Capítulo 2

^^^7 dias depois, ^^^

^^^Isabel.^^^

No dia da cerimônia, havia muitas pessoas no local, pois, os meus pais conheciam quase a cidade inteira. A minha família era pequena, havia apenas um tio por parte de pai e uma prima, eu não os conhecia. 

O Doutor Murilo, advogado dos meus pais e velho amigo da família, logo apareceu. Após cumprimentar algumas pessoas, o vi caminhando na minha direção. Ele me encarou e nada disse, então ficamos em silêncio por alguns momentos até que ele rompeu o mesmo.

— Sinto muito Isabel. — Disse tocando em minhas mãos — Preciso lhe perguntar algo importante. — Indagou. 

— Obrigada, Murilo! Pode perguntar, estou ouvindo — respondi sem nenhuma expressão facial, somente curiosidade.

— É.. O seu pai deixou testamento? 

— Não sei — Respondi rápido, realmente eu não fazia ideia de nada sobre esse assunto. 

O Dr. coçou a nuca e baixou a cabeça pensativo. Não demorou muito e ele olhou novamente para mim.

— Precisamos encontrá—lo. Posso lhe ajudar nisso? — Disse me encarando.

— Claro que sim, afinal, você é o advogado aqui, não? — Respondi.

— Sim, a morte dos seus pais não altera a nossa relação. Eu vou ao escritório do seu pai procurar este documento.

— Ok, faça o que tem que ser feito. 

Seguimos até o escritório e o Dr. Murilo adentrou a sala, em seguida, começou a revirar os papéis que estavam em cima da mesa.

— Encontrou? — Perguntei. 

— Sim, encontrei. — Suspirou — Faz alguma ideia do que está escrito aqui? Talvez sua vida mude drasticamente. 

— Mudar de que forma? — Questionei.

Murilo me encarou novamente, com uma expressão que eu não conseguia identificar.

— Sinto muito, eu não posso dizer nada — respondeu ele — Seria antiético lhe dizer algo antes de saber as últimas determinações do seu pai. 

— Então, porque diabos começou a dizer? Ora Murilo, por qual motivo não me tranquiliza? 

Parece que ele percebeu o meu nervoso e murmurou algo que eu não pudesse ouvir.

— Não posso lhe dizer absolutamente nada — Disse sério — amanhã saberá de tudo. 

Ele virou—se, e saiu em direção ao outro lado da sala, como se nada estivesse acontecendo.

— Que mudança será essa? Porque ele me deixou com tantas dúvidas? Será algo ruim? — Pensei comigo mesma, enquanto subia as escadas em direção ao meu quarto.

Eu nem sabia que dia seria leitura desse maldito testamento, eu daria tudo para saber quais eram as vontades do meu pai.

Gabriela havia saído a algum tempo, disse que estava desconfortável com essa despedida e precisava de um espaço. Eu a entendo. Desde que sua mãe faleceu, ela vive aqui conosco. Embora tenha seu apartamento e emprego, vivemos grudadas todos os dias, e querendo ou não, os meus pais a tratavam como filha. 

Ela também poderia estar preocupada com o emprego, afinal, quem seria seu chefe? Uma menina de 17 anos? Isso é complicado. Mas, sou feliz por ter ela, ter alguém que talvez pudesse me entender melhor.

Logo era novamente noite, e a bonita passou longa e desesperadora, eu mal consegui fechar os olhos e desligar as minhas memórias. Além de pensar nos meus pais, na minha vida que estava agora uma merda, ainda estava pensando na leitura desse testamento. Todos esses pensamentos se embaralham na minha mente como cartas de um jogo, em que eu parecia estar perdendo.

Assim que amanheceu, antes mesmo do despertador tocar, Gabriela entrou no meu quarto, sentou—se na ponta da minha cama e ficou me encarando, com uma cara que eu não entendi muito bem. Desviei o meu olhar e o direcionei ao teto, tentando organizar os meus pensamentos.

— Oi! — Disse baixo— como se sente? 

— Estou bem. Preciso aceitar que isso aconteceu, não é? — respondi olhando para ela. 

— Uma fatalidade. Eu estarei sempre aqui com você, tá? 

— Obrigada Gabi, sabe que é a única coisa que me restou.

— Estarei contigo, Bebel — Disse enquanto fazia carinho nas minhas mãos. — Olha, tem uma carta.  Primeiro gostaria de dizer que eu não sei o conteúdo, segundo, essa carta chegou aqui na portaria hoje.

— Uma carta? Logo hoje? — Perguntei  — que estranho.

Mas, eles já sabiam? Isso é muito esquisito. Penso que ou eles sabiam que iria acontecer algo, ou eles não queriam entregar pessoalmente por ser algo muito ruim.

— Leia primeiro, após isso, tire suas conclusões. Mas não se desespere, não queremos voltar ao hospital, não é?

Minhas mãos estavam trêmulas, peguei o pequeno pedaço de papel, eu não sabia o que estava escrito ali, só esperava que não fosse nada tão absurdo. 

^^^"Minha querida Isabel, me desculpe por tudo que aconteceu e por tudo que virá a acontecer. Sinto lhe informar que, quando você receber esta carta, eu e a sua mãe já não estaremos mais aqui. Fomos ameaçados e temendo que algo acontecesse, mandei lhe entregar essa carta assim que completasse 7 dias de nossa partida. Assim que você completar 18 anos, deverá se casar com um rapaz que eu escolhi, ele é filho do meu melhor amigo, Adam. Há um contrato de casamento a ser assinado, esse contrato garantirá a sua vida e seus bens. Me perdoe por isso, mas você não poderá ficar desamparada em um momento desses. No mais, tome bastante cuidado com seu tio Maurício, ele é mal, não deixe que se aproxime de você. Eu te amo, Miguel K. Batchelor."^^^

Terminei de ler e não consegui segurar as lágrimas que ousavam cair. Esfreguei as mãos nos olhos e encarei novamente aquela carta, talvez na expectativa de ser apenas um pesadelo.

Para piorar toda essa situação, ainda tem esse tal de contrato agora! Não conheço esse rapaz, nunca ouvi falar, só ouvia meu pai falar sobre o pai dele, eram amigos a muitos anos

— Não, não, não! — Gritei desesperada em meio às lágrimas. Saí do quarto e fui descendo as escadas em direção à sala.

— Calma Isabel, estou aqui com você. — Disse Gabriela me abraçando. — O que está acontecendo? 

— Gabi, os meus pais me meteram numa furada enorme. — Falei entregando o papel a ela — Leia, me diz que eu não estou ficando louca. 

Ela encarou a folha e, enquanto lia, fez uma cara de espanto.

— Melhor ligar para o Dr. Murilo — ela disse — assim ele poderá explicar melhor. — Me devolveu o papel.

— Tudo bem Gabi, acho melhor fazer isso mesmo. Espero que Murillo possa me tirar dessa. — Disse esperançosa, isso não pode acontecer comigo.

— Eu também, minha querida, mas saiba que..

Fomos interrompidas por alguém batendo na porta.

— Pode entrar — Falei alto.

A porta se abriu revelando Murilo. Ele era bem bonito e jovem, mas não jovem ao ponto de me interessar. Eu sempre achei que ele combinava com a Gabriela, mas ela diