Uma semana depois
— Pegou tudo, querido?
Chang assentiu, respondendo sua mãe com respeito. Sentiu o beijo dela em sua testa, coisa que ela teve que ficar na ponta dos pés para alcançá-lo. Estava com uma mala de mão somente com seus poucos pertences. O celular era a única coisa de valor que possuía, mesmo este sendo de segunda mão.
— Você vem visitar mamãe com frequência não vem? — Ela questionou com a voz embargada.
Chang notou que ela segurava as lágrimas e suprimia o choro mordendo o lábio. Ele suspirou a abraçando bem forte. Ele era mais alto que ela agora, se lembrou de quando era menino e agarragava a cintura dela com os braços e se escondia no abraço dela que parecia sersua fortaleza em meio ao caos da vida. Agora foi ele que acolheu em seus braços e beijou a testa dela. E colocou o envelope vermelho na mão dela.
— Não querido. Você deve levar esse dinheiro para comer e se cuidar por lá.— A mãe dele tentou devolver.
Chang ignorou o apelo dela, se recusando a pegar o envelope de volta.
— Pare de drama mulher! Ele só vai trabalhar e não lutar pelo país. — O avô de Chang os interrompeu, conseguindo fazer mãe e filho sorrirem. — Ele vai atrás do futuro dele e não para um campo de guerra. É um homem agora. Não o prenda. O deixe ir.
Chang queria agradecer seu avô por ter conseguido tirar a tensão que existia dentro dele se essa era uma decisão correta a se fazer. Correta estava longe de ser, mas certa, com toda a certeza. Os livraria da dívida e faria com que ele conseguisse cuidar de sua mãe. Seria um cão fiel se isso o fizesse ter certeza que mesmo se morto em missão, sua mãe ficaria bem. Foi o que Dragão prometeu.
— Tchau mamãe. Tchau vovô. Prometo que vou melhorar nossas vidas. — Chang conseguiu dizer segurando-se para não correr para sua mãe, virou-se de costas e saiu do pequeno restaurante antes que sua mãe abrisse o envelope e notasse que ali havia todo o dinheiro que ele juntou de seus aniversários desde seus dez anos de idade.
Chang não ousou olhar para trás, porque iria vacilar em sua decisão já tomada se olhasse para sua mãe novamente.
…
No final do beco, o sombrio carro de janelas escuras o esperava. A medida que chegava a porta do carro foi aberta por Adônis. Mas não foi Dragão quem encontrou quando entrou no elegante veículo e sentou-se no banco estofado da limousine.
O rapaz no carro parecia uma versão mais jovem de Dragão, contudo, pouco amigável e muito mais sombrio pelo modo que o estudava de forma calculista como se Chang fosse uma mercadoria barata.
O rapaz desconhecido tinha feições asiáticas pelos olhos puxados, misturadas com americanas pelo olhos azuis. Usava um terno impecável na cor branca e os olhos azuis que transmitiam apenas desnorteante indiferença. As sobrancelhas eram fortes como a de Dragão, mas mais suaves. O nariz afilado e apesar do rosto delicado como o seu, o rapaz não era magro, era musculoso e um tanto mais forte que Dragão, tinha o cabelo três tons mais claros que o de Dragão. Era bem mais alto que Dragão, coisa que o tornava ainda mais imponente, mesmo sentado. Havia algo no garoto que inquietou Chang. Um olhar maligno de gelar a espinha de qualquer um. Uma frieza no requinte de seus modos. Uma falta de emoção e apatia.
Mas ao ver Adônis entrar novamente no carro como motorista a desconfiança de Chang se desfez. O carro começou a se mover para longe da pobreza.
— Você vai ser o novo brinquedo do meu pai? Ele vai te tornar a nova esposa dele foi por isso que pediu para eu vir te buscar? Queria que nos conhecêssemos assim. — O desdém na voz do garoto que parecia mais novo, irritou Chang profundamente. Chang apenas fechou a mão em punho apertando a palma com suas unhas, contendo sua vontade de socar aquele rosto bonito. — Ele mandou eu vir te buscar. Ele sempre pega cachorros de rua e os alimenta e faz dele suas esposas. Você é exatamente o tipo adorável que ele gosta. Nojento, se quer saber. Ele tem o dobro da sua idade. Mas tem gosto para tudo né? Você deve ser do tipo que gosta de suggar daddy.
