Capítulo 4

Flashback on- 3 anos atrás...

Aaron

Eu passei a tarde inteira no shopping procurando o presente perfeito para a Sofy. Hoje ela completa 17 anos, e depois da sua festa de aniversário, eu vou embora pra Alemanha.

Sim, eu sou um covarde! Eu me apaixonei por uma menina 10 anos mais jovem que eu, e não posso viver esse amor, alimentar esse sentimento. Eu sou advogado. Sei muito bem o problema que teria ao me relacionar com uma menina menor de idade, e também não tenho o direito de pedir para ela me esperar por mais um ano. Eu conheço a Sofy desde que nasceu, e ter sentimentos por ela faz eu me sentir um ser horrível.

O pior de tudo...eu sei que ela gosta de mim! Pela forma como me olha, como se comporta perto de mim. Mas acho que é uma paixão de adolescente e isso logo vai passar. Mas pra mim é bem mais que isso, eu amo a Sofy e a quero como minha namorada, minha mulher. E isso eu não posso, eu não tenho esse direito...

Cheguei à casa dela e os amigos e familiares já estavam todos lá. Música, pista de dança, algumas bebidas para os maiores de idade, claro. Quando meus olhos a encontraram, meu coração acelerou feito louco. A mais linda de todas, a mais doce, mais encantadora...a minha pimentinha!

look da Sofy ( sem a bolsa, rsrs)

-Aaron, você veio! - ela correu e me abraçou apertado.- Eu estava esperando você chegar!

-Sério pimenta? - eu a chamo assim desde bem pequena.

-Ei, eu já cresci! Para de me chamar assim, seu chato!

-Cresceu é? Onde? Há, realmente seu cabelo está maior mesmo.

Eu amo deixá-la irritada. Ela tem 1,60 de altura. Eu tenho 1,85...a diferença é grande, e sempre usei isso pra implicar com ela.

-Você não vai me tirar do sério hoje! Vem, vamos dançar!

-E você lá sabe dançar!?

-Eu aprendi, seu bobo.

Fui arrastado por uma Sofy bem animada, até a pista de dança. Ela realmente tinha crescido! Na minha frente eu via uma mulher jovem, linda, dançando muito bem por sinal. Seu corpo se movia no ritmo perfeito da batida. Os movimentos eram sincronizados e muito sensuais...fiquei admirando ela dançar, parecia que tudo o que ela fazia era pra mim, pra me prender a ela, aos olhos dela.

-Sofy eu...eu vou pegar uma bebida. - saí de lá rapidamente. Eu precisava de ar.

Caminhei até o jardim e me encostei em uma árvore mais afastada da casa. Eu precisava respirar e pôr os pensamentos em ordem. Fiquei ali por um tempo, sozinho com meus pensamentos, até ouvir cantarem parabéns pra minha pequena. Eu queria estar com ela nesse momento...mas eu não podia. Amanhã cedo eu vou embora, vou me afastar e ela ficará bem.

-Até que enfim te achei! - era a voz dela.

-Oi...- me virei e a vi parada, com um pedaço de bolo em um prato.

-Trouxe pra você, já que não estava lá quando partimos o bolo...é o primeiro pedaço. - ela falou, meio sem jeito e isso foi como um soco no estômago. Ela guardou o primeiro pedaço pra mim?

-Não precisava, princesa...mas obrigado! Deveria ter dado a alguém especial pra você.

-Eu estou fazendo isso! - ela me entendeu o prato com o bolo. - Você é especial pra mim.

Aquilo era tão bom de ouvir. Mas ao mesmo tempo me matava por dentro. Como eu vou resistir? Eu preciso sair daqui!

-Sofy, eu quero te entregar seu presente de aniversário antes de ir embora.

- Você já vai? - ela me olhou, triste.

- Eu estou com um pouco de dor de cabeça.

-Entendo...- ela encarou o chão, movendo os pés, lentamente.

Peguei a caixa com o colar e abri, mostrando a ela uma correntinha de ouro branco com um pingente em forma de coração. Seus olhos brilharam e ela abriu um sorriso lindo.

-É pra mim? - acenei, afirmando. - É lindo Aaron, obrigada! - ela me abraçou com força. - Me ajuda a pôr no pescoço?

Ela estava animada com um presente tão simples. Coloquei a correntinha em seu pescoço com todo o cuidado, afastando seus cabelos para prender o fecho. Ao olhar aquela pele macia e tão cheirosa, instintivamente aproximei meus lábios e beijei de leve sua nuca.

Ela estremeceu e eu rapidamente me afastei.

-Desculpa Sofy...eu não queria...

-Shiiii.- ela se virou de frente e sorriu, se aproximando. - Eu quero um presente!

-Eu já te dei um presente, pimentinha.

-E eu amei...mas eu quero outro. Um que tenho desejado a muito tempo...eu quero um beijo Aaron...o meu primeiro beijo! - os olhos verdes brilhavam em expectativa.

