Quando Eu Te Amava

Quando Eu Te Amava

PRÓLOGO

A cada passo que dava o meu coração acelerava. Não conseguia entender essa sensação agoniante​ e totalmente inexplicável. Parecia com aqueles pressentimentos​s tentando avisar que algo de mau estava prestes a acontecer.

Apressei os meus passos quando os pingos de chuva começaram a descer, já estava atrasada para chegar em casa e com certeza Henrique já se encontrava preocupado. Henrique... O meu grande amor, hoje era nosso aniversário de namoro e decidimos comemorar com um jantar no restaurante da senhora Érica, uma cozinheira fantástica e fazia todos os tipos de pratos deliciosos. Amava comer no seu restaurante, era confortante.

Peguei o meu celular para ver o horário e já se passava das sete e trinta e cinco. Hoje a minha chefe pediu para limpar o galpão onde encontrava os livros empoeirados, e esqueci de avisar Henrique pela demora, então estava atrasada por culpa do trabalho. Trabalhar numa biblioteca municipal não era fácil, diariamente organizar prateleiras​, fazer cobranças dos livros emprestados ou até mesmo comprados, realmente não era fácil. Era estranho não ter nenhuma ligação de Henrique ou até mesmo de Belinha, minha melhor amiga. Sempre que demorava a chegar em casa eles ligavam-me preocupados se algo poderia ter acontecido.

Respirei fundo quando avistei o condomínio, entrei pelo portão dando um boa noite para o seu Luiz, o segurança. Ele sorriu a retribuir, corri para pegar o elevador, ao fechar a porta do mesmo vi Belinha chegando a pedir para segurar a porta, droga, tarde demais. Entrei em casa, vendo apenas a luz do quarto acesa, estranhei, nunca ficava escuro quando chegava em casa. Abrir a porta me espantando com duas malas prontas em cima da cama, o que era isso? Henrique iria viajar?

— Henrique? — chamei o procurando, vi as nossas fotos viradas em cima da cómoda. Céus, o que estava acontecendo? — Henrique? — o chamei novamente. Ouvi a porta do banheiro sendo destravada quando o mesmo saiu enrolado com a sua tolha em volta da sua cintura — O que significa isso, Henrique? — perguntei séria, ele apenas me olhava como se quisesse me matar. Não estava a entender nada.

— São as suas coisas — espantei-me, isso só poderia ser uma brincadeira de mau gosto.

— Para de brincadeira amor! — falei com a voz embargada por conta do choro já evidente.

— Quero que você saía da minha casa agora, e nunca mais apareça na minha frente, sua vagabunda! — o meu mundo caiu ao ouvi-lo chamando-me dessa maneira.

— Por que está fazendo isso? Não ouse chamar-me assim, não ouse! — gritei com a intenção de defender-me.

— Interessante, se não é uma vagabunda então deve ser uma vadia, não é? — gargalhou maldosamente, não aguentei e as minhas lágrimas já desciam desesperadamente. Nunca o vi falar-me comigo assim, nunca, então porque ele estava-me tratando dessa forma?

— Não sou nenhuma vadia, por que está a fazer isso? — fui até ele e o mesmo afastou-se.

— Então me explica o que é isso, Ellie, que porra é essa? — ele apontou para um envelope em cima da cama, o peguei assustado-me com o que tinha ali. Céus, o que era isso? — Explica agora sua vadia! Isso é você não é? FALA!!! - ele segurou os meus braços apertando com força.

— Está me machucando, Henrique! — choramiguei a sentir a dor latejando.

— Me explica, que porra é essa? Anda, Ellie, você me traiu?

Balancei a cabeça que não, não consiga falar pelas emoções vindo, queria chorar, não estava entendendo exatamente nada.

— Eu não lhe traí, jamais faria isso, e essa não sou eu! — tentei falar firmemente o que não deu certo.

Havia duas fotos "minha" dormindo com um cara, não lembrara disto, não bebi ou até mesmo nunca traí Henrique. Isso parecia coisa de gente maldosa, principalmente enviar por envelope essas fotos falsas.

— Não quero mais nada com você, saia da minha casa agora antes que eu te bata aqui! SAIA — gritou me soltando, fiquei parada como uma estátua sem saber o que fazer — Não acredito que você me traiu em uma festa de aniversário, Ellie. Não acredito — falou transtornado. Eu apenas fui em uma festa de aniversário de Belinha, mais não fiz nada demais, dormi lá mesmo em sua cama, mais jamais fiquei com alguém, nesse dia Henrique estava viajando para ver a família, e como fiquei só e Bela convencendo para ir, acabei indo — Não quero te ver nunca mais, some da minha vida!

