Capítulo 4

Logo o carro chega à mansão de Eliana e Mel olha pela janela, impressionada. Ela pensava que a casa dos Carvalhos era muito grande, mas ao lado da mansão de Eliana, não tinha nem comparação.

— Você gostou? — pergunta Eliana, encostando a mão no ombro da garota. Melanie acena em positivo e continua a olhar pela janela — Então você vai amar a mansão do seu futuro marido. O lugar só precisa de uma reforma.

Melanie olha para Eliana, com perguntas no olhar e esta, entendendo, já lhe responde:

— Não, meu amor. O meu filho não mora aqui. Nesse lar há paz, minha querida!

O carro para e Leandro de prontidão abre a porta para as duas passageiras saírem.

Eliana vai na frente, mostrando o caminho e Melanie vai atrás.

— Olá a todos! Olá a todos! — Eliana diz, quando entra no salão principal, tocando um pequeno sino que se encontrava em sua mão. De repente vários empregados aparecem e ela continua — Essa aqui será a minha futura nora. Quero que preparem um banho relaxante na banheira, roupas novas e produtos de cuidado pessoal. Ah, quero também que seja providenciado um lindo vestido de casamento.

Todos os funcionários abaixam a cabeça em sinal de compreensão.

— Agora, chispem daqui! Rápido, rápido! 

Em um segundo o salão estava vazio novamente.

Então Melanie segue Eliana, que a leva para um dos quartos onde já estava preparada a banheira com a água na temperatura certa. Um perfume de rosas tomava o lugar e a espuma se mexia na superfície da água.

Melanie se perguntava como em tão pouco tempo os funcionários de Eliana prepararam aquela banheira.

— Vou te ajudar, filha. — Eliana diz, interrompendo os seus pensamentos, ao ajudar Melanie a tirar suas roupas maltrapilhas.

Eliana vê no corpo de Melanie, as marcas dos maus tratos que sofria.

— Ah, coitadinha. Não se preocupe, pois após o casamento você poderá ter uma vida de rainha. Só tem que saber dobrar o homem. Uma mulher tem que ser inteligente em um casamento. Principalmente em um casamento com um homem como meu filho.

Após Melanie entrar na banheira, Eliana a ajuda a esfregar suas costas. Era um tratamento que ela nunca teve na vida. Na casa dos Carvalhos eles só deixavam que ela usasse um balde por dia para o banho. Era um banho com uma água gelada, que fazia a menina bater o queixo.

Após o banho, Eliana a levou para o seu quarto, onde a colocou de frente para sua penteadeira e começou a pentear seus lindos cabelos negros.

— Nossa, você é uma menina muito bonita. — Eliana diz, olhando para o reflexo de Melanie no espelho — Quantos anos tem mesmo?

Melanie mostra dois dedos para Eliana, que logo entende que a garota estava com seus vinte anos.

— Você é perfeita para o meu filho! Ele está com vinte e oito. Não é tão velho para você, mas também não é tão jovem. 

Após pentear e secar os cabelos dela, Eliana a leva para a cama e se deita ao seu lado.

— Então menina, amanhã é o seu casamento e agora eu preciso te ensinar como se faz bebês.

Melanie engole em seco e cobre o rosto com a colcha.

— Preste atenção em mim, garota! — Eliana diz retirando a colcha de seu rosto.

Após ela se deita reta na cama, abre um pouco as pernas e diz:

— "Eu estou pronta." — após ela olha para Melanie e continua — É isso que deve fazer. O resto o homem é quem faz.

Melanie enruga a testa, tentando entender a lição de Eliana.

— Ah, nossa! Eu me esqueci que é muda! — Eliana dá um sorrisinho, tampando a boca — Vamos ter que improvisar, então… Mas deixa eu te contar, não vai ser bom no início, mas lembre-se, eu quero um neto. Então nada de fugir, hein? — ela aponta o indicador para Melanie.

A garota fica a noite toda, tentando processar o que Eliana disse. Ela falou muito, mas não disse muita coisa.

Mel só sabia que seu noivo era rico e era uma pessoa reclamona. Sabia que era mais velho, que nunca se casara outras vezes e que ela deveria dar um neto a Eliana, caso contrário, ela iria ser jogada na rua 

Independente de tudo, segundo os relatos de Eliana, Melanie acredita que terá uma vida melhor do que tinha antes, nesse casamento.

Pela manhã bem cedo, Eliana já acorda Melanie, a ajuda a se vestir e elas partem direto para o cartório.

Chegando lá, entraram em uma sala, onde havia um funcionário do cartório, sentado atrás de uma mesa e na frente dele duas cadeiras, onde uma já estava sendo ocupada por um homem que se encontrava de costas para ela.

O coração de Melanie bate forte, pois estava prestes a conhecer o seu marido.

Ela ficou parada no lugar e ficou se perguntando se ele era bonito ou feio, bom ou mau, carinhoso ou relapso.

Então, de repente o silêncio é quebrado pelo o homem tossindo. Ele tosse e tosse, parecendo que iria morrer de tanto tossir.

Eliana vai até ele, acaricia as suas costas e após, lhe ajuda a limpar sua boca. Ela olha para o lenço, sujo de sangue e esconde de Melanie.

— Venha Mel! Não se acanhe! — ela diz, mudando a sua postura de preocupação para uma de felicidade.

Nesse momento o seu futuro marido se vira e olha para Melanie.

Ela fica surpresa, por ele ser um homem bonito, pois tinha imaginado que pelo desespero de Eliana, ele poderia não ter uma boa aparência. Ele possuía a íris de seus olhos azuis, os cabelos aloirados e aparentava ser mais velho do que sua idade. O seu olhar era pesado e frio, fazendo Melanie se perguntar se era realmente bem vinda, ali.

Ela deu alguns passos e se sentou na cadeira ao lado dele. Então o juiz de paz, disse:

— Como o solicitado, vamos direto ao que interessa. É de livre e espontânea vontade de ambos esse casamento?

— Espontânea vontade… — o noivo diz, zombando. — Isso é importante mesmo?

O juiz de paz olha seriamente para ele, esperando sua resposta.

— Tanto faz, não é? Sim, eu quero me casar.

Após eles olham para a noiva que continua em silêncio.

O silêncio perdura por um bom tempo até que o noivo diz:

— Ela é burra, é isso?! O meu tempo é curto, mulher. Se quer se casar mesmo, diga logo o sim.

Melanie arregala os olhos, assustada e depois olha para Eliana. Está dá um sorriso sem graça e diz:

— Ah, esqueci de dizer! Ela é muda!

— Muda?! — o noivo e o juiz exclamam em uníssono.

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