Capítulo 20

Brian

-Oi, Ali...estou ocupado agora. Te ligo assim que terminar essa reunião, pode ser?

-Ok. Se cuida, Brian! - foi tudo o que ela disse, com voz desanimada.

Oito meses juntos. Deveriam ser os mais felizes, mas tem acontecido tantas coisas, que estamos nos distanciando.

Nos últimos 4 meses eu tenho viajado bastante. Visitando filiais da empresa, fechando novos contratos e firmando novas parcerias. Têm sido muito corrido, passo poucos dias em casa e meu namoro esfriou muito.

Eu queria minha Ali aqui comigo, mas ela tem a faculdade e não pode ficar viajando. Então, ela assumiu como meu braço direito no Grupo Donartti e com a ajuda do Aaron, Sofy, do meu primo Ricardo e do meu tio Igor, tudo têm corrido bem.

Mas se no lado profissional está tudo indo bem, nossa vida como casal está uma bagunça! E eu reconheço, a culpa é minha.

Alice tenta ser presente, mesmo a distância. Me liga sempre, me incentiva, está sempre me auxilindo em tudo...mas nos últimos 2 meses eu não pude ficar com ela nem um fim de semana inteiro. Eu sinto ela triste e distante e eu tenho muito medo de perdê-la. Por isso tomei uma decisão e voltei 1 dia antes do previsto pra conversar com meu pai sobre isso.

Cheguei em Manhattan e fui direto pra casa. Já passava das 8 da noite quando entrei em casa e meus pais estavam na sala com a Manu.

-Brian!!!- minha irmãzinha caçula pulou no meu colo. - Eu tava com saudade. - suas mãos acariciaram meu rosto.

- Eu também, minha princesinha.- beijei seu rostinho. - Você tá crescendo tanto, meu amorzinho. - fiquei triste por não estar acompanhando de perto essa fase da vida dela.

-Mamãe disse que já tô mocinha.

-Sim...está sim. - olhei pra ela, que estava cada dia mais parecida com a Sofy.

-Oi meu filho! Que saudades! - minha mãe veio me abraçar. - Agora você parece turista! - ela fez cara de brava.

-É o trabalho, mãe. Me desculpa.

-Não precisa pedir desculpa. Eu entendo.- ela analisou meu rosto. - Está com um rostinho cansado, aposto que nem tem se alimentado e dormido direito...

-Muitos compromissos, mãe. As vezes não dá tempo. Fora que dormir em hotel é complicado.

-Precisa desacelerar! - meu pai veio até a mim. - Bem vindo, meu garoto! Senti sua falta. - ele me abraçou.

-Também senti sua falta, pai. - respirei fundo e o apertei no abraço. - Preciso dos seus conselhos de pai.- falei baixinho,só pra ele ouvir.

Meu pai me olhou e deu tapinhas leves em meu rosto.

-Eu estou sempre aqui pra vocês! - ele me respondeu. - Suba e tome um banho. Já já vou até lá.

Apenas confirmei com um aceno de cabeça. Dei muitos beijos na minha irmã e na minha mãe. Eu tenho passado pouco tempo com minha família.

-Mãe vou subir e tomar um banho. - me virei pra subir as escadas. - Cadê a pipoquinha?

-Sua irmã tá lá no quarto com a cunhada.

Meu coração se alegrou quando ouvi isso.

-Alice tá aqui? - falei, animado.

-Tá sim, meu filho. Resolveram fazer a noite das meninas. Estão lá no quarto da Sofy fazendo as unhas.

Sorri feito um menino. Estou com tantas saudades da minha mulher.

-Vou lá então. - subi as escadas correndo, ouvindo as risadas dos meus pais.

Segui pelo corredor e parei em frente a porta do quarto da minha irmã, que estava entreaberta, e acabei ouvindo elas conversando...

-Ali, eu te conheço desde sempre. Sei que não tá sendo fácil, não precisa se fazer de forte pra mim.- a voz da minha irmã era carinhosa, mas preocupada.