— Por que está fazendo isso comigo? Eu não fiz nada, acredita em mim — o abracei, sentindo seus músculos quentes e trincados, ele me arrancou dele jogando-me encima da cama.

— NÃO TOCA EM MIM SUA PUTA! TENHO NOJO DE VOCÊ, NOJO.

Chorei, chorei pela humilhação que estava passando.

— O que está acontecendo aqui? — Belinha entrou no quarto, como sempre triunfante.

— LEVA SUA AMIGA EMBORA DAQUI ANTES QUE EU FAÇA UMA BESTEIRA!

Corri pra abraçar Belinha, ela retribuiu o abraço, estava doendo muito. Meu coração estava sendo esmagado como nunca.

— Vem, vamos embora. Chega disso — ela sussurrou. Olhei ao redor e Henrique já não estava mais, assenti para Bela, peguei minhas malas arrumadas, antes virei o quadro de foto que estava encima da cômoda — O que aconteceu, amiga? Por que estavam brigando assim?

— E...le acha que o tra...i — tentei falar, mais nada saiu por causa do choro chocante.

— O QUÊ? — ela se assustou e parou de andar — VOCÊ TRAIU O HENRIQUE? — chorei sem responder nada a ela, eu conhecia Belinha e sabia que ela não ficaria ao meu lado.

— Não traí ele, ele recebeu umas fotos minhas com um cara que nunca tive.

— Meu Deus... — ela andou para um lado e outro, suspirou dezenas de vezes para falar — Você sabe o que isso significa não é?

Assenti, nossa amizade não iria ser a mesma, Belinha era sua prima, e ficaria ao lado de Henrique, os dois sempre foram unidos e foi daí minha amizade com ela nasceu.

— Preciso ver ele. Pega um táxi e vá embora. Nossa amizade acabou aqui, Ellie, não o machuque mais, como você acabou de fazer.

Assenti, eu parecia mais um robô, minha cabeça rodava e não sabia o que fazer. Peguei minhas malas jurando que amanhã eu viria o ver, precisava provar minha inocência e ter meu homem de volta. Seu Luiz me ajudou a chamar táxi, não tinha ideia para onde eu poderia ir, não tenho família aqui, e principalmente dinheiro.

— Senhorita, aqui é o ponto que acaba o preço — olhei para o taxista vendo o cronômetro da corrida, já que não tinha dinheiro, desci na rua deserta mesmo. Conhecia o bairro, havia algumas casas chique, e lembrei do parque principal, continuei andando até encontrar um banco e poder chorar sem ninguém ver.

O que foi tudo isso? O que aconteceu com o meu amor? Ele não acreditou em mim? Aquela realmente era eu?

Não!

Não!

Não!

Tira essa dor de mim, Deus!

Chorei, chorei e chorei.

Estava sufocada e perdida.

Não tinha ninguém para receber uma abraço.

Todos iriam ficar contra mim.

Amigos, parentes.

Eu não fiz nada.

— Ellie? — levantei a cabeça ao ver Douglas em minha frente. Ele era amigo de Henrique, trabalhavam juntos na empresa, o tinha visto algumas vezes, de vez em quando trocava algumas palavras com o mesmo — Você está bem? — ele se abaixou colocando suas mãos em minha costa - Quer que eu ligue para Henrique?

— Não, por favor... — sussurrei.

— Tudo bem, o que está fazendo aqui nessa rua perigosa? Venha, vamos. Você tem algum lugar para ir? — neguei, ele olhou para o nada, pensando em algo para ajudar a garota "sofrida" — Irei te levar para minha casa, mais quero que me conte o que aconteceu.

Depois de dez minutos chegamos em uma casa azul, parecia mais com uma mansão, o jardim a frente era lindo, e o balanço que havia visto chamou minha atenção. Douglas ajudou-me a descer do carro, pegando minhas malas, era estanho o ver dessa maneira, ajudando uma garota que mal conhecia.

— Você irá ficar no quarto da minha filha, não estranhe, ela está com a mãe.

— Não quero incomodar.

— Não irá, gosto de ajudar as pessoas, então por​ favor aceite minha eterna ajuda.

— Obrigada, Douglas — ele sorriu quando pronunciei seu nome.

— Vamos comer algo, você gosta de lasanha? — ele entrou em uma porta que eu deduzi ser a cozinha, o segui vendo os detalhes da mesma — Ou quer comer essa deliciosa macarronada? — mostrou uma tigela de macarrão, tentei sorri, o que não deu muito certo.

