Capítulo 2 - Caminhos cruzados

Anna fitava o chão claro e liso do hospital com o olhar perdido.

— Você é a acompanhante de Elui Tomanzini? — uma enfermeira baixa se aproxima e pergunta a Anna, que a observa confusa.

— O moço que sofreu o acidente de carro? — diz, e a garota confirma rapidamente com a cabeça, bocejando.

— Como ele está? — pergunta ela.

— Estável. — respondeu automaticamente — você pode vir comigo para assinar sua saída?

— Alguém já chegou para acompanhar ele? — questiona Anna.

— Um familiar já está a caminho — ela explica, a cara fechada e impaciente.

Anna deu um meio sorriso e assentiu quanto à saída, seguindo a enfermeira até o quarto de Elui, onde uma suíte com paredes de vidro e persianas do chão ao teto são a primeira coisa em que repara.

— Uau — ela se entrega — Viva o dinheiro — brinca.

Ao lado de Anna, a enfermeira a observa desconfiada enquanto estica o braço entregando uma prancheta e uma caneta com a logo do hospital. Ela assina rapidamente e a mulher confere os papéis.

— Só um minuto — retruca, saindo em disparada pela porta reclamando a falta de algum papel.

Anna observa Elui e se aproxima. “Mesmo desmaiado ainda consegue parecer modelo de cueca”, pensa ela, e logo, uma ardência em sua mão a lembra do machucado. Ela respira fundo e anda em direção à porta, parando para vê-lo mais uma vez, quando dá de cara com a enfermeira e levanta a mão, adiantando-se:

— Tem como fazer um curativo grátis? — ela sorri sem graça, e a enfermeira bufa, pedindo para que Anna a seguisse.

Elui sabia que havia ficado inconsciente por horas, ele sentia como se seu cérebro tivesse reiniciado depois de muito tempo e os processos ainda estivessem lentos, numa tentativa de retomar o controle das coisas; ainda assim, ele não imaginou que tudo estaria tão escuro.

Elui abriu e fechou os olhos com certa dificuldade, pois doíam, mas continuava escuro. Imaginou então serem curativos exagerados por conta do acidente e não se preocupou em levantar as mãos, cujos braços estavam doloridos e manchados de hematomas.

Subitamente, a porta se abriu com um ranger baixo e saltos adentraram o cômodo.

— Elui? — uma voz trêmula e familiar o chamou, observando-o de longe.

— Enfermeira? — ele disse, sua voz ansiando por alguém que pudesse o ajudar.

— Catharina, na verdade — ela falou gentilmente, escondendo uma careta azeda.

— Ah, Cath, oi. — Ele responde, desanimado.

— Como você está? — perguntou ela.

— Dolorido, esses curativos estão me deixando louco! — disse, dando um sorriso nervoso — pode pedir que alguém venha tirar, por favor? — pediu, mas Catharina não se moveu.

— Quais, querido? — ela questiona, confusa, aproximando-se dele. Catharina o observava com cuidado, tanto que ele podia sentir o olhar dela sobre ele.

— Dos meus olhos, Catharina, não é óbvio? — perguntou, e a respiração da mulher acelerou-se como quem estava prestes a começar a chorar.

— Elui... — ela começa, o tom se embriagando de lágrimas — não há nenhum curativo nos seus olhos. — diz, engolindo o choro — Vou chamar o médico — solta, mas Elui não se move.

Ele se mantém em silêncio, reproduzindo em sua mente as belas cores, casas e paisagens que já havia visto, os punhos fecham-se irritados ao lado do corpo, agarrando com força o colchão. Então lágrimas começam a escorrer em uma torrente automática de tristeza e desespero.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!