Anna fitava o chão claro e liso do hospital com o olhar perdido.
— Você é a acompanhante de Elui Tomanzini? — uma enfermeira baixa se aproxima e pergunta a Anna, que a observa confusa.
— O moço que sofreu o acidente de carro? — diz, e a garota confirma rapidamente com a cabeça, bocejando.
— Como ele está? — pergunta ela.
— Estável. — respondeu automaticamente — você pode vir comigo para assinar sua saída?
— Alguém já chegou para acompanhar ele? — questiona Anna.
— Um familiar já está a caminho — ela explica, a cara fechada e impaciente.
Anna deu um meio sorriso e assentiu quanto à saída, seguindo a enfermeira até o quarto de Elui, onde uma suíte com paredes de vidro e persianas do chão ao teto são a primeira coisa em que repara.
— Uau — ela se entrega — Viva o dinheiro — brinca.
Ao lado de Anna, a enfermeira a observa desconfiada enquanto estica o braço entregando uma prancheta e uma caneta com a logo do hospital. Ela assina rapidamente e a mulher confere os papéis.
— Só um minuto — retruca, saindo em disparada pela porta reclamando a falta de algum papel.
Anna observa Elui e se aproxima. “Mesmo desmaiado ainda consegue parecer modelo de cueca”, pensa ela, e logo, uma ardência em sua mão a lembra do machucado. Ela respira fundo e anda em direção à porta, parando para vê-lo mais uma vez, quando dá de cara com a enfermeira e levanta a mão, adiantando-se:
— Tem como fazer um curativo grátis? — ela sorri sem graça, e a enfermeira bufa, pedindo para que Anna a seguisse.
Elui sabia que havia ficado inconsciente por horas, ele sentia como se seu cérebro tivesse reiniciado depois de muito tempo e os processos ainda estivessem lentos, numa tentativa de retomar o controle das coisas; ainda assim, ele não imaginou que tudo estaria tão escuro.
Elui abriu e fechou os olhos com certa dificuldade, pois doíam, mas continuava escuro. Imaginou então serem curativos exagerados por conta do acidente e não se preocupou em levantar as mãos, cujos braços estavam doloridos e manchados de hematomas.
Subitamente, a porta se abriu com um ranger baixo e saltos adentraram o cômodo.
— Elui? — uma voz trêmula e familiar o chamou, observando-o de longe.
— Enfermeira? — ele disse, sua voz ansiando por alguém que pudesse o ajudar.
— Catharina, na verdade — ela falou gentilmente, escondendo uma careta azeda.
— Ah, Cath, oi. — Ele responde, desanimado.
— Como você está? — perguntou ela.
— Dolorido, esses curativos estão me deixando louco! — disse, dando um sorriso nervoso — pode pedir que alguém venha tirar, por favor? — pediu, mas Catharina não se moveu.
— Quais, querido? — ela questiona, confusa, aproximando-se dele. Catharina o observava com cuidado, tanto que ele podia sentir o olhar dela sobre ele.
— Dos meus olhos, Catharina, não é óbvio? — perguntou, e a respiração da mulher acelerou-se como quem estava prestes a começar a chorar.
— Elui... — ela começa, o tom se embriagando de lágrimas — não há nenhum curativo nos seus olhos. — diz, engolindo o choro — Vou chamar o médico — solta, mas Elui não se move.
Ele se mantém em silêncio, reproduzindo em sua mente as belas cores, casas e paisagens que já havia visto, os punhos fecham-se irritados ao lado do corpo, agarrando com força o colchão. Então lágrimas começam a escorrer em uma torrente automática de tristeza e desespero.
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Atualizado até capítulo 8
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