Capítulo 18

Lenka Sotomayor.

Quando todos se vão, corro em direção a Otelo, quero saber o que aconteceu com esse encrenqueiro. Realmente não quero que ele arranje problemas com sua família, pois isso pode arruinar suas chances de ser o herdeiro.

< Otelo, você bateu nele, não é? Você não deveria ter feito isso, pois pode te trazer problemas. Você deveria estar se esforçando para ser o herdeiro do avô, Denis não pode ser boa pessoa estando no velório de sua esposa morta e com a amante ao lado - falo rapidamente e só então percebo que falei demais por estar ansiosa à toa.

Otelo me olha fixamente e se aproxima de mim de forma ameaçadora, e eu recuo feito boba. Ele é realmente intimidador, esse garoto.

< Como você sabe que essa mulher é a amante dele? São seus palpites de novo? - ele diz de forma severa, mas tudo que posso fazer é inventar alguma bobagem.

< Não, Otelo, não é isso. Mas era óbvio como ela se agarrava ao braço dele de forma tão íntima, além do que, ela reclamava quando aquele velho tarado dava em cima de mim, e isso só uma mulher ciumenta faz com seu amante. Estou 99,9% certa de que aquela mulher é a amante dele - digo engolindo em seco; ele está tão perto que posso sentir o calor de sua respiração em meu rosto.

Ele me olha e depois apoia os braços na parede quase às minhas costas enquanto eu recuo um pouco mais.

< Lenka, não saia espalhando seus palpites e suas porcentagens por aí. Eu não quero problemas com esse imbecil, só quero tomar as empresas dele, isso é tudo. Não me envolva em mais confusões - ele diz como se eu fosse a vilã da história.

< Otelo, acabei de te dar uma arma contra Denis e você me agradece com ameaças. Você não faz ideia do que o avô faria se descobrisse que Denis tinha uma amante enquanto Melina ainda estava viva. Isso é algo que ele nunca iria permitir - digo irritada, Otelo não confia em mim e questiona tudo o que digo.

Otelo me olha intensamente como se tentasse ler minhas intenções e depois se aproxima ainda mais, deixando nossos narizes tão próximos que quase se tocam.

< O que você sugere? - ele diz desconfiado.

< Você deveria contratar um hacker para invadir as câmeras de segurança da casa dele. Tenho certeza de que deve haver imagens comprometedoras. Elas deveriam ser de uns 6 meses antes do desaparecimento da sua cunhada, e você verá que estou certa. Esse cara é um descarado, flertou comigo na sua frente e na do caixão da esposa. Acredito que ele seja capaz de tudo - digo com confiança enquanto ele se afasta e sobe para o seu quarto no andar de cima.

Sinto como se minha alma estivesse saindo do peito, falei demais e tudo por causa de um garoto impetuoso e ridículo.

Vou para o meu quarto, exausta até os ossos, realmente quero desmaiar neste momento.

No dia seguinte, acordo porque Nana Berta entra com uma bandeja de café da manhã. É sábado e sinto que trabalhei um mês inteiro só com aquele jantar. As tarefas domésticas são um trabalho muito cansativo e pouco valorizado. As esposas deveriam receber um salário por fazer tudo isso.

< Menina Lenka, bom dia. Você precisa tomar café, já é muito tarde. O jovem Otelo disse que você se saiu muito bem com o jantar ontem e seus sogros me ligaram para perguntar se eu tinha ajudado. Eu disse a verdade, que tinha tirado o dia de folga e não pisei na cozinha - ela diz sorrindo enquanto eu coro, afinal de contas, me saí muito bem.

< Nana, o Otelo está em casa? - pergunto, pois quero ligar para Clara para encontrá-la e dizer que somos um ótimo time.

< Não, minha menina, Otelo saiu cedo. Tinha várias reuniões. Você sabe que a filial do norte é maior que a filial do sul, e o trabalho lá é realmente absorvente - Nana me diz e me lembra de algo que eu tinha esquecido.

Quase um ano atrás, ouvi Denis falando ao telefone com um suposto sócio que o repreendia por algo, e Denis parecia nervoso. Pelo que pude ouvir, o negócio tinha ido muito mal e havia um déficit. Isso significa que, se não veio à tona, é porque ele encobriu muito bem, e isso deveria aparecer em uma auditoria.

Preciso ser mais astuta e parar de falar bobagens. Tenho que planejar bem como trazer Otelo para esta questão. Preciso conduzir as coisas com mais inteligência; sou muito governada pela minha necessidade de vingança.

Ligo para Clara, pois na segunda-feira começo as aulas e estou animada. Fui a melhor aluna na universidade e agora não vai ser diferente.

Clara chega feliz e me conta que Enzo a convidou para sair, mas não gosto desses amigos de Otelo. Não digo que sejam maus, mas sei que são uns galinhas do pior tipo, e isso não me agrada para Clara. Essa menina é capaz de acreditar que a lua é feita de queijo se alguém lhe disser isso olhando nos olhos.

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