Capítulo 08

Antonella

– Querido, que bom que chegou.

Ele se esquiva e me lança um olhar mortal, olho no relógio da parede em frente e são 10h da manhã, pelo visto ontem ele chegou em casa cansado, pena que foi pouco era para ter dormido fora, assim evitava que ele dormisse em minha cama.

– O que faz aqui Emma? Não tem trabalho a fazer? – Ele diz ainda parado encarando ela, eu bem que tento disfarçar e não olhar, ela faz biquinho e coloca as mãos no peito dele

– Vim alegrar o seu dia, meu bem – ela sorrir maliciosa.

– Agora não Emma, vai procurar trabalho, se não tiver o que fazer passe no Rh e peça as contas.

Ela engole em seco, porque essas mulheres se sujeitam a isso? Eu aguento pelo meu filho, elas não tem um pinto para dar água, não entendo, mas cada qual com seus problemas.

– Tudo bem querido, mais tarde me liga que eu venho correndo, lhe satisfazer do jeitinho que você gosta.

Ela sai sem olhar para mim, talvez esteja com vergonha. Ledo engano, quando entra no elevador me dirige um olhar mortal antes da porta se fechar. Meu chefe continua parado me olhando furioso.

– porque merda saiu sem tomar café comigo?– ele diz se aproximando da minha mesa – Quer da motivos para que desconfiem? É isso Antonella?

– Desculpe senhor Becker – digo de cabeça baixa.

– Não me chame assim, c4r4lh0 Antonella.

– Desculpe Michel, eu não queria atrapalhá-lo, achei que deveria me manter invisível e continuar com a minha rotina para não atrapalhar a sua – digo submissa e me odeio muito por isso.

– você não tem que achar nada Antonella, quando você chegar em casa terá um closet novo, não quero que continue se vestindo como uma mendiga – ele diz me olhando de cima abaixo, eu estou apresentável com uma roupa barata sim, porém apresentável – Para a criança comprei o necessário também, e você não se atreva a dormir no quarto do menino outra vez.

– Matheo. – Eu digo.

– Não entendi – ele diz confuso

– o nome do meu filho é Matheo, mas aposto que você não sabia.– ele me olha e sua expressão não muda, para ele tanto faz mesmo.

– Não f0de p0rr4, amanhã ele vai para outra creche, não para uma qualquer, e terá uma babá não quero você no quarto dele depois que ele dormir.

– Não precisa,– digo e me belisco mentalmente quando ele me encara furioso, suspiro derrotada – você poderia disponibilizar Valentina para isso?

Ele me encara por um tempo, e quando eu penso que não vai ceder só para me atormentar mais um pouco, ele suspira e concorda.

– tudo bem, não se acostume, não vou ceder nada para você Antonella, não pense que terá vantagem alguma, estou fazendo isso para benefício próprio.

Como se eu tivesse escolha, ou vantagem sobre ele, mais um dia de trabalho finalizado, não tenho muito contato com Michel hoje, ainda bem, Suzanne dificultou meu trabalho o máximo que pode.

Assim que chego em casa suspiro derrotada, infelizmente não encontrei kira novamente na creche, na empresa Charlotte não foi hoje, parece que pegou uma gripe.

Antes de eu descer do carro, Sean se vira para mim.

– Cuidado com a senhora Martha e Petra, não deixe seu filho sozinho, um olho aberto e outro fechado sempre.

Sean diz, não como uma ameaça, mas é como um aviso, concordo e saio do carro com Matheo no colo, assim que entro na sala tenho o desprazer de cruzar com as cobras.

–Olha se não é a pobretona que chegou. – Martha diz e olha para meu filho fazendo cara de nojo – É, até que parece com Michel, mas todo mundo hoje em dia é parecido duvido que esse bastardo seja filho dele.

– Com certeza é golpe mamãe, mas uma achando que vai se dar bem na vida, coitada.– Petra diz debochada

– Ah sim, conheço uma interesseira de longe, tanta gente de classe para casar e seu irmão trás uma qualquer para dentro de casa.

– Reclame com ele senhora, não comigo, não tenho nada a ver com isso. – Eu falo

Ela me olha como se pudesse me amaldiçoar, imediatamente viro a cabeça do meu filho quando Petra se levanta, vem na minha direção, tento sair da sala mas, Petra me alcança e segura meu braço.

– Toma cuidado querida com o que fala, não queremos que nada aconteça com você e o bastardinho.

Ela diz e volta a se sentar no sofá ao lado da mãe, como se não tivesse me ameaçado, isso foi uma ameaça, certo?

Corro para o quarto de Matheo que chora, acho que consegue sentir meu desespero e o medo.

Não demora muito Valentina entrou no quarto.

– Desculpe senhora, não consegui ir na porta lhe receber, fiquei sabendo que serei a nova babá desse pequeno príncipe.

Ela diz sorridentemente alheia ao meu sofrimento, se ver se finge de cega, surda e muda. Matheo para de chorar e começa a colocar a mãozinha na boca.

– Desculpe Tina, eu não queria lhe dar mais trabalho, mas eu só confio em você nessa casa. – digo preocupada em ela não ter gostado, odeio incomodar.

– Não tem problema senhora, agradeço a oportunidade, eu era uma espécie de apoio nessa casa, fazia de tudo. Agora sou babá de um príncipe lindo.

– Obrigada Tina, não sei como agradecê-la.

– Me agradeça cuidando de você, me dê esse garotão, vou banha-lo e alimentá-lo não se preocupe, vai tomar um banho de banheira que todo esse cansaço que a senhora está sentindo vai passar. — ela diz sorridente e pegando Matheo do meu colo

Quero negar, mas estou muito cansada e preciso chorar um pouco, confirmo e vou para o meu quarto que vou dividir com o filho de Lúcifer.

O banheiro é praticamente do tamanho do meu apartamento, não sei para que esse exagero todo, a banheira é convidativa, mas prefiro o chuveiro ligo depois de me despir, quando entro embaixo do chuveiro começo a chorar.

Quando vejo que já passou uma hora e que logo será o jantar eu me apreço em me vestir, não vou descer vou inventar uma dor de cabeça, que realmente eu sinto.

Por favor mãe e pai me deem forças, me ajude a conseguir vencer mais essa batalha na minha vida, sinto que estou me aproximando cada vez mais do penhasco e que mesmo que eu tente eu não consigo voltar para um lugar seguro, estou prestes a cair.

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