Por isso ele não se importa nem um pouco com tradições que os crentes ou oficiais da Igreja achariam ultrajantes.
Mas era inconveniente que Yarei fosse Holo este ano.Agora Yarei seria trancado em um celeiro abarrotado de trigo até que o festival acabasse — cerca de uma semana — e seria impossível dizer com ele.
“Sem alternativas, suponho...” disse Lawrence, suspirando enquanto virava sua carroça e ia para a residência do chefe da vila.
Ele queria aproveitar para beber um pouco com Yarei e relatar os eventos no monastério, mas se ele não vendesse as peles que estavam empilhadas na sua carroça-cama, ele não poderia pagar pelas mercadorias compradas em qualquer outro lugar quando as contas vencessem. Ele também gostaria de vender o trigo que trouxe da outra vila e não poderia esperar o festival terminar.
Lawrence falou brevemente dos acontecimentos do meio dia no monastério ao chefe da vila, que estava ocupado com os preparativos para o festival. Ele polidamente recusou a oferta de passar a noite e deixou a vila para trás.
Anos antes do Conde começar a gerir a região, ela sofreu sob pesadas taxas que reduzia o preço da sua exportação. Lawrence havia comprado um pouco do trigo desvalorizado e o vendeu a lucro baixo. Ele não fez isso para ganhar a simpatia da vila, simplesmente não tinha recursos para competir com os outros mercadores com grão mais finos e baratos. Mesmo assim, a vila ainda ficou grata pelo seu negócio e Yarei foi o intermediário do acordo.
Infelizmente não poderia aproveitar uma bebida com Yarei, mas uma vez que Holo aparece, Lawrence seria em breve expulso da vila quando o festival chegasse ao seu clímax. Se passasse a noite, não poderia ficar por muito tempo. Enquanto sentava em sua carroça, Lawrence sentiu uma certa solidão por ser excluído.
Mordiscando alguns vegetais que ganhou de lembrança, ele tomou a estrada para oeste, passando por alegres camponeses retornando do seu dia de trabalho.
Voltando para sua solitária viagem, Lawrence invejou os camponeses e seus amigos.
Lawrence era um mercador viajante nos seus vinte e cinco anos. Aos doze ele foi aprendiz soba tutela de um parente e aos dezoito ele se tornou independente. Ainda havia muitos locais por visitar e sentiu que o verdadeiro teste da sua vida de mercador ainda estava por vir.
Como qualquer mercador viajante, seu sonho era guardar dinheiro suficiente para abrir uma loja em alguma cidade, mas o sonho ainda parecia distante. Se ele pudesse agarrar uma boa oportunidade, talvez o sonho não estivesse tão distante assim, mas infelizmente comerciantes mais poderosos tomavam essas oportunidades com seu dinheiro.
No entanto, ele transportava cargas através das regiões rurais para pagar seus débitos no limite do prazo. Mesmo que encontrasse uma boa oportunidade, não teria os meios de aproveitá-la. Para um mercador viajante, tal coisa era inalcançável como a lua no céu.
Lawrence olhou para a lua e suspirou. Percebeu que os suspiros se tornaram mais frequentes ultimamente, seja como reação aos anos de negociações frenéticas simplesmente para fechar as contas do mês, ou porque recentemente estava se adiantando e pensando mais sobre o futuro.
Além disso, quando ele pensava em outras coisas além de credores, prazos e alcançar a próxima cidade o mais rápido possível, sua mente era dominada por eles.
Especificamente, pensava nas pessoas que encontrava durante suas viagens. Pensava nos mercadores que conheceu visitando uma cidade repetidamente a negócios e nos aldeões conhecidos em seu destino. A empregada pela qual se apaixonou durante uma longa estadia em uma pousada, esperando a nevasca passar. E por aí vai.
Resumindo, ansiava por mais companhia e mais frequentemente. Tal desejo era um risco para a ocupação de mercador que passava a maior parte do ano viajando sozinho em uma carroça, mas Lawrence começou a sentir isso apenas recentemente. Até agora, apenas se vangloriava que isto nunca aconteceria com ele.
