Capítulo 5 Rafaella

— Seu advogado está lhe aguardando.

O carcereiro me diz.

— Advogado?

— É! Vamos logo que eu não tenho todo tempo do mundo para você.

Ajeito o meu cabelo em um coque, estico os braços para ele colocar as algemas e o sigo.

Eu não contratei nenhum advogado, será que ele está falando com a pessoa certa?

Entro na sala e ele tira as algemas.

Passo as mãos em meus punhos, é tão humilhante ser algemada.

Este deus grego é o meu advogado? Que homem mais lindo. Seus traços são perfeitos.

Quando ele me cumprimentou todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

Concentra Rafaella, concentra. Digo mentalmente.

Ele me pede para contar tudo o que aconteceu naquele fatídico dia, vou contando e revivendo cada segundo.

Eu disse apenas a verdade, sei que é difícil acreditar, mas eu realmente sou inocente.

— Voltarei em breve.

— Muito obrigada doutor.

Eu o abraço no impulso, sinto ele ficar rígido.

— Se o senhor puder mande um beijo para a dona Rosa, para o seu Gegê e o Dani por favor.

— E obrigada mais uma vez.

— Por nada Rafaella.

Aquelas palavras vibraram por todo o meu ser, que homem!

Volto mais animada e esperançosa para a minha cela, as meninas me perguntam se realmente era um advogado, lhes conto tudo e digo que ele não irá cobrar de mim.

— Qual o nome dele?

— Leonardo Millani.

— Pqp! Este advogado é implacável! — Ele quando quer, passa com o rolo compressor.

— Ele têm muitos inimigos.

— Eu estou aqui por causa dele, ele defendeu a causa do meu Ex-marido Tomás.

A Marcela diz.

Na verdade ela está aqui por conta do crime que ela cometeu e não por culpa dele.

— Eu não o conheço.

Digo sincera.

— O importante é que ele vai te ajudar a sair daqui.

— A lili vai cantar.

— Obrigada por tudo meninas.

— Obrigada a você também chefe, foi por causa do telefonema que você me permitiu dar que consegui um advogado.

— Eu estou aqui porque eu errei, não é justo uma inocente pagar por algo que não fez.

[...]

Tem quatro dias desde que o advogado esteve aqui. Será que realmente vou conseguir sair daqui?

— Vamos, o juíz assinou o seu hábeas corpus, você está livre.

Ouço o carcereiro dizer.

As meninas começam a comemorar junto comigo, me despeço de uma por uma. Gostaria de tê-las conhecido em um outro momento em outro lugar.

Cada uma está aqui por um ou mais crimes que cometeu, cada uma tem uma história e não cabe a mim julgar nenhuma delas.

Pego as minhas coisas e ao pisar na calçada, me ajoelho chorando, sendo iluminada pelo sol.

Vejo o senhor Leonardo encostado no carro ao lado do Dani.

Corro até ele e o abraço novamente.

— Muito obrigada.

Digo soluçando de chorar.

— Diferente da outra vez, ele corresponde ao meu abraço.

Permaneço ali transmitindo toda a minha gratidão.

Saio do seu abraço e vou até o Dani lhe dando um mega abraço.

— Não chore mais pequena, acabou.

— Podemos ir Daniel.

O Leonardo diz com aquela voz maravilhosa.

— O choro agora é de felicidade Dani.

— Muito obrigada a você, a sua mãe e o seu pai.

— Não há o que agradecer, nós sempre acreditamos na sua inocência.

— Como está a sua mãe?

— Está bem, ainda não sabe que você saiu, o senhor Leonardo quer fazer uma surpresa para ela.

— Vou fazer um bolo para quando vocês chegarem em casa, quero matar a saudade de vocês.

— Acho que você não entendeu Rafaella, você vai almoçar conosco, pode fazer o bolo em casa, faço questão de provar.

— Eu. vou. para.a.casa.do.senhor?

Pergunto gaguejando, o que me deixa bastante irritada por isso.

— Está com problema na fala?

Gargalho.

— Não.senhor.

Saco!

— E porque continua gaguejando então?

— O senhor me deixa nervosa.

Digo sincera.

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