O primeiro beijo? Que loucura é essa? Eu não posso fazer isso...mas eu quero, como eu quero beijá-la!

-Eu guardei o meu primeiro beijo pra você Aaron, eu sonho com isso todos os dias. Por favor... - faz uma carinha de triste.

-Você nunca beijou um rapaz da sua idade? Eu sou mais velho Sofy...isso não tá certo... - mas a vontade não me falta, apesar da razão gritar que eu não devo.

-E daí? Quem se importa? São números, Aaron. Eu não me importo...eu só quero você! - ela se aproximou mais, ficando bem perto de mim. - Eu sou apaixonada por você há mais de um ano. Eu sonho com você todos os dias, eu te quero pra mim, meu coração é seu. Por isso guardei meu primeiro beijo pra você, porque eu queria que fosse por amor e não porque todo mundo faz...eu queria que fosse especial.

Minha pequena...como pode ser tão especial e linda desse jeito.

Me aproximei um pouco mais, unindo nossos corpos e passei um braço ao redor de sua cintura. A mão livre eu deslizei por seu rosto, vendo ela fechar os olhos, aproveitando meu toque em sua pele. Segurei seu rosto com carinho, e me aproximei devagar, colando nossos lábios. Fiquei assim, parado, sentindo a respiração ofegante da minha pequena, e ela parecia nervosa, pois tremia.

-Calma! Deixa eu te guiar...- falei ainda com os lábios nos dela, acariciando seu braço devagar, colocando sua mão em meu peito.

Comecei a movimentar a boca devagar, forçando a dela a se mover também, guiando os movimentos. Aos poucos ela foi pegando o jeito, me impulsionando a apertar sua cintura com um pouco mais de força, e seus lábios se entreabriram devagar, me permitindo sentir sua boca, sua língua doce e tímida... como era bom o beijo dela.

Meu coração pulava e acelerava sem parar. Meus sentimentos estavam num turbilhão. Finalmente eu tinha ela em meus braços, totalmente entregue naquele beijo. Eu sentia o quanto a Sofy queria estar ali, comigo. Me afastei lentamente, pra ela poder respirar e percebi que seu corpo estava fraco, precisando que eu a sustentasse com meu braço.

Vi uma lágrima rolar em seu rosto e fiquei assustado e triste...ela se arrependeu.

-Ei, não chora! Desculpa... - falei, confuso e triste.

-Desculpa? - ela sorriu e me encarou. - Aaron, foi o melhor presente que já ganhei na minha vida! Eu estou nos braços do homem que eu amo e ele me deu meu primeiro beijo...foi perfeito! - o sorriso dela iluminava tudo.

-Você é incrível, Sofy...mas isso foi um...

-Eu amo você Aaron Blake! Eu te amo com todas as minhas forças e, por favor, não diz que foi um erro. Não estraga esse momento tão importante pra mim. - suplicou.

Seus olhos já estavam marejados e isso estava me ferindo de um jeito doloroso demais.

-Eu não posso fazer isso com você. Eu sou muito mais velho...você vai encontrar um rapaz mais jovem, vai se apaixonar de verdade e, vai esquecer isso. É só uma fase Sofy.. uma paixão passageira, coisa de ado... - ela me interrompeu.

-Para! Por favor Aaron...só para! - a voz saiu sofrida, chorosa. - Eu sei o que eu sinto e não, não é uma paixão de adolescente! Eu amo você, e isso dói aqui. - ela colocou a mão sobre seu coração. - Dói saber que o homem que eu amo não me quer, que só me vê como criança e que eu nunca vou poder viver esse amor. - seus soluços já estavam descontrolados, assim como suas lágrimas que rolavam sem parar. - Mas eu aceito que não sinta o mesmo que eu, eu aceito que não me ame! Você me deu o beijo que eu tanto esperei, com que eu sonhei todo esse tempo, vai ser uma lembrança muito especial, que vou levar comigo pra sempre...obrigada Aaron! - ela respirou fundo, contendo o choro, acariciou meu rosto e se virou, limpando as próprias lágrimas, e ficando de costas para mim...

- Obrigada por me dar o presente que tanto desejei, Aaron. E não se preocupe, eu não vou insistir, vou saber aceitar que não sente o mesmo por mim! - ela estava quebrada, eu sentia em cada palavra. - Seu bolo está na mesinha. Coma, guardei com carinho pra você!

Ela falou, ainda de costas, e caminhou devagar, até sumir do meu campo de visão.

Eu fui fraco, covarde, e não a impedi. Deixei que a mulher que eu amo se afastasse sem ao menos dizer o que sinto por ela. Em seus olhos eu vi tristeza, decepção e dor. Foi como um punhal cravado em mim, de uma única vez.

Olhei aquele prato sobre a mesinha de madeira, ao meu lado. Você é um babac@, idiota e covarde Aaron...você partiu o coração da garota que te ama de verdade... mas você não consegue admitir que sente o mesmo.

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