Chang ignorou a provocação. Mas algo dentro dele se inquietou com a descoberta de que Dragão se atraía por homens, sentiu uma felicidade imensa em saber que podia sim sonhar em estar com o homem. Isso o fez ter esperança de que os olhares que recebia não fossem seus meros hormônios. Respirou aliviado. Tinha chance então, não sentia aquilo sozinho talvez, havia mesmo algo implicito nas surras que ganhava.
— Adônis, esse aqui… ele vai para a boate? — o rapaz cuspiu as palavras arrogantemente para o motorista.
Chang se manteve quieto.
— Não. Seu pai o escolheu como segurança, senhor Kai. — Adônis respondeu sério. — Eu vou treiná-lo para servir a família.
— Ah. Segurança! — O rapaz disse um tanto surpreso. — Mas ele serviria para a boate. Um rosto desses. Os clientes homens certamente enlouqueceriam com um tipo fofo como ele.— Chang sentiu a mão calejada do garoto em seu rosto. Se desvencilhou do toque, fazendo o garoto sorrir furioso pela atitude. Kai insistiu em tocar o rosto de Chang, que se desvencilhou novamente do toque do mais novo.
Chang sentiu o tapa de Kai em seu rosto. Era firme. Era doloroso. Vergonhoso. Mas a falta de emoção nos olhos de Kai o deixou inquieto.
— Fique quieto, cachorro. — Ordenou Kai friamente. — Eu sou seu novo dono.
Chang apenas ignorou a provocação, dessa vez, deixou que Kai o tocasse como queria. Não era nova a sensação de fazerem isso com ele. Sempre ouvia algo do tipo de seus colegas de escola dizerem que era tão bonito que eles podiam ignorar o fato de que era um homem. Antes, no colegial, Chang tinha o cabelo longo, mas o cortou por causa do bullying. Sentiu os tapas do garoto em seu rosto e manteve-se quieto, mas com o maxilar tenso. Kai o puxou pelo cabelo e Chang ofegou.
— Ele não serve como segurança. Mas se conseguir em seis meses, bem, eu mesmo o coloco como chefe dos meus seguranças, Adônis. Vamos apostar? — Kai desafiou Chang, com a sobrancelha arqueada ainda puxando o cabelo dele. Então o soltou.
— Senhor, acho que o garoto consegue. Então não se arrependa de suas palavras agora. — Adônis falou calmo fazendo Kai rir.
— Você sabe atirar? — Kai puxou um assunto com Chang. — Teria coragem de tirar a vida de um homem? Ser segurança da nossa família…
— Se for necessário e me ajudar a pagar o que eu devo ao seu pai. — Chang respondeu.
Kai apenas o estudou com a sobrancelha bem feita arqueada.
— Pelo que eu ouvi, a sua dívida com papai, não é sua de fato, mas do seu pai. — Kai começou como se interessado.
Chang o analisou. Falou cortante:
— Bem, meu pai sumiu do mapa e está a oceanos de distância pelo que eu soube dele na última carta que recebi dele há dez anos. Seu pai não vai deixar minha mãe em paz se eu não pagar o que o maldito deve. Então fizemos o acordo e minha vida agora é do seu pai.
— E minha também. — Kai deixou Chang ciente com devasso prazer. — E dos meus irmãos. — O garoto acrescentou de repente com humor cruel. — Sabia que minha mãe foi a única mulher que meu pai já amou? Ele disse que ela foi o amor da vida dele. Meu pai pode gostar de se divertir com homens como você, mas quando se apaixona por uma mulher é para valer. Esteja avisado sobre isso Chang. Papai pode estar interessado em te fazer o cão fiel dele agora, mas não ache que isso dura. E quando ele cansar de você, você deve pensar bem em com qual dos três filhos dele depositará sua lealdade.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Soraya De Fátima Souza
Que cretino esse filho
2024-01-13
0
Aldenora Alves Liberato
chocada com esse moleque metido
2023-05-15
0
Elizabeth secrets
gente essa família me parece um caos cruzes
2022-08-08
2