Fui em direção à casa dos meus pais.
Apesar de sair da residência deles muito novo, sou muito apegado aos dois. Moro do outro lado da cidade, mas sempre quando sobra um tempinho os visito.
Neste momento já estava em frente à porta da casa deles. Após tocar a campainha, fui recebido pela minha mãe.
— Benção, mãe. — Fui ao seu encontro abraçá-la.
Sou muito carinhoso com meus pais. Sempre tive uma boa educação e tudo do bom e do melhor. Sou muito grato a eles e sempre me sentirei agradecido por tê-los na minha vida.
Minha mãe se chama Emma, e é dona de casa. Além de uma ótima cozinheira, ela também é uma excelente companhia. Adoro conversar com ela sobre os mais variados assuntos. O nome do meu pai é Tom, e ele é Ortopedista. Muitas pessoas pensam que fui influenciado por ele para seguir a carreira médica, mas não é verdade. Sempre fui apaixonado por tentar entender o corpo humano, entre outras coisas. Desde os 12 anos de idade dizia a ele que seria um médico conhecido, que esse era o meu sonho.
— Como está, filho?
— Estou bem.
— Trabalhando muito? — Minha mãe abriu um grande sorriso. Modéstia à parte, acho minha mãe muito bonita com seu cabelo chanel.
— Um pouco. Alguns dias fico na clínica 10 horas direto, tirando o meu horário de almoço.
— Fico feliz que esteja fazendo o que gosta, filho.
— Eu também. — Sorri de volta. — O pai está em casa? Preciso falar um pouco com ele.
— Sim. Está no escritório.
— Certo. Daqui a pouco volto, mãe.
Fui na direção de um dos cômodos da casa deles. Queria ter uma conversa de homem para homem com meu pai, precisava de alguns conselhos.
Ao entrar em seu consultório, o vi mexendo em uma papelada que estava disposta em sua enorme mesa.
— Benção, pai.
— Deus te abençoe, filho. Arrumou um tempo para seu velho pai?
O que precisam saber do meu pai é que ele em alguns momentos é exagerado e carente de atenção. Ele é alto, branco, já está ficando um pouco careca, mas também é uma ótima companhia. Brinco com ele direto dizendo que seus cabelos caíram rapidamente porque eu aprontava muito. A parte de ser praticamente um “capetinha” é verdade, mas não sei se ele ficava tão preocupado assim. Já a minha mãe...
— Vim te ver semana passada. — Sorri enquanto o cumprimentava com um abraço apertado. — Não seja tão exagerado.
— Estou brincando, filho.
— Eu sei.
Alguns momentos de silêncio pairaram no escritório. Eu não sabia como começar o assunto a respeito de Gabriela.
— O que precisa me contar, filho? Sei que para vir aqui em meu escritório é porque precisa conversar um assunto sério.
— Sim. Vou tentar resumir para você: Gabriela está novamente na cidade.
— Sua Gabriela?
— Ela não é mais minha, pai. Tem muito tempo que terminamos nosso namoro.
— Você sempre fala dela, Enzo. — Ele balançou a cabeça e guardou um documento em uma das gavetas. — Mês passado você estava falando sobre a menina Gabriela.
— Sim.
— Me diz... ela não quer te ver nem pintado de ouro, não é? Depois de
tudo, acho que ela não te perdoou.
— Esse é o problema, pai.
— Problema?
Em questão de cinco minutos expliquei a situação que havia ocorrido. Desde seu casamento até a agressão sofrida por ela. Também dei detalhes sobre a perda de memória que está acometendo ela.
— Isso é algo triste. O que aconteceu com o ex-marido dela?
— Não sei. E nem perguntei a ela. Fiquei com um ódio mortal desse infeliz.
— Eu vejo que está com medo, filho — ele disse ternamente.
— Medo?
— Sim. Vejo em seus olhos que apesar de querer que ela recupere a memória, você está receoso que Gabriela se lembre do período que estiveram juntos. Sei que naquela época agiu por impulso e seguiu seus sonhos, e hoje é um médico muito famoso na cidade. Mas o que também tenho conhecimento é que gostou de verdade da pequena Gabriela, e se for para dizer agora... acho que ainda gosta muito dela.
