O novo cachorro da família

Chang se perguntava o que o idiota do Kai queria dizer com todo aquele papo irritante sobre a mãe dele e os três filhos que Dragão teve com ela. Bem, isso não o importava. Dragão podia gostar de mulheres e homens e fazer o que quisesse, não era da conta de alguém que seria só o subordinado dele e dos filhos delle.  Por que esse aviso do nada sobre Dragão também gostar de mulheres? Bem, Chang ignorou o aviso de Kai abertamente. Ficando pensativo e lembrando-se de cada toque que recebia de Dragão sempre que era amarrado e vendo que não era acidental como dizia a si mesmo antes. O sorriso alegre que se formou  nos lábios de Chang deixou Kai intrigado.

Kai mordeu o lábio inferior ao imaginar o que o menino estava pensado que o deixou de tão bom humor.  Deu um tapa no rosto de Chang.

Chang atordoado, o analisou furioso pelo crispar de lábios que cedeu a Kai em troca e o olhar assassino.

— Olha só, esse cachorro adorável sente raiva, quem diria. — Kai brincou acariciando o cabelo de Chang e o puxando. Chang o  estudou e viu em Kai, um sadismo inexplicável.  — O que vai fazer? Você já é meu, sabia? — Kai o informou. Chang estremeceu atordoado com a reação do seu próprio corpo a essa fala que tinha como intuito o mostrar seu lugar.  O que tinha de errado consigo em gostar de ser tratado assim? — No minuto que entrou nesse carro, já se tornou minha propriedade.

Chang ignorou a fala asquerosa do pirralho à sua frente. Julgava ser mais velho do que ele, já que apesar da pose intimidante, Kai ainda parecia um tanto infantil aos seus olhos. Ignorou Kai depois disso, voltou ao seu raciocínio, quer dizer, se Dragão gostava de homens também não importava o quê, Chang decidiu que agarraria essa chance que era rara, mesmo que só para ser a diversão dele. Isso porque o desejava tanto que o enlouquecia. A diferença de idade entre eles nunca o importou mesmo e essa descoberta saída da boca do próprio filho dele o deixou num estado alerta e contente. Sempre soube que o queria desde o primeiro momento que o viu e trocaram olhares que só alguém com gostos parecidos entendia. Mesmo sabendo que Dragão era um agiota, mafioso e devia estar envolvido em coisas obscuras. Na verdade, isso apenas alimentava essa coisa dentro de Chang que gostava do perigo e do indomável. Mas nunca imaginou que Dragão também gostasse de homens. Chang não se importava se fosse o passivo ou ativo, apenas sabia que o queria.

 Mas a viagem de carro seguiu em silêncio. Enquanto Kai ajeitava no dedo o anel que Chang julgou ser o da família dele. Pelo que entendia, aquele anel de ouro significava que Kai era o primeiro filho de Dragão.  O de prata era o do segundo filho. O de bronze do terceiro filho se seguia a ordem. Pelo pouco que entendia. O anel de ouro, significava que Kai era quem herdaria os negócios ilegais da família por ser o mais velho. Mas podia não ser assim também.

 Mas não se importou. Quando o portão da mansão se abriu e entraram na gigantesca mansão com quatro andares, Chang se ajeitando no banco, se perguntou se era o endereço errado. Contudo, devia esperar que um homem que vivia de negócios ilegais como Dragão, teria sim muito dinheiro. E aquela gigantesca fortaleza era sim a casa certa.

Segurou as palavras sobre a casa.

 — E então cachorro... Gostou da sua nova casa? — Kai o sondou, com os olhos azuis cheios de curiosidade e analisando Chang profundamente.

Adônis deu uma risadinha, negando com a cabeça do lugar de motorista no qual estava. O sorriso dele chegou a Kai pelo espelho, que apenas o estudou com ligeira repreensão.

Apesar da fala maliciosa e cruel, Kai sondou mesmo Chang ao lembrar-se de onde o havia buscado e da ruela horrenda na qual só de pensar sentia asco e isso porque o rapaz pobre estava boquiaberto com o lugar no qual Kai passou boa parte da vida. Essa diferença entre eles fazia Kai simpatizar mesmo que levemente com Chang.

 — Bem, se você se tornar a nova esposa do papai, vai conseguir tudo isso e mais, belo garotinho. — Kai não segurou a língua, mas havia diversão e amargura em sua fala. Kai então tocou o cabelo de Chang, esperava ser recusado como antes, mas o menino se manteve quieto enquanto o analisava, a submissão de Chang, deixou Kai atordoado ao se dar conta do que porque seu pai devia ter se interessado no garoto. — Se destaque entre os seguranças em todos os requisitos, inclusive em força e você vai conseguir o meu respeito. — Kai garantiu sussurrando no ouvido de Chang como um segredo.  —  Se conseguir isso de mim, o meu respeito, eu posso até considerar te ajudar com o meu pai se gosta tanto do velho, cachorro. Seus olhos brilham só de pensar nele. É nojento.

Chang apenas deixou que Kai tocasse seu rosto e cabelo.  De repente, Kai segurou o queixo de Chang. E a pegada firme do filho de Dragão, deixou Chang realmente inquieto. A firmeza do toque de Kai, era algo mais cruel que o do próprio pai dele. Chang ofegou mesmo sem querer. Kai percebeu isso e apertou mais cruelmente o queixo de Kai.

— Não ache que vai ser fácil para os meus irmãos aceitarem você como nossa  nova mãe. — Kai zoou com ele. — Eu sou o mais mente aberta dos três. Se papai fica com homens ou mulheres, eu realmente não me importo ou dou a mínima. — Kai o deixou saber disso com crueldade, os olhos azuis nos escuros de Chang. Kai ofegou e respirou fundo contra o pescoço de Chang. — Contudo, não gosto que você seja mais novo do que eu, Chang. Isso me faz ficar realmente irritado que o louco do meu pai esteja desejando alguém tão jovem. Então prove que pode proteger a família e ser um de nós, que eu mesmo te ajudo. Contudo, se desistir, eu mesmo te colocarei na boate e vou ser seu primeiro e não serei gentil. — Chang sentiu algo quente se alastrar por seu peito quando Kai lambeu o pescoço dele e mordeu.

— Eu vou ser o chefe dos seus seguranças. — Chang falou sem se conter. Raiva e vergonha se misturavam dentro dele.

Kai sorriu de lado.

— Então terá meu respeito. Sou um homem simples. Eu respeito até um cachorro se ele me mostrar o quanto pode ser leal em me proteger. — Kai falou calmo e se afastando de Chang.

Os dois se encararam com ódio.

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