Mariana

Droga, isso não deveria estar acontecendo. Cheguei em casa e deixei o carro de qualquer jeito. Entro na fábrica procurando meu tio Miguel, e o encontro. Preciso falar com o senhor.

– Claro, Mari. Vamos pra casa.

– Saímos da fábrica e entramos em casa. Olho para ele sem saber como perguntar, mas não há outro jeito, tio. - Fale, Mari, o que quer? Tá com uma cara. Aconteceu alguma coisa?

– Sim, aconteceu. E só uma a dívida. Como pode fazer isso sem que a tia aprove?

- Como você sabe sobre isso? Quem te contou?

– Não importa quem me falou, eu sei. E o pior é que nem pagando ela o senhor está. E ainda tem a casa que o senhor deu como garantia. Como pode fazer isso, e sua família pode ir para a rua a qualquer momento. Merda.

– Eu sei, acha que não penso nisso. As coisas estavam muito ruins, eu precisava do dinheiro. Pra pagar os tecidos e funcionários. Não pensei que fosse piorar ainda mais. Pra sair de uma dívida, fiz uma maior e dei a casa como garantia. Se sua tia souber, vai me odiar mais do que já está. Eu vou resolver isso, só preciso de tempo.

– Vou para o meu quarto, tomo um banho demorado. Sinto a água caindo no meu corpo, tento relaxar, tirar todo esse sentimento de raiva e frustração. Não é possível, como cheguei a isso, ser chantageada por um homem que mal conhece. E agora terei que me casar com ele. Como vou falar isso para a minha família? Fecho os olhos, tentando encontrar uma solução para toda essa bagunça que está minha vida. Não encontro nada.

Artur entra como um furacão no quarto, se jogando na minha cama...– Mari, a mamãe tá chamando pra jantar. Vamos, tem sobremesa de torta de limão que você gosta. Vamos, Mari!

– Não estou com fome. Fala para a tia que vou dormir. Beijo sua cabecinha com cheiro de bebê. Ele sai gritando "mãe, Mari tá dodói". Rio com seu jeito, não demora e a tia entra no quarto...

– O que você tem, Mari?

– Não olho para ela, pois se olhar, ela vai saber que estou mentindo. Nada, tia, só uma dor de cabeça. Vai passar, já tomei remédio.

– Tem certeza? Trouxe torta de limão, que você gosta. Vou guardar para você comer amanhã. Descanse, se precisar me chame. Boa noite, querida.

– Boa noite, tia. Depois que minha tia sai do quarto, choro como uma criança. Não queria mentir para ela, sempre esteve ao meu lado, minha amiga, me conhece melhor que eu mesma. Fecho os olhos e durmo, em meio às lágrimas. Acordo com o despertador, são seis e meia. Saio da cama me arrastando. Minha cabeça está pior. No banheiro, olho no espelho. Meus olhos inchados de tanto que chorei. Tomo banho, boto uma roupa. Tenho que levar o Artur na escola e trabalhar. Faço uma maquiagem básica. Na cozinha, vejo minha tia arrumando o lanche do Artur, meu tio tomando seu café e ajudando o Artur com o café dele. Meu tio me vê e baixa a cabeça. Bom dia, tia. Olha para mim e sorri, perguntando se estou melhor. Respondo que sim, sento, tomo um suco. Não estou com fome. Tia percebe e me obriga a comer. O café é feito em silêncio. Imagino que meus tios estejam brigados. Subo para escovar os dentes e ajudar o Artur com as coisas da escola. Saio com o Artur para deixá-lo na escola. Volto para a fábrica para trabalhar. A manhã passa lenta. Tento evitar a tia Clara sempre. Escuto meu telefone tocar, olho o número desconhecido, não atendo, desligo e volta a tocar o mesmo número. Decido atender. Alô!

– Por que não atendeu antes?

– Conheço essa voz. Como ele tem o meu número? Não atendo número desconhecido. O que você quer?

– Esse é meu número, não sou desconhecido. Sou seu noivo, querida. Agora vamos almoçar juntos. Passo aí pra te pegar em vinte minutos. – Não deixa nem responder e desliga, filho da mãe, que raiva. Procuro tia Paula para avisar que vou sair. Não a encontro, deixo mensagem no celular dela. Saio da fábrica, do outro lado da rua tem um carro parado. Respiro fundo para não mandá-lo ir a merda. Abro a porta do carro. O que você é e quem te deu meu número? Pergunto com raiva. Sou puxa com força para seu colo. Tento sair, mas ele me aperta a seu corpo. Solta, agora. Bato em seu peito.

— Olha aqui, garota. To cheio dessa sua marra. Quando eu te ligar, atenda. Quando eu disser, faça. Você é minha. Então, baixe a sua bola. Atordoada, saio do carro correndo. Chego em casa, fecho a porta e choro. Deus, por que? O que eu fiz para merecer isso?

Fiquei trancada no quarto por um bom tempo. Às duas da tarde, voltei para a fábrica. Tentei me concentrar no trabalho, porém não consegui fazer as coisas no automático. Não tinha cabeça para a conversa. Sonia, uma das meninas que trabalha comigo, percebeu que não estava bem!

__ Mari, o que você tem? Tá pensativa, triste. Parece até que morreu alguém! Por que não vai descansar? Eu cuido de tudo aqui?

— Olho para garota à minha frente e sorrio, tentando disfarçar minha tristeza. Obrigada, estou bem.― respondo sem olhar para ela.

— Mary! Não quero me meter na sua vida, mas você não está bem também. Não vou enxerir que me conte. Vá descansar. Deixe que cuido de tudo por aqui!

― Ela tinha razão, não consegui fazer nada. Aceitei a ideia da Sonia, saí da fábrica e parei numa pracinha, fiquei ali pensando numa forma de resolver a situação em que me encontrava! Poderia contar para minha tia; assim, ela mesma acharia uma solução.

Mas isso poderia causar o fim do casamento dela ou não sei o que fazer em relação à situação do meu irmão. Também não poderia fechar os olhos para o que estava acontecendo. Tinha que ajudar meus tios. Eles me ajudam tanto. Não seria justo deixar que a situação se complicasse.

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Comments

Maia Maia

Maia Maia

♥️♥️

2024-11-18

0

Euridice Neta

Euridice Neta

Que situação complicada, esse cara com tanta mulher afim dele podia casar com.uma delas mais não cismou com Mariana..

2024-10-01

0

Cida Pereira

Cida Pereira

coitada 😔

2024-08-30

0

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