Capítulo 03

Nada nessa vida me aconteceu como o previsto. Poderia definir minha vida como um grande imprevisto. Não que tudo aconteça ao acaso, mas porque as coisas sempre me acontecem ao avesso. Nunca consegui seguir o plano inicial ou o plano A, B e C. Certo, as coisas só me acontecem fora de meu conceito. Da minha lista, da minha meta. E do programado eu só tenho é decepção, que logo é reparado por um plano D que nem eu sabia que era possível!

Às vezes sinto que isso é a vida rindo de mim, outras que talvez seja o Deus, mostrando que não adianta só seguir o racional. Precisa seguir o irracional. Todos meus planejamentos foram superados por outros ainda melhores, ou talvez não. Minha visão é limitada, minha vivência precisa de companhia, sei que minhas escolhas não serão pra sempre, e ainda assim, finjo não saber que meu próximo passo será superado.

Agora aqui estou eu, vendo meu imprevisto bem na minha frente! Deus, você tinha que fazer a minha vida de um acaso para um avesso?

— Sobre o que você quer conversar? — encarava Henrique sem o que dizer, não queria ouvir sua voz ou até mesmo o olhar, se não meu coração bobo iria acabar mais uma vez me traindo.

Sentia Antony revirar a cada vez que ouvia a voz do pai, ah filho, não faça isso!

— Sobre isso que você tem na sua barriga — arquei uma das sobrancelhas sem acreditar no que ele falou.

— Isso?

— Quero saber se essa coisa é minha — ele apontou para minha barriga fazendo-me ficar irritada. Céus, como ele pode se referir ao seu filho de "coisa"?

— Primeiro, meu filho não é coisa, segundo, isso não te interessa, agora por favor, tenho os meus afazeres — dei as costas para entrar no carro, mas antes ele havia segurado em meu braço.

— É do Douglas? — respirei fundo, como ele pode ser tão idiota?

— Pense o que quiser — assim entrei no carro o deixando para trás, meus pensamentos estavam longe mais Agatha fazia o favor de fazer-me voltar para terra. Ele sabia que estava grávida, ainda pior, achava que meu filho era de Douglas. Que droga, não queria colocar-lo nessa situação com seu amigo.

Chegamos em casa, Agatha correu para assistir seu desenho preferido, já eu, tive que fazer algo para comer e tomar minhas vitaminas, pois, os enjoos estavam começando. Minha mente estava apenas em Antony, só nele.

Antony.

Por que eu escolhi este nome?

Bom, por incrível que pareça eu sonhei com uma criança chamada Antony, devem não acreditar, mas sim, o sonho foi tão intenso que coloquei o nome do meu filho de Antony.

Nós primeiros meses da minha gravidez foi muito difícil. Chorei, esperneei, sufoquei o grito com o travesseiro, e pensei tirar o meu próprio filho por que eu estava carregando um fruto do homem que amava e que me destroçou de todas maneiras. Antony, significa "valioso", "de valor inestimável", "digno de apreço", sim, meu filho se tornou tudo que eu precisava enquanto tudo estava desmoronando. Sempre enfrentei meus demônios sozinha. Prefiro fingir bom humor a ter que explicar os motivos de não estar tão bem assim. Mas aí veio Antony que pouco a pouco foi ganhando o meu amor, me dando todos os direitos de amar, me dando espaço para demonstrar (o mínimo que fosse) quem eu sou de verdade. E com ele veio a calmaria, se tornou meu refúgio e mal sabe disso, fui eu mesma nas nossas conversas a noite enquanto chorava pedindo que seu pai estivesse comigo, sentia meu peito dilacerado quando dizia que não estava bem, era como se eu cuspisse tudo que me perturbava, como se eu confessasse um homicídio. Céus, eu fui capaz de me tornar um monstro por que eu não me amava. Obrigada filho, por você ter me tornado alguém melhor.

— Tia, a senhora está bem? — despertei dos meus pensamentos com Agatha perguntando, sorri, desligando o fogão.

— Sim princesa, Antony está um pouco travesso hoje e está me deixando um pouco enjoada — ela baixou seus olhinhos para minha barriga acariciando com suas mãos delicadas.

— Tiny, não faz isso com a titia ela não está bem — sorri, Agatha era tão inocente e nem sabia o quanto as pessoa eram más.

— Será que você realmente tem poderes? — perguntei pois Antony parou de revirar.

— Sim tia, sou super poderosa.

— Que tal você se tornar mais poderosa tomando um banho em?

— Tudo bem tia — ela correu para o banheiro, cortei algumas verduras para passar o tempo. Até que ouvi um barulho de chaves, quando Douglas entrou na cozinha com a mão no rosto, estava roxo ao redor da bochecha.

— O que aconteceu? — perguntei assustada. Ele sentou na cadeira, rapidamente peguei uma bolsa de gelo o entregando.

— Adivinha? — retrucou.

— Se eu fosse adivinha já estaria mega milionária. Agora diz, o que aconteceu Douglas?

— Eu e Henrique tivemos uma discussão na empresa, ele me acusou de ter lhe engravidado — sorriu — E pior, me demitiu.

— O QUÊ? — gritei assustada.

— Isso mesmo, ele acha que sou o pai do seu filho e acha que sou um fura olho — riu novamente.

— Isso não tem graça Douglas! — o repreendi irritada. Henrique estava com tanta raiva de mim que descontou no seu próprio amigo. Tudo culpa minha.

— Calma, está tudo bem. Acredito que ele só estava com a cabeça quente, e afinal, como ele sabe que você está grávida?

