Primeiro dia.

Fernanda

Não posso acreditar que consegui o emprego de motorista. Estou radiante com o sucesso deste plano maluco da Manu. Espero que tudo ocorra sem problemas. Apesar da postura firme do senhor, ele é um homem incrivelmente cativante, uma pena que seja casado. Acabei de deixá-lo na empresa que ele dirige. Agora estou voltando para casa, tentando ser discreta para que meus irmãos não me vejam assim. Apenas a Manu sabe o que estou fazendo e ela corre rapidamente escada acima quando me vê.

Manu: _ Como foi? Me conta, deu certo?

Fernanda: _ Foi um sucesso total, amiga. Consegui! - Minhas mãos ainda tremiam de nervosismo.

Manu: _ Eles não suspeitaram de nada? - Ela olhava para mim com olhos ansiosos.

Fernanda: _ Em momento algum. A vaga é minha! - Digo, comemorando.

Manu: _ Você merece, amiga! - Manu me abraçou com entusiasmo.

Fernanda: _ Você é a melhor! - Suspirei de alívio e, em seguida, comecei a contar todos os detalhes sobre como tudo aconteceu.

Manu: _ Ele é bonitão, né? (risos)

Fernanda: _ Sim, mas ele é casado. Imagina se a esposa descobre meu disfarce? Vou acabar em apuros! (risos) - Nós duas rimos da situação, apesar da tensão subjacente.

Manú: _ Você viu a esposa?

Fernanda: _ Não.

Manú: _ Então, como sabe?

Fernanda: _ Até parece que um homem tão atraente e forte como ele, seria solteiro. Ele parecia um daqueles modelos de revista.

Manú: _ Tenha cuidado, amiga.

Fernanda: _ (risos) Não fala bobagens. Vamos almoçar, estou faminta.

Descemos para almoçar com meus irmãos.

Jason

Logo após a reunião, volto para minha sala, onde encontro Thomas à minha espera. Ele está folheando algumas pastas, claramente ansioso para discutir os próximos passos.

Thomas: _ Pensei que tivesse perdido a reunião, Jason.

Jason: _ Você nem imagina o que me aconteceu. O motorista que contratei me deixou na mão, mas aí apareceu um garoto meio maluco chamado, e me ofereceu uma carona. Aliás, liga para o seguro e manda buscar meu carro; vou te passar o endereço, Thomas.

Thomas: _ Mas e agora, você está sem motorista de novo?

Jason: _ Não, dei uma chance ao rapaz. Ele é jovem, mas tem um espírito aventureiro, algo que me intrigou.

Thomas: _ Você não acha que é hora de voltar a dirigir?

Jason: _ Não quero falar sobre isso, Thomas. A lembrança do acidente ainda me assombra.

Thomas: _ Mas e se ocorrer um imprevisto? Você vai ter que superar esse medo, afinal, não foi culpa sua.

Jason: _ Thomas, por favor! - Minhas mãos tremem apenas de pensar na ideia de voltar a dirigir.

Thomas: _ Está bem, vou voltar para minha sala, mas pense nisso, Jason. - Thomas se afasta com um olhar preocupado enquanto retomo meus pensamentos sobre aquela carona inesperada e meu medo de voltar ao volante.

Dia seguinte

Fernanda

Amanhece cedo, e começo o dia preparando o café da manhã para as crianças. Enquanto elas se arrumam para a escola, preparo uma mochila com as roupas que vou precisar. Não posso simplesmente sair vestida de homem pelas ruas. Quando as crianças partem para a escola, eu pego um ônibus que me levará ao trabalho. Desço em uma cafeteria próxima para usar o banheiro. Com cuidado, entro no banheiro masculino sem ser vista e, lá dentro, coloco meu disfarce. Ao sair, agradeço à atendente que me observa com desconfiança.

Chegando em frente à casa do meu novo chefe, toco a campainha. Rapidamente, um senhor aparece para me atender, com uma aparência que lembra a de um mordomo ou jardineiro.

Fernanda: _ Bom dia, o senhor Jason esta me esperando?

O mordomo: _ Você é o novo motorista? Não parece um pouco jovem?

Fernanda: _ Moço, acabei de completar 19 anos, mas sou um ótimo piloto!

O mordomo: _ Por favor, entre. Siga em frente aqui!

Dia seguinte

Fernanda

Entro pela porta, sentindo o peso do disfarce que me cobre, e a senhora que me recebeu inicialmente a abre para mim. O cenário é uma casa acolhedora, com um cheiro agradável de café no ar.

Helena: _ Bom dia, rapaz. Entre, o senhor está terminando o café!

Fernanda: _ Obrigado, senhora!

Helena: _ Ah, por favor, me chame de Helena.

Fernanda: _ Muito prazer, me chamo de Fernando!

Helena: _ Venha, fique à vontade. Me acompanhe até a sala. O senhor está lá com os filhos!

