Fernanda
Chegando em casa, me deparei com uma cena que infelizmente já era comum. Meus irmãos estavam na sala, imersos na luz da televisão, ao lado do meu pai, que, mais uma vez, estava afogado em álcool. Encontrá-lo sóbrio parecia uma missão quase impossível.
Agatha, a mais nova da família, que sempre trazia um toque de doçura ao ambiente, quebrou o silêncio. - Fe, oi, tudo bem com você?
Respondi com um sorriso: _Oi, minha princesa, estou sim, só um pouco cansada. E você, rapazinho, se comportou?
João Miguel, o irmão do meio, assumiu um ar de responsabilidade. - Sim, alguém tem que ser responsável nessa casa!
Aplaudi a atitude dele. - É assim que se fala, rapaz! Parabéns. Bom, vou preparar algo para nós comermos.
Agatha não hesitou. - Quero batata frita!
Fernanda: Ótima ideia! - Concordei, seguindo em direção à cozinha. Preparei o jantar com cuidado, coloquei-o na mesa e chamei Agatha e João para se juntarem a mim. Enquanto jantávamos, minha mente se perdia nos anúncios classificados do jornal.
Fernanda: Motoboy, aff... Sexo masculino, dançarina, ótimo! Só que não! Secretária com nível superior, que droga! Babá, Humm, interessante! Vou dar uma olhada nessa. Motorista particular, essa também. - Murmurei comigo mesma enquanto folheava o jornal, perdida em pensamentos.
João quebrou o silêncio. - Está procurando emprego?
Olhei para ele e respondi com um suspiro. - Mais ou menos, João. Infelizmente, fui demitida.
Agatha, preocupada, perguntou. - E agora, Fe?
Tentei tranquiliza-la - Vou conseguir outro emprego em breve, você vai ver.
Nesse momento, Antony, o mais velho entre nós, entrou na sala e nos cumprimentou.
Antony: Boa noite.
Respondemos em sincronia. "Boa noite."
Fernanda: Onde você andou o dia todo? - Questionei Antôny, tentando controlar minha frustração.
Ele respondeu com impaciência.
Antony: Não começa, Fernanda!
Desapontada, continuei.
Fernanda: Devia me ajudar, agora que estou desempregada. O jornal está aqui, você bem que poderia olhar essa vaga de motorista aqui!
Antony olhou sério para mim e declarou. - Vou atrás dos meus sonhos! Infelizmente, não posso te ajudar nessa. Não vou passar minha vida inteira ganhando uma mixaria. Ainda vou ser muito famoso e voltar para ajudar vocês!
Minha frustração aumentou, e levantei da mesa com um suspiro. - Pelo visto, não vamos chegar a lugar nenhum.
Ele tentou amenizar a situação.- Fernanda, amanhã eu vou viajar. Queria partir sem mágoas ou ressentimentos. Não quero ficar de mal de você.
Minha resposta foi indiferente. - Tanto faz.
Subi para o meu quarto, tomei um banho e logo adormeci, ansiosa para acordar cedo e verificar as vagas de emprego no jornal.
Na manhã seguinte, levantei-me, desci para preparar o café. João e Agatha desceram, já prontos para o colégio, e logo após, Antony desceu com suas malas.
Fernanda: Bom dia, meus amores. Sentem-se para tomar café. - Convidei.
Antony respondeu, tentando parecer animado. - Humm, parece ótimo!
Fernanda: Sim, está ótimo. Vejo que já arrumou suas malas. Pelo que vejo, não consigo te convencer do contrário! - Comentei enquanto levava uma xícara de café à boca.
Antony: Vou buscar meus sonhos, Fe. Acredita em mim, ainda vou fazer muito sucesso! - Afirmou Antony com determinação.
Eu sorri, mostrando meu apoio. - Eu acredito em você, boa sorte, maninho. E, por favor, tome cuidado.
Agatha, com os olhos cheios de lágrimas, suplicou. - Fica, por favor, não vá!
Antony acariciou os cabelos dela com carinho. - Eu vou, mas vou voltar, eu prometo!
Fernanda: Bom, vou levar vocês para o colégio. E depois, vou a luta!
Antony: Vou esperar os meninos, eles estão vindo me buscar.
Fernanda: Está bem! Se cuida, e mande notícias! - Pedi com um sorriso.
Antony brincou. - Pode deixar, minha cópia!
Fernanda: "Rsrsrs". Respondi com uma risada, tentando esconder a preocupação que estava sentindo.
Não estava brava com Antony, apenas um pouco indignada talvez. Não poderia impedir que ele buscasse seus próprios sonhos, mas rezava para que ele não se envolvesse em coisas erradas e que tomasse cuidado.
Após deixar João e Agatha na escola, segui para os endereços das vagas anunciadas. Ao chegar no local indicado para a vaga de babá, deparei-me com uma casa enorme e aparentemente vazia. Parecia que a vaga era realmente minha. Toquei a campainha, e logo uma senhora muito elegante veio me atender.
Fernanda: Bom dia, vim pela vaga oferecida! - Cumprimentei com um sorriso.
A mulher convidou-me a entrar: Assim entre, querida.
Fernanda: Já tem alguém para a vaga? - indaguei curiosa.
Ela respondeu: Vamos entrar. Bom, umas candidatas vieram, mas acho que não estavam preparadas!
Adentrei na casa, que por dentro parecia ser tão grande quanto um castelo.
Fernanda entrou na casa com os olhos arregalados de espanto.
Fernanda: Uau, sua casa é gigantesca!
A anfitriã, com um sorriso caloroso, respondeu:
Mulher: Sim, haha! Venha conhecer as crianças.