— Prefiro não comer nada...

— Entendo, bom, quer tomar um banho?

— Sim, posso?

— Mais é claro! Ao lado do quarto há uma banheiro, bom aproveito.

Eu precisava relaxar, precisava chorar para tirar tudo que estava sentindo. Entrei no banheiro, sentindo a água fria focar em meu rosto, a imagem de tudo que aconteceu hoje veio em minha cabeça fazendo novamente lágrimas caírem, eu precisava conversar com Henrique, queria poder o ver, o abraçar... Precisava ter o homem que eu amo perto de mim, não aguentaria​ viver longe dele. Hoje fazíamos 1 e 7 meses de namoro, passamos por muitas coisas juntos, sofremos juntos. E tudo termina dessa maneira? Eu não aceito, eu não quero deixar ele ir, principalmente deixar ele pensar que o traí. Céus, vai ser tão difícil encontrar a pessoa que fez isso comigo. Agora confiar em meus amigos será tão difícil, e até mesmo nas pessoas desconhecidas. Sentei no chão sentindo as lágrimas descendo, Deus, nunca vão acabar?

Isso dói tanto.

Amar dói.

Ser amado dói também?

Desliguei o chuveiro, coloquei uma roupa folgada, e deitei sem mesmo dar um boa noite para Douglas. Apenas queria dormir, e acordar desse maldito sonho.

— Então, vai me dizer​ o que aconteceu? — Douglas perguntou após tomamos nosso café da manhã.

— Eu traí Henrique... — o vi arregalar os olhos, mais antes de o mesmo falar adiantei — Na verdade não o traí, alguém fez algo para me prejudicar enviando fotos nua com outro homem para ele, sendo que jamais fiz isso.

— Ó, e ele te expulsou de casa?

— Sim, eu preferi saí, não queria me sentir culpada, já estou me sentindo culpada por algo que não fiz. Imagine ele que acha que fiz isso.

— Acredito que ele esteja muito mal, o cara sempre pareceu te amar, sempre dizia sobre você e como você era especial — ele me olhou de uma forma estranha, mais logo desviou. Estranhei, sempre fui uma garota de tentar decifrar as pessoas com o olhar, mas o dele era diferente.

— Eu irei o ver, preciso conversar com ele — falei tristemente.

— Não acha melhor deixar a poeira abaixar?

— Não tenho muito tempo, estou precisando conversar com ele, se não, tenho certeza que morrerei de tanta angústia.

— Certo, se quiser a levo até ele.

— Se não for incomodar — abaixei o olhar imaginando no que eu poderia falar para Henrique.

— Sem problemas, precisarei buscar minha filha, aproveito e te levo.

— Obrigada por isso tudo, Douglas, espero que tenha uma forma de te retribuir.

— Não precisa, como eu disse gosto de ajudar as pessoas — sorriu me confortando.

Após, deixar-me na frente do condomínio, dei bom dia para seu Luiz, o mesmo fechou a cara, já imaginei que todos sabiam sobre o que aconteceu, e também por Henrique ser amigos de todos com sua gentileza. Bati na porta, passou alguns minutos e ela se abriu, Henrique estava lindo, como sempre.

— Precisamos conversar, por favor! — implorei.

— Não quero conversar com vagabunda logo de manhã na minha porta.

— Não me chame assim, você não sabe de nada — ele respirou fundo, talvez estava tentando se controlar.

— Vá embora Ellie, me esqueça.

— Mais eu amo você, como quer que eu te esqueça?

— Você não pensou nisso quando me traiu.

— Eu não te traí, para com isso! — tentei engoli o soluço que estava querendo saí.

— Para você, logo de manhã enchendo o saco, porra, vai embora — o abracei de novo, o mesmo segurou os meus braços me empurrando, fazendo-me caí de bunda no chão — Some da minha vida sua vadia.

Então ele fechou a porta com força, levantei e segui para fora do prédio. Isso doía demais, como alguém faz isso comigo? Nem se quer me deixou explicar. Ele nunca fora assim.

Olhei para fora e o carro de Douglas ainda se encontrava, ele não ia buscar sua filha?

— Achei que já tinha ido embora — falei enxugando minhas lágrimas.

— Estava esperando se seu corpo ia ser jogando do sexto andar — brincou, mais logo seu sorriso murchou.

— O que foi? — perguntei.

