Capítulo 18

João Lucas já estava cochilando quando acorda com um barulho de carro chegando, pega o celular no criado mudo para ver a hora e eram quase meia noite, ele levanta indo até a varanda de seu quarto, acaba vendo Anne saindo do carro do Júlio e entrando na casa, ele fecha a cara no mesmo instante e volta para a cama, liga a tv colocando no noticiário local, mas demonstrava muita impaciência.

...

Anne sai do banheiro enrolada em um roupão branco, senta na cama e pega o pente para pentear os cabelos úmidos.

Batidas na porta.

Ela pensando ser dona Carmen levanta e vai abrir, e toma um susto dando de cara com o João Lucas parado na sua frente.

Anne - O senhor chegou!

João Lucas - Posso entrar?

Anne - Certamente!

Ela checa o roupão e ambos ficam se encarando.

Anne - Posso ajudá-lo em alguma coisa, senhor?

João Lucas - Essa casa é de respeito, não suporto essa pouca vergonha na casa que foi dos meus pais.

Anne - Eu não estou entendendo...

João Lucas - Se você quiser sair com os peões da fazenda, saia, porém vá morar em outro lugar, não quero esse exemplo para o filho.

Anne - Eu não fiz nada senhor, só fui ao cinema com o Júlio.

João Lucas - Você me entendeu, isso é hora de chegar em casa?

Anne - A dona Carmen me liberou.

João Lucas - Tá ficando com o Júlio e mais quantos peões da fazenda?

Às lágrimas começam a descer pelo rosto dela.

João Lucas - Moça da roça é?

Anne - Eu nunca disse que era.

João Lucas - Realmente não, quem é você realmente?

Anne - Por favor senhor, eu estou com dor de cabeça.

João Lucas - Para bater perna igual uma...

Anne - Completa a frase?

Ele se vira, pois já estava saindo

Anne - Espere!

Ele olha para ela, esperando o que ela iria dizer.

Anne - Não tá certo isso, porque está me tratando tão mal, o que eu fiz?

João Lucas - Você é surda? Não quero essa pouca vergonha na minha casa.

Anne - O senhor que é o exemplo para o Davi, não é? Deve ser certo está com uma mulher no quarto ao lado do quarto do seu filho, né? E um conselho, se atente de pedir para ela gritar mais baixo, pois tenho que tirá-lo do quarto toda vez.

Ele a interrompe furioso.

João Lucas - Você está sendo irônica?

Anne - Talvez, o senhor tá cobrando exemplo de mim, sendo que não fiz nada de mais.

João Lucas - Só não te demito porque meu filho iria ficar muito mal, no entanto fique sabendo que quando acabar as férias, antes de eu voltar para casa vou fazer questão de te mandar embora, sua insolente.

Anne fecha os olhos sentindo uma pontada na cabeça muito forte.

- Aiii... minha cabeça!

Ela se senta na cama o tanto quanto tonta e tremendo.

João Lucas - O que foi, o que você tem?

A voz dele soa leve, e preocupado.

Anne - Tá doendo.

Ele se aproxima, acaba pegando na cabeça dela, sentindo uma protuberância.

Anne - Tá passando, é só umas pontadas!

João Lucas - Precisa de ajuda?

Anne - Não, isso foi por causa de uma queda!

João Lucas -  Melhor você ir ao médico.

Ele adentra os dedos nos cabelos dela.

Anne - Não precisa!

João Lucas - Deixe-me ver?

Eles ficam se encarando e a tensão sexual a essa altura já estava muito alta, a respiração de ambos começa a pesar.

João Lucas - Me perdoe pelas minhas grosserias, eu não sei o que deu em mim, aliás eu não sei o que está acontecendo comigo ultimamente.

Ele insiste e abre os cabelos dela encontrando a protuberância.

João Lucas - Vou te levar ao médico na próxima semana.

Eles se olham novamente.

João Lucas - Se eu continuar aqui vou entrar em um caminho sem volta, e eu não quero.

Ele praticamente sussurrou sentado na cama ao lado dela.

Anne - Nem eu.

Ele já estava embriagado sentindo o perfume dela, dona Carmen entra no quarto, e fica toda sem jeito ao encontrá-los ali.

Carmen - Bom, é, eu...

João Lucas fecha os olhos baixando a cabeça e se levanta saindo do quarto, dona Carmen fica sem entender nada.

Anne - Desculpa, dona Carmen.

Carmen - Tá acontecendo alguma coisa que não estou sabendo?

Anne - Claro que não, ele veio me repreender por ter chegado tarde.

Carmen -  Ham? Ah, é melhor não comentar nada, é, nem sei o que dizer.

Dona Carmen  - Boa noite filha, vá dormir é melhor!

Ela sai do quarto, Anne pega um analgésico e toma para passar a dor de cabeça e se deita.

João Lucas entra no seu quarto e troca de roupa, vestindo uma mais confortável para dormir, ele liga a TV.

Batidas na porta.

Davi entra e pula na cama do pai.

João Lucas - Não consegue dormir filho?

Davi - Não, meu sono passou papai.

João Lucas - Como foram esses três dias, e o braço?

Davi - Tá melhorando, não vejo a hora de tirar essa tipóia.

João Lucas - Risos... cada coisa no seu tempo!

Davi - Coloca no canal de desenho papai!

Ele sorri e beija a testa do filho, colocando no canal pedido.

João Lucas - Filho, às vezes não sou o pai que você espera que eu seja, mas estou tentando.

Davi - O Senhor é o pai que eu espero sim, só as vezes é bravo.

João Lucas - Te amo demais filho!

Davi - Também te amo papai, o senhor é o melhor pai do mundo!

João Lucas - Sério?

Davi - Às vezes não, pois nem sempre é justo comigo!

João Lucas - Espertinho, sempre com as palavras na ponta da língua hein.

Davi - Risos...

João Lucas - O que é isso na sua mão?

Ele visualiza um "I love you" e um desenho de coração feito de canetinha vermelha na mão do menino.

Davi - Foi a Anne que escreveu.

João Lucas - Ela gosta muito de você né, filho?

Davi - Sim, e eu gosto dela!

João Lucas sorri e encosta o rosto na cabeça do filho e ficam assistindo o desenho animado.

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