Entretanto, tendo passado tantos dias sozinho com um cavalo, ele começou a pensar que seria bom se o cavalo pudesse falar. Histórias sobre cavalos se tornando humanos não eram incomuns entre mercadores viajantes, e Lawrence desde o início riu desses contos ridículos, mas ultimamente se perguntava se não seriam reais.
Quando um jovem mercador comprava um cavalo de um comerciante de cavalos, alguns até mesmo seriamente recomendariam uma égua, “apenas em caso dela se tornar humana”. Isto já aconteceu com Lawrence, que ignorou o conselho e comprou garanhão robusto.
Este mesmo cavalo estava trabalhando continuamente diante dele mesmo agora, mas com o passar do tempo e Lawrence se tornando solitário, se perguntava se não teria sido melhor com a égua afinal de contas.
Por outro lado, este cavalo transportou cargas pesadas dia após dia. Mesmo que se tornasse um humano, parecia impossível que se apaixonaria pelo seu dono ou usaria seus poderes misteriosos para lhe trazer fortuna. Provavelmente gostaria de ser pago e descansar, Lawrence pensou.
Tão logo isto lhe ocorreu, ele pensou que seria melhor se o cavalo continuasse como cavalo, mesmo se isso fizesse dele um egoísta. Lawrence riu amargurado e suspirou como se estivesse cansado consigo mesmo.
Em pouco tempo ele alcançou um rio e decidiu montar acampamento para a noite. A lua cheia brilhava, mas isto não garantia que não cairia no rio — e se isso acontecesse, chamar isso de um “desastre” seria uma atenuação. Ele teria que se enforcar. Deste tipo de problema ele não precisava.
Lawrence puxou as rédeas e o cavalo parou com o sinal, dando dois ou três relinchos ao perceber que o tão aguardado descanso havia chegado.
Dando o resto dos vegetais ao cavalo, Lawrence removeu um balde da carroça, pegou um pouco de água do rio e o pôs diante do animal. Enquanto ele bebia feliz, Lawrence tomou um pouco de água que conseguiu na vila.
Vinho teria sido bom, beber sem um companheiro apenas faria a solidão piorar. Também não havia garantias de que não iria ficar bêbado, então Lawrence decidiu ir se deitar.
Ele apenas mastigou desmotivado alguns vegetais ao longo da estrada, portanto comeria apenas um pedaço de carne antes de subir na carroça. Normalmente dormia na lona de cânhamo que cobria a carroça, mas hoje ele tinha uma carga de peles de marta, então seria um desperdício não dormir com elas. Isto poderia fazê-lo cheirar um pouco selvagem pela manhã, mas era melhor do que congelar.
Mas pular diretamente sobre as peles iria esmagar o feixe de trigo, então para tirá-lo do caminho, ele puxou a lona da carroça.
O único motivo pelo qual não gritou foi porque a visão que obteve era terminantemente inacreditável.
“...”
Aparentemente ele tinha uma hóspede.
“Hey.”
Lawrence não tinha certeza se sua voz de fato fez algum som. Estava em choque e se perguntava se a solidão finalmente o dominou e ele estava alucinando.
Mas depois de balançar a cabeça e esfregar os olhos, sua hóspede não havia desaparecido.
A bela garota estava dormindo tão profundamente que parecia uma pena acordá-la.
“Ei, você aí,” disse Lawrence, voltando a si. Ele pretendia averiguar o que exatamente motivou alguém a dormir na carroça. No pior dos casos, poderia ser uma fugitiva da vila. Ele não queria este tipo de problema.
“...hrm?” foi a frágil resposta da garota para Lawrence, seus olhos ainda fechados, sua voz tão doce que faria um pobre mercador viajante — acostumado apenas aos prostíbulos das cidades — delirar.
Ela era terrivelmente fascinante, apesar de ser obviamente jovem, abrigada nas peles e iluminada pelo luar.
Lawrence engoliu em seco uma vez antes de voltar a razão.
Como era tão bela, se fosse uma meretriz, não havia como dizer o quanto seria cobrado se chegasse a tocá-la. Considerando sua situação econômica foi mais efetivo que qualquer reza. Lawrence se recompôs e levantou sua voz mais uma vez.