— Me importo com ela, pai. Não quero que Gabriela me veja como um monstro. Sei que errei demais com ela. Não deveria ter feito o que fiz, tanto é que nunca a esqueci, mas sabia que se tentasse voltar com ela, as coisas não iriam correr bem.
— Concordo. — Ele olhou diretamente para mim. — Acho que o que veio perguntar para mim é se deve contar a ela sobre o passado de vocês. Estou certo? — Meu pai me olhou decidido. Ele claramente sabia o que estava dizendo.
— Isso mesmo.
Ele acertou em cheio. Eu tenho opinião própria, e tenho uma ideia do que fazer, mas quero ouvir o que ele faria em meu lugar.
— Olha... você sabe como sou, não é?
Assenti com a cabeça sem dizer nenhuma palavra.
— Eu jogaria aberto com ela — ele disse. — Por mais que não tenha mais contato com ela depois de dizer tudo.
— Eu penso em falar a verdade — concordei com o meu pai. — Posso estar errado, mas... não quero dizer a ela agora.
— O que quer dizer com isso?
— No tempo certo irei contar tudo para Gabriela. Quero me aproximar dela por dois motivos.
— Quais motivos? — Vi certa preocupação em sua voz.
— Quero que ela confie novamente em mim, pai. Amadureci bastante após a última vez que nos vimos. Por mais que ela não queira olhar na minha cara depois que contar o que aprontei a ela, preciso que Gabriela sinta que fiz de tudo para consertar meus erros do passado — disse por fim.
— E qual o outro motivo?
— O que sentia por ela não morreu. Depois que a vi, alguma coisa voltou, não sei explicar bem o que está se passando.
— Você está querendo dizer que irá parar de sair com várias mulheres para ficar perto dela?
— Não, pai. Continuarei minha vida normalmente. Em primeiro lugar, quero ajudá-la a recuperar a memória. Por mais que ela nunca mais queira me ver, tenho a obrigação de auxiliá-la, esse é o meu trabalho, e me importo realmente com Gabriela. Eu não vou abandoná-la novamente. Você sabe a vida que levo. Gosto bastante de não ter ninguém no meu pé. Não sou um homem que gosta de compromissos — disse firme. — Só que a única pessoa que me fez pensar o contrário voltou, e não se lembra de mim. Confesso, fiquei confuso, na verdade... estou confuso.
— Entendo.
— Estou fazendo errado?
— Não posso julgar seus sentimentos, filho. Apesar de você não querer em um primeiro momento contar a ela sobre vocês dois, o que me disse sobre falar para ela sobre o passado é algo que sei que fará no fim das contas. Tenho certeza de que não irá esconder a verdade dela, e com essa aproximação de vocês dois, você não suportará esse fingimento e dirá a ela o que houve.
— Eu tenho certeza disso.
Olhei para meu pai. Ele é uma das poucas pessoas que entende o que passei em relação à Gabriela. O que ele me falou está sendo de grande ajuda, pois sinto que farei a coisa certa.
— Obrigado pelos conselhos, pai.
— Não fiz nada, filho. Você sabe que irá fazer o certo. Nunca duvide da sua capacidade. — Meu pai me olhou ternamente. — Sei que gosta de ajudar as pessoas, e principalmente alguém que fez parte da sua vida da forma que Gabriela fez.
— Sim. Tudo irá se resolver. — Sorri. — Obrigado novamente. Irei para minha casa descansar um pouco.
— Vai com Deus, filho.
— Obrigado, pai.
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Comments
Amanda
Acho que deveria contar tudo pois pode ajuda ela se lembrar, como está escrito foi porque queria estudar, se qualificar e vocês eram muito novos, não que isso seja um motivo pois eu mesmo me casei com apenas 21anos, mas entendo quem quer construir uma base sólida na carreira e escolhe estudar em vez de se casar pois casado dá pra estudar, dá pra crescer mas é tudo mais difícil, pois vem as responsabilidades de assumir uma casa sem mamãe e papai pra dar todo o suporte
2023-08-07
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Selma Pereira Silva
Para mim ele não tem caracter
2023-07-28
0