— Ele me encontrou no supermercado — ele olhou assustado — Calma, ele não me fez nada. Apenas quis "conversar".

— Que tipo de conversa? Ir na minha sala e me dá um murro?

— Ele perguntou se era seu, não disse nada — meu coração estava apertado, não quero que Douglas sofra as consequências por minha causa. Ele tem uma filha para sustentar.

Rapidamente peguei minha bolsa encima da estante, vesti meu casaco por causa do frio que fazia lá fora.

— Onde você vai? — Douglas perguntou.

— Preciso resolver isso.

Saí de casa ouvindo ele me chamar, ah não, Henrique estava muito enganado em fazer isso com seu amigo.

Peguei um táxi, pois já era noite e não queria arriscar.

— Para onde senhorita? — o motorista perguntou.

— Para esse endereço, por favor — entreguei o cartão da empresa de Henrique.

Chegando lá, peguei o elevador. Minha mão soava frio, minha cabeça também, mais eu protegeria as pessoas que amava. Encontrei a recepcionista Gabriele, ela olhou-me curiosa e para minha barriga.

— Ele está livre? — ela assentiu pegando o telefone — Não, não faça isso.

Abri a porta sem bater, o encontrei como sempre quando namorava-mos no sua habitual mesa de mármore. Ele desligou o computador retirando os óculos.

— Imaginei que viria.

— Ah, imaginou, né? Por que você fez isso Henrique? Você está fumando algum baseado e mexeu com seu cérebro?

— Senhorita, está no meu ambiente de trabalho, poderia me respeitar? — ele falou tão calmo, fazendo-me ficar irritada mais ainda.

— Respeitar uma ova Henrique! Seu problema é comigo. C.O.M.I.G.O, entendeu? Por que você demitiu Douglas?

— Ele não estava mais sendo útil na empresa, e isso não tem nada haver com você garota — respirei fundo, tentando acalmar-me.

— Você não pode fazer isso, ele tem uma família para sustentar — sussurrei mais para mim do que para ele. Seus olhos ficaram frio, sem o olhar debochado quando cheguei há alguns segundos atrás.

— Problema é dele, não tenho nada haver com isto — sua voz foi grossa, fazendo-me perguntar onde estava meu Henrique que amei um dia?

— Como pode dizer isso? Você não tem família? Tem uma futura esposa, e espero que você entenda o que é se preocupar com a família — virei as costas saindo da sua sala, até que sentir uma dor insuportável.

— Aí — choraminguei sentindo mais um chute.

— Você está bem, senhora? — Mirian rapidamente correu para me ajudar.

— Si..im. estou bem — andei até o elevador sentir a dor aumentando. Filho, não nasça agora, não é uma hora e um bom local.

— Senhora, eu vou chamar alguém para lhe ajudar — vi Mirian saindo de perto de mim, minha visão estava embaçada, estava suando frio.

Sentir duas mãos me segurarem. Olhei bem, era ele.

— O qu.e v.oce está fazendo?

— Ajudando.

— Não quer.o sua ajuda. Ai! — mais uma vez sentir uma pontada horrível.

Ele me carregou assim que saímos do elevador, todos nós olhava-nós.

— Me leve para o hospital central — falei ofegante.

Ele assentiu, colocou-me dentro do carro, a dor era tanta que não estava ligando para nada ao meu redor. Chegando ao hospital, colocaram-me na cadeira de rodas, umas das enfermeiras disse que estava entrando em trabalho de parto.

Filho, seja forte.

— Você é o pai? Vai querer participar? — a enfermeira perguntou para Henrique. Ele deu de ombros, já indo embora.

— Por favor — sussurrei deixando tudo que havia no passado para trás. Era o momento do nosso filho.

Ele parou de andar, olhando-me se fazia ou não

Ah, filho, aguente firme.

"Sabe, eu via você como o meu herói mais não acreditei que um dia poderia ser o vilão da minha história, então querido, eu sempre estarei acreditando em você"

Ele ficou me olhando, enquanto sentia as pontadas. Henrique colocou as mãos no bolso da calça o que lhe fez ser mais ainda sexy.

— Se o senhor for participar do parto, seja rápido! — a enfermeira despertou-me dos meus pensamentos, ela rapidamente me levou para a sala deixando Henrique para trás — Precisarei ver a sua dilatação, seu parto é de risco!

— Por favor... Faça algo para isso sumir logo — falei sem conseguir já respirar.

— Aguente Ellie! Seja forte pelo seu filho — ela gritou colocando uma máscara oxigênio — O doutor fará seu parto. Agora respire fundo.

Minha visão estava embaçada, nunca pensei que tinha tanta força assim. Droga, por que tudo está escurecendo?

Filho...

Sentir uma mão passar em meus cabelos, tentei abrir os olhos para ter certeza de quem era.

Henrique

— Você precisa viver, seu filho precisa de você — sussurrou calmamente. Fiz tudo que podia, até que ouvi o choro que esperei tanto para ouvir, mas tudo estava escuro.

Não, não, não.

Assim, adormeci sem ouvir mais nada.

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Comments

MARIA DE LOURDES SILVA

MARIA DE LOURDES SILVA

MAIS O TRASTE DO HENRIQUE, NÃO ACREDITA QUE ELLIE O TRAIU, AGORA VEM DE ONDA?

2024-09-13

0

MARIA DE LOURDES SILVA

MARIA DE LOURDES SILVA

MUITO ESCROTO, MAL CARÁTER

2024-09-13

0

Carleuza Almeida

Carleuza Almeida

Idiota esse Henrique, morrendo por Ellie e dando um de durão kkk

2023-10-30

7

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