—: Você está sangrando — ele apontou para baixo, e olhei, saia sangue das minhas pernas, o que me assustou — Vem, entra no carro, você deve está tendo uma hemorragia.

Eu entrei, e seguimos para o hospital mais próximo, chegando lá, alguns enfermeiros trouxe uma cadeira de rodas, meu corpo estava fraco, minha cabeça começou a rodar. Douglas em nenhum momento deixou de segurar minha mão. Entrei para ala hospitalar, colocaram agulhas em minhas veias que acabei vendo a escuridão.

Acordei vendo o teto branco, me mexi sentindo as agulhas em meu braço, tentei segurar mais uma voz disse:

— Não, tia Ellie, isso é para você ficar melhor - era uma garotinha que parecia ter 7 anos de idade — Papai disse que quando tivesse acordada é pra chamar o médico, pera aí — e assim a garotinha se foi, logo um senhor com uma prancheta entrou, sorriu e logo perguntou:

— Você está se sentindo bem, Ellie?

— Sim, apenas com uma dor pélvica.

— Bom, você está bem tanto quanto ao bebê, por pouco você não teve um aborto.

— O quê? Bebê? — fiquei paralisada ao ouvir​ a palavra bebê, céus, eu estava grávida? Não pode ser, não agora.

— Sim, você estava grávida de quatro semanas, e já deveria ter começado seu pré natal, sua gravidez depois do quase aborto se tornou de risco, você sofreu alguma queda? Ou tomou alguém remédio para evitar?

— Não doutor, apenas caí ao lavar o banheiro — menti descaradamente, lembrando que isso aconteceu depois que Henrique tinha me empurrado.

— Certo, sairá da observação depois das vinte e uma horas, com isso deverá pegar seus exames na recepção e algumas vitaminas para tomar.

— Obrigada doutor — suspirei assim que ele saiu, meu Deus, eu estou grávida! O que será da minha vida agora? O que Henrique achará?

— Olha o que eu trouxeee!!! — saí dos meu pensamentos quando Douglas entrou no quarto com uma bandeja de frutas e gelatina, junto com a garotinha que tinha visto.

— Olá — tentei sorrir.

— Você tem que se alimentar bem agora, coma logo, para melhorar rapidamente se não esse garotão aí vai nascer mariquinha — Douglas gargalhou da sua própria piada, se eu não tivesse tão machucada iria rir também — Quero te apresentar minha filha Agatha, filha dá um oi para Ellie.

— Oi tia Ellie — ela sorriu banguela.

— Oi princesa, quem é esse? — apontei para o urso que a mesma segurava nos braços.

— Esse aqui é o Fred, meu urso preferido.

Ficamos conversando, era bom saber que tinha conhecido duas pessoas que se tornaram muito importante, na verdade três, logo virá o meu bebê

Havia se passado vinte minutos que tinha pegado alta do hospital, estava parada na frente da porta de Henrique, você deve está pensando idiotice, certo? Mais, o amor é cego e eu não consigo ficar longe por mais que ele me humilhe. Douglas achou errado eu ter vindo, por causa do bebê e eu deveria estar em repouso, abrir a porta com a chave reserva que ficava embaixo da plantinha do corredor, ouvi um barulho dentro, não escutei direito mais parecia uma música tocando, suspirei, não queria ver nada que podia me machucar mais uma vez.

Abrir a porta do quarto olhando pra minha cama. Não chorei, tudo que sentia a momentos atrás evaporou sem nenhum protesto. Belinha e Henrique transavam, eles me olhavam, suspirei, fechei a porta sem dizer nada. Agora eu entendia, não poderia confiar em ninguém, não poderia amar ninguém, o amor nunca no mundo poderá ser retribuído para sempre. Se Henrique quis assim, ele que vá sofrer com as consequências, não choraria por ele, nunca mais, não merecia, ele não ouviu, não acreditou em mim. Joguei o exame de gravidez no lixo da recepção, ouvi alguém me chamando mais não liguei, não iria olhar para trás como das outras vezes.

Agora era apenas eu e o meu bebê.

E eu lutarei para ser o melhor para ele.

Sem lembrar do passado.

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Comments

Michelly De Jesus

Michelly De Jesus

prima não amante dele?????/Drool//Drool//Whimper//Whimper//Kiss//Kiss//Heart//Heart/

2024-01-31

1

Rosa Hosana Santos

Rosa Hosana Santos

tenho certeza que a prima quem armou tudo

2023-10-28

1

Rosa Hosana Santos

Rosa Hosana Santos

começando a ler agora

2023-10-28

0

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