“Ei, você aí. O que você pretende, dormindo na carroça de outra pessoa?”
A garota não acordou.
Farto com esta garota que dormia tão obstinadamente, agarrou a pele que apoiava sua cabeça e a puxou. A cabeça da garota caiu no espaço deixado pela pele, finalmente ele a ouviu grunhir irritada.
Estava a ponto de levantar sua voz novamente, mas então ele congelou.
A garota tinha orelhas de cachorro em sua cabeça.
“Mm... hah...”
Agora que a garota parecia ter finalmente acordado, Lawrence reuniu sua coragem e falou novamente.
“Você aí, o que está fazendo subindo na minha carroça?”
Lawrence já foi roubado mais de uma vez por ladrões e bandidos enquanto atravessava a zona rural.Se considerava mais ousado e corajoso que uma pessoa comum.Não era ele que iria vacilar apenas porque a garota na sua frente acabou tendo orelhas de animal.
Apesar do fato da garota não ter respondido suas questões, Lawrence não é repetiu.
Isto porque a garota, que acordava lentamente diante dele e estava totalmente nua, era tão linda que o deixou sem palavras.
Seu cabelo, iluminado pelo luar, parecia tão seda e caía sobre seus ombros como o melhor dos mantos.Os fios que caíam do pescoço para a clavícula eram uma curva tão bela que humilhavam as pinturas da Virgem Maria, seus braços esculpidos no gelo.
E agora no meio de seus corpos eram seus dois pequenos seios, tão belos que pareciam de algum material inorgânico.Eles exalavam um aroma estranhamente vital, como se alojado dentro do seu atrativo tivesse uma chama.
Mas tal fascinante espetáculo foi rapidamente desfeito.
A garota vagarosamente abriu sua boca e olhou para o céu.Fechando seus olhos ela uivou.
“Uauuuuuuu!”
Lawrence sentiu um medo abrupto — se pelo seu corpo como o vento.
O u era o som de um lobo para chamar pelos seus companheiros, perseguir e encurralar um humano.
Este não era um uivo como o que Yarei soltou mais cedo.Era um uivo genuíno.Lawrence derrubou o pedaço de carne da sua boca;seu cavalo empinou assustado.
Então ele pago algo.
A silhueta enluarada da garota — com orelhas em sua cabeça.As orelhas de uma fera.
“... Hum.Esta é uma boa lua.Você não tem nenhum vinho?”ela falou, devendo o uivo desvanecer, levantando seu queixo e sorrindo levemente.Lawrence voltou a si com o som de sua voz.
O que estava diante dele não era nenhum cachorro ou lobo.Entretanto, era uma bela garota com orelhas desses tipos de animais.
“Não tenho nenhum.E o que é você?Por quê dormiu na minha carroça?Você seria vendido na cidade?Por acaso escapou?”Lawrence não indagar tão autoritariamente quanto fez, mas a garota muito além de se mover.
“O quê, nenhum vinho?E comida, então...?Ah, que desperdício”, disse a garota despreocupada, seu nariz se contraindo.Ela espiou o pedaço de carne que Lawrence quase come, jogando-o para cima e agarrando com a boca.
Elava, Lawrence não resistiu em notar as duas presas da garota afiada por entre os lábios da garota.
“Você é algum tipo de demônio?”ele peça, sua mão se aproximando da adaga em sua cintura.
Como os mercados geralmente carregavam suas riquezas precisavam confiscar grandes quantidades, eles geralmente carregavam suas riquezas em itens.A adaga de prata era um desses itens, e a prata era conhecida como um metal sagrado, forte contra o mal.
Entretanto, Lawrence colocou sua mão na garota adaga e fez sua pergunta, a sem olhar quando, então riu gostosamente.
“Ah-há-há-há!Eu, um demônio agora?”
Sua boca abriu o suficiente para deixar o pedaço de carne, ela era tão bonita que o desarmou
Suas duas presas apenas são a mais encantadoras.Entretanto, ser motivo de piada deixou Lawrence irritado.
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Atualizado até capítulo 118
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