Sigo Helena até a sala, tentando manter meu disfarce impecável, enquanto noto os detalhes da decoração.

Fernanda: _ Bom dia, senhor!

Jason: _ Bom dia! Hum, vejo que tem compromisso. Vou te apresentar meus filhos. Este é o Pedro, e esta é minha princesa, Julia.

Cumprimento Jason com um sorriso amigável, observando Pedro com curiosidade disfarçada.

Fernanda: _ Oi, crianças!

Pedro: _ Oi. - Que cara mais estranho. Hum, sei não, viu? Vamos ver se vamos nos dar bem. - Pensamentos de Pedro que analisa cuidadosamente cada detalhe no jeito de Fernanda, que está vestido de Fernando.

Julia: _ Oi, tudo bem! - Julia sorri, seus olhos curiosos fixos em Fernanda.

Jason: _ Eles são bem tranquilos. Você só precisa conquistar a confiança deles. Vai me levar na empresa e, depois, levá-los para o colégio. Mais tarde, busque-os às 14h e, às 18h, me buscará na empresa. Depois disso, estará livre. Durante o horário escolar das crianças, também estará livre, mas se eu ligar, precisa estar disponível. Aos finais de semana, estará livre na maioria das vezes. Será raros os dias em que vou precisar de você. Estamos combinados? Seu salário será de cinco mil, está bem!

Fernanda: _ Perfeito! Vou adorar trabalhar com vocês! - Fernanda se sente aliviada e entusiasmada com a oferta de trabalho.

Jason: _ E nada de gírias perto dos meus filhos, e esse boné, pode tirar, por favor! - Jason observa atentamente, preocupado com a influência que Fernando pode ter sobre seus filhos.

Fernanda

Caramba, agora meu disfarce está prestes a ir por água abaixo. Droga!

Tentando me livrar da situação respondo, meio desconcertada: _ Senhor, não posso. Tenho um problema capilar que me impede de tirar o boné.

Jason: _ Pode então encontrar algo mais adequado, por favor? - Ele sugeri.

Fernanda: _ Claro, senhor! - Respiro aliviada.

Jason: _ Ótimo, então vamos! Filhos, comportem-se!

Os filhos responderam em coro: _ Sim, Senhor. Tchau.

Seguimos até a garagem.

Fernanda: _ Uau, esses carros são seus? - Exclamei com surpresa, meus olhos arregalados.

Jason: _ São, dois deles!

Fernanda: _ Que daora! Me desculpa! Muito bonitos seus carros. - Tento me corrigir, envergonhada com meu deslize anterior.

Jason: _ Você conseguiu?

Fernanda: _ Chefe, é moleza! - Tento passar confiança, apesar do meu nervosismo interno.

Jason: _ Pelo que vejo, suas gírias vão ser um problema!

Fernanda: _ Não, senhor. Eu vou me comportar! - Falo com determinação.

Jason: _ Vamos logo!

Seguimos para a empresa. Durante o trajeto, noto que o garoto pilota bem, apesar de sua pouca idade.

Jason: _ Ahh, espera, preciso que suba até minha sala, pegue uns documentos comigo.

Thomas: _ Bom dia, fala mano! - Thomas me cumprimenta descontraído.

Jason: _ Bom dia! - Jason responde, ainda mantendo sua postura profissional.

Thomas: _ É esse moleque aí?

Fernanda

Por que me tratam como um moleque, só por causa das minhas roupas? (penso) _ Fernando, sou o novo motorista! - Sinto a necessidade de esclarecer a situação.

Thomas: _ Você tem idade para pilotar? kkkk - Thomas faz uma piada leve.

Jason: _ Vamos logo, você ainda tem que levar meus filhos! - Ele enfatiza a prioridade do nosso compromisso.

Ele pede que um dos seguranças da empresa fique de olho nas crianças. Entramos todos no elevador. Sinto-me desconfortável naquele espaço apertado, rodeada por esses dois homens que parecem ter saído de uma revista de moda masculina. O calor no elevador só aumenta minha inquietação. Manú adoraria rir dessa situação, penso com um sorriso interior. Finalmente, chegamos à nossa parada.

Jason: _ Venha até minha sala, quero que leve essa encomenda para minha casa e esses papéis. Fernando, muito cuidado com meus filhos, eles são meus bens mais preciosos! - Jason demonstra sua confiança em mim e a importância de sua família.

Fernanda: _ Sim, Senhor, cuidarei deles como se fossem minha própria vida! - Respondo com determinação e respeito.

Jason: _ Sim, já pode ir! - Ele me libera para cumprir a tarefa.

Saio da sala, deixando apenas os dois conversando.

Thomas: _ Você não achou ele meio estranho?

Jason: _ Não! Como assim?

Thomas: _ Sei lá, kkk, deixa! É impressão minha! - Thomas deixa o assunto para lá, mas algo parece tê-lo intrigado.

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