-Eu o amo, Sofy! Muito mais do que eu queria, pra ser sincera. Mas eu sinto que não posso continuar me magoando dessa forma. Eu sei que pareço imatura, mas eu não sou de mendigar amor nem afeto, nunca fiz isso e não vou começar agora.- ela falava com tristeza. - Amei o seu irmão por anos, sem nunca impor meus sentimentos ou forçá-lo a ficar comigo. Quando ele se declarou e me pediu em namoro, em momento algum foi por insistência minha, você sabe.

-Claro que eu sei. Ele quis estar com você...

-Pois é, ele quis...- senti uma dor no meu peito quando percebi que ela estava chorando. - Mas acho que não quer mais.

-Calma amiga, não chora. Você é uma das mulheres mais fortes que eu conheço.

-Só que eu tô cansada de ser forte sozinha, Sofy. Amar à distância não dá pra mim. Ficar semanas sem se ver, sem poder abraçar o homem que eu amo...tá difícil segurar. - ela chorava cada vez mais.

-Alice, fala a verdade, foi por causa do Brian que você discutiu com a sua mãe e saiu de casa? - isso me deixou em choque. Eu não fazia ideia que a Alice tinha saído de casa.

-Deixa isso pra lá, Sofy. Eu não quero falar...

-Mas você precisa desabafar, meu amor. Tem uma semana que você saiu de lá e eu reparei o quanto tá abatida, não come direito...confia em mim.

-Eu confio, você sabe disso. É que as coisas que eu ouvi da minha mãe foram muito duras e me machucaram muito, sabe!? Sofy, o pior é que eu defendi o meu relacionamento, mesmo sabendo que no fundo ela têm razão e eu sou uma menina tola que acreditou em conto de fadas.

-Você não é tola! Não fala assim. Olha, eu sei que vocês vão dar um jeito. Conversa com o Brian, vocês precisam se acertar...

-Sofy, não tem o quê conversar. Seu irmão não tá errado, ele tá buscando o melhor pra carreira dele, tá crescendo e se destacando e eu fico feliz por ele, de verdade...mas eu não sou mais capaz de empurrar essa relação sozinha. Eu sei que ele não faz intencionalmente, mas me magoa toda vez que quero o abraço dele e não posso ter. Eu fico triste por não poder ser forte e madura pra ficar e suportar essa falta, mas eu não tô aguentando essa pressão. Eu queria contar pra ele que briguei com a minha mãe por nós, porque acredito no que sentimos, mas não posso, porque se ele souber o que está acontecendo, vai prejudicar ele, vai deixá-lo preocupado, e eu não vou jogar essa carga pra cima dele.

-Alice, ele é seu namorado, caramba! Tem sim que dividir os problemas com ele.

-Se seus problemas afetassem o Aaron, na vida profissionais dele, você contaria?

Minha irmã ficou em silêncio por uns instantes.

-Sinceramente...contaria sim. Ele que se virasse. Até porque, no seu caso, o problema tem a ver com ele e com essas put@s que vivem tirando fotos ao lado dele nessas viagens. Foi por isso que sua mãe falou o que falou.

-Não foi só por isso.

-Não? - minha irmã perguntou.

— Por favor, Alice. Não conta pra ninguém...

-Pode falar amiga.

-Eu achei que estava grávida!

O meu coração acelerarou...eu ia ser pai?

-Sério? O Brian sabe?

-Calma, Sofy! Eu disse que achei...mas fiz o teste de farmácia e deu negativo. Só que minha mãe viu a embalagem no lixo do meu banheiro e daí...bom foi uma briga horrível, ela falou barbaridades pra mim e eu saí de lá sendo xingada até a décima geração.

-Nossa, amiga, que coisa horrível. E você não contou pra mim? Porque?

-Sofy, eu sou sua amiga, te amo demais, mas tem coisas que machucam muito e eu prefiro guardar pra mim. Fora que é vergonhoso falar e relembrar tudo novamente.

-Você comentou com o Brian?

-Não! E nem vou. Isso não é o tipo de coisa que se fala por telefone, e ele já está com a cabeça cheia, preocupado com os contratos. Administrar problemas da namorada só seria um fardo pra ele, amiga...

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