Fernanda seguiu a mulher, curiosa. Quando chegaram à sala, ela ficou boquiaberta ao ver sete crianças brincando.
Fernanda: Crianças? Eu pensei que fosse só uma!
A mulher riu gentilmente.
Mulher: São sete, na verdade. Não quis mencionar isso no anúncio para não assustar as candidatas, mas eles são bastante tranquilos.
Fernanda riu nervosamente.
Fernanda: Espero que sim! 😅
A mulher explicou detalhadamente a rotina que esperava de Fernanda:
Mulher: Bem, estes são meus filhos e o meu marido, Zayan. Basicamente, você terá que levá-los para a escola e buscá-los, enquanto estiverem na escola, ajudar a empregada com a limpeza, dar banho neles e colocá-los para dormir às 21:00. Seu horário de trabalho será das 8:00 da manhã às 22:00, de segunda a sábado. Além disso, em alguns domingos, iremos para a praia, e você também ficaria de olho nas crianças nesses dias. Alguma pergunta? Ah, o salário é de 1.200,00."
Fernanda ponderou por um momento.
Fernanda: Uau, isso é por cuidar das crianças, certo? E a faxina é por fora?
A mulher balançou a cabeça.
Mulher: Não, mas meus filhos são tão tranquilos!
Fernanda sorriu e respondeu com um toque de humor:
Fernanda: Me desculpe, então você mesma pode ficar cuidando deles 1.200.
Zayan o marido, interveio e convidou sua esposa para uma conversa mais privada no escritório, deixando Fernanda sozinha com as crianças, que começaram a cochichar entre si.
Criança 1 sussurrou: Vamos fazer com que ela desista.
Criança 2 concordou: Ela não vai durar um minuto.
Criança 3 mostrou confiança: "Essa aí já era."
Enquanto as crianças conspiram, Fernanda começou a sentir a pressão da situação e seu nervosismo aumentou.
Fernanda: Estou encrencada! - Ela rapidamente pegou sua bolsa e saiu correndo daquela casa cheia de personalidades peculiares. - Que família excêntrica! Agora só me resta a vaga de dançarina e a de motorista.
Ao chegar ao endereço da vaga de dançarina, Fernanda se deparou com a visão inesperada de várias mulheres semi-nuas. Ela hesitou por um momento antes de comentar:
Fernanda: Isso não é para mim? - Com um rápido movimento, ela deu meia volta e fugiu do local, decidida a encontrar outra oportunidade de emprego. Após várias tentativas fracassadas, ela percebeu que já tinha caminhado por quase cinco horas.
Finalmente, ao passar em frente ao apartamento de Manu, que provavelmente já estava acordada, Fernanda tomou uma decisão impulsiva. Subiu até o apartamento, tocou a campainha e aguardou ansiosamente.
Manu recebeu Fernanda com um abraço caloroso.
Manu: Amiga, oi! Nossa, você parece horrível!
Fernanda respondeu com ironia. - Ah, obrigada!
Manu insistiu. - Entra, entra! Então, encontrou alguma coisa?
Fernanda suspirou, desanimada. - Bem, fora uma família maluca com um monte de pestinhas e uma boate com strippers semi-nuas, não, não encontrei nada!
Manu riu. - Menina, está difícil mesmo, né? - Soltou risadas da situação.
Fernanda concordou. - Percorri a cidade inteira e não achei nada!
Manu teve uma ideia:
Manu: Vem cá, amiga, me dê o jornal.
Fernanda entregou o jornal a Manu, que começou a folheá-lo.
Manu: Não tem mais nada aqui, olhei todos os anúncios.
Fernanda ficou preocupada. - Só uma vaga de motorista particular!
Manu sugeriu. - Então vamos lá agora mesmo, eu só preciso vestir uma roupa!
As amigas partiram de carro em direção ao endereço da vaga de motorista. Quando chegaram lá, ficaram impressionadas com a beleza da casa, que tinha um jardim repleto de rosas.
Na entrada, havia vários homens que claramente estavam interessados na vaga. Fernanda desceu do carro junto com Manu e se dirigiram aos rapazes ali presentes.
Fernanda: "Com licença, vocês estão aqui pela vaga de motorista!"
Um dos homens respondeu:
Homem: "Sim, senhorita. Você veio trazer o currículo do seu marido?"
Manu, indignada, explicou:
Manu: "Não, nós não viemos pela vaga!"
O homem, com um tom desrespeitoso, provocou:
Homem: Me desculpe, senhorita, mas a vaga é para o sexo masculino, a menos que a senhorita tenha duas bolas no meio das pernas.
Os outros homens soltaram gargalhadas.
Manu não conteve sua raiva:
Manu: Seu idiota, grosso!
O homem argumentou, apontando para um aviso:
Homem: Está escrito ali: 'Vagas para homens', não está vendo!
Manu respondeu com desdém:
Manu: Otário! Que babaca!
Fernanda, percebendo que a situação estava ficando tensa, sugeriu:
Fernanda: Vamos, Manu, tenho que voltar para casa.
Manu concordou, mas com um olhar de indignação:
Manu: Devia dar uma lição naqueles babacas!
Elas entraram no carro e se afastaram dali, voltando para a casa de Fernanda.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
NEIVA De souza
hum, acho que ela vai ser essa motorista
2024-01-06
2
Jaciara Barbosa
que situação difícil
a dela
2024-01-05
1
Iara Drimel
Perder o emprego e ter que sustentar aos irmãos menores é muito difícil.
Ainda mais quando não há bons empregos indisponíveis 😣
2023-12-30
2