mente tão excepcional
2024-07-02
1
Ezanira Rodrigues
Este amor transcende qualquer palavra ou ato. Me definindo em uma palavra: lágrimas.😭😭😭
2024-04-22
2
Maria Inez Rathke
eu descobri q não nasci para amar. esse amor é lindo
2023-04-17
3