Capítulo 14

Minha querida Clara chega para me ajudar, a pobre não sabe nem fritar um ovo, é uma menina rica igual à verdadeira Lenka então o que quero é que ela vá picando as coisas que eu vou indicar enquanto eu cozinho.

Já tenho minhas receitas definidas e começo pelos pratos que posso aquecer na hora de servir, mas os que não posso farei por último para que o micro-ondas não fique sobrecarregado.

Chega a tão esperada hora e tenho tudo quase pronto, Clara já pôs a mesa enquanto eu termino os detalhes, estou nervosa, espero que gostem, provei tudo e acredito não ter excedido em nada nem tampouco deixado de colocar o suficiente.

< Lenka, já é quase hora, você precisa se arrumar, não pode receber os Crown com essa roupa – Clara me diz enquanto segue arrumando os copos para água e vinho, mas quando estou prestes a ir ao meu quarto me trocar, a campainha toca e vou abrir assustada com a possibilidade de eles terem chegado e eu nesta situação.

Quando abro a porta queria morrer, é Lilian toda arrumadinha feito uma princesa fazendo meu sangue ferver.

< Lenka, você é uma desalmada! Como não me avisa que tem um jantar com os Crown, deveria ter nos convidado também? – ela diz e tenta entrar, mas eu a impeço, ela que não venha com suas tolices para cima de mim.

< Lilian, não te convidei porque não é um jantar para vocês, e como não está convidada é melhor que vá embora, não tenho tempo para suas bobagens – digo irritada, isso me toma tempo e estou uma bagunça.

< Lenka, não aceito que me expulse, vou entrar e você não vai me deter – a idiota me grita me tirando do sério.

< Lilian, se não sair agora, vou fazer chamar os guardas como se fosse uma delinquente e por último solto os cães para te morderem e se mesmo assim não for embora te jogo água fervendo para ver se se toca, estúpida – digo irritada e fecho a porta na sua cara, estou tão irritada.

Tento me acalmar e me viro para ir me trocar e me deparo com um muro de quase dois metros que quase me dá um infarto.

< Otelo, mas que diabos! Você me assustou de morte – digo enquanto dou tapinhas no peito.

< Que cães você pensa em lançar na sua irmã? Que eu me lembre, não temos cães – ele me diz enquanto cruza os braços no seu amplo peito.

< Pois se não temos cães, compro um já grande e lanço nele, estou muito ocupada e ela se autoconvida, é realmente uma cara de pau, então se me permite, vou me trocar – digo para ir embora, em que momento este homem chegou? Parece um fantasma a todo momento.

Vou às pressas enquanto sinto seu olhar o tempo todo, preciso me apressar ou este tipo não vai me deixar em paz se algo der errado.

Me arrumo como posso até que Clara me diz que o primeiro carro está chegando e que devo ir recebê-lo enquanto ela se apronta para me ajudar depois, é um trabalho titânico, não só veio a avó com o avô e a mãe de Otelo, também vem seu pai, sua irmã, a irmã mais nova do pai com o marido e suas filhas que devem ser umas 12 pessoas sem contar os amigos desse tipo.

Desço feito um raio enquanto Otelo que está na sala frunce a testa de novo ao me ver, não me digam que estou mal?

< Estou apresentável? – pergunto enquanto ele apenas assente e vai à porta receber os avós que chegaram primeiro.

Ambos entram e me cumprimentam com carinho, acho que causei uma boa impressão no velório então estou satisfeita com esse pequeno triunfo.

< Lenka, minha menina, olha só que linda você está esta noite, realmente meu neto tem muito bom gosto – o avô me elogia enquanto vejo que Otelo me olha de relance e eu desvio o olhar.

< Avô, não diga isso, Otelo também é muito bonito – digo para que “sua majestade” não se sinta ofendido e me queira dar outra tarefa titânica.

Convido-os a entrar na sala de estar e lá levo algumas bebidas para eles, sei que a avó e o avô gostam de suco de acerola, me custou um mundo encontrar essa fruta, mas consegui.

Ambos beberam felizes, além do mais, saiu uma delícia, enquanto isso tiro o vinho favorito de Otelo e o abro para servir-lhe uma taça que entrego com diligência enquanto ele me olha em silêncio, esses silêncios que assustam.

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