Abro os olhos e encontro os de Austin, o qual eu costumava chamar de Tin.
A — Caramba, você? Porque está aqui? E, porque me salvou?
T — Ei, calma aí esquentadinha. Eu tô aqui pegando alguns contratos que os nossos pais precisavam. E bom, não ia deixar você se espatifar no chão... mesmo que isso fosse divertido hehe.
A — Tin... A.A.AUSTIN. - pigarreio me corrigindo - isso não é engraçado. Vejo que continua idiota como sempre. Mas obrigada por isso.
Saio de lá sem deixá-lo formular outra frase.
◇
- Austin
São 7:40. O telefone desperta, mas meu humor está tão ruim quanto a minha cabeça. A noite passada foi o auge. Levanto muito mal-humorado, mas eu sei, a culpa é minha. Hehe fazer o que se houve uma resenha na casa de um dos meus amigos... resenha essa que tava bombando. Enfim, hoje tem uma prova lá na faculdade e eu nem sei o que vai cair. Não faço a mínima ideia do conteúdo semestral, e o pior é que se eu não passar de período, o meu pai vai encher a minha paciência, coisa essa que eu não tenho nem um pouco. Bom, eu me levanto e vou direto pro banheiro. Tomo um banho e me sinto um novo ser. Tenho que sair apressado porque já estou em cima do horário, e a tolerância é zero.
Peço a Ceci, nossa governanta, pra preparar um lanche, assim ela faz. Comendo eu entro no carro, e peço o Haddad pra dirigir o mais rápido possível.
Chegando na Faculdade, eu vou pra sala. A Mrs. Santinni está recolhendo as assinaturas dos presentes para contar como chamada. Eu pego a minha prova e penso: Cacete! Me ferrei. Eu não sabia nada. Absolutamente nada. Se a prova valer 100 eu tiro 1, porque pelo menos meu nome eu acerto... eu acho.
Saí de lá muito receoso. Sabe, eu não escolhi estar no lugar em que meu pai deseja que eu esteja. Eu só fui pelo fluxo que ele coloca em mim. Eu faço de tudo pra conciliar a minha vida de Austin, e a minha vida de Mr. Campbell. Como Austin, eu sou eu. Posso zoar e cair bêbado sem preocupações. Como Mr. Campbell, eu preciso me encaixar onde meu pai milimetricamente quer que eu esteja.
Eu sou de sair pra caramba. Ficar em casa me deixa num clima deprê. Minha mãe, Dona Marisa Campbell, vive pegando no meu pé porque segundo ela, "eu preciso acertar meu rumo na vida". Ela está certa. Eu realmente preciso. Mas até agora tava fácil essas duas vidas... porém depois desse exame... fiquei meio apreensivo. Não quero decepcionar o velho, mas não tenho um sonho imenso de assumir a S&C co.
(Marisa Campbell, 45)
(Herman Campbell, 50)
Meu pai vive me comparando com a Ally. E isso me tira do sério. Eu costumava gostar da Al, mas desde a "fatídica" brincadeira no colégio, ela não é mais a mesma e me trata com frieza. E eu devolvo na mesma moeda.
Concluo todos esses pensamentos enquanto eu e Haddad voltamos pra casa. Hoje temos almoço em família.
Chego em casa e tomo um banho rápido. Ainda são 11H40, mas o velho Campbell gosta de almoçar cedo. Quando desço as escadas, mamãe está na mesa sozinha almoçando. Pergunto se meu pai não irá vir e ela confirma que não. Sem muitas dúvidas, porque isso sempre acontece, eu pego meu prato e almoço junto à Dona Marisa.
Meu pai perguntou se eu posso passar na empresa hoje, eu disse que sim. Após o almoço, eu me arrumo com um terno de três peças e vou. Dessa vez vou dirigindo. Chego na S&C co. e logo já vejo algumas funcionárias me secando. Óbvio, não é pra menos... eu pago academia pra ter resultados hehe.
Chego à sala de reuniões e vejo tio Joel e meu pai. Temos duas reuniões com possíveis investidores. No meio da primeira reunião eu já me sinto sufocado. Parece que eu estava ali a semanas só escutando dados, porcentagem, lucros, perdas, capital, receita anual e essas paradas todas. No fim dessa reunião de apenas duas horas, meu tio e meu pai me chamam pra discutir sobre esse possível contrato. Tio Joel diz que a proposta parece ter sido copiada de uma outra empresa, e foi constatar sua suspeita. Ele procura veementemente os arquivos, mas diz ter deixado em seu escritório em casa. Ele me pede pra ir buscar e eu concordo.
Vinte minutos depois estou em sua casa, sou recebido por Lúcia. Chegando na sala de estar, já vejo decorações natalinas por todas as partes. Lúcia diz estar com alguma coisa no fogão e me deixa ir ao escritório do Tio Sanchez. Passando pelo sofá central, perto da lareira, eu vejo Ally. Ela estava de costas e terminando de colocar os enfeites na parte de cima da árvore. Me aproximo discretamente no intuito de passar por ela sem causar nenhum desconforto pra ambos os lados. Não estava afim de nenhuma discussão. Mas antes que eu pudesse passar eu escuto o banquinho em que ela estava, escorregando. Mais que depressa eu a seguro. Ela caiu de olhos fechados e toma um susto ao abrir os olhos e me ver.
A — Caramba, você? Porque está aqui? E, porque me salvou?
T — Ei, calma aí esquentadinha. Eu tô aqui pegando alguns contratos que os nossos pais precisavam. E bom, não ia deixar você se espatifar no chão... mesmo que isso fosse divertido hehe.
A — Tin... A.A.AUSTIN. - ela pigarreia se corrigindo - isso não é engraçado. Vejo que continua idiota como sempre. Mas obrigada por isso.
Ela sai de lá sem me formular outra frase. O que me deixou surpreso, foi ela ainda se lembrar do meu apelido. O qual só ela usava. Isso é estranho. Mas o lance de sem brigas não rolou. Que ódio dessa garota, eu só quis ajudar essa ingrata.
Enfim, vou ao escritório do tio Joel e fecho a pasta da proposta. Antes, óbvio, dei uma analisada e pelo que eu escutei lá na reunião, concluo que uma das duas empresas plagiou o contrato. Mas ainda preciso entregar em mãos ao tio Joel e ao meu pai.
Volto para a empresa e lá temos uma fervorosa averiguação e uma calorosa discussão com os investidores. Bom, eu não iria embora tão cedo hoje...
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Atualizado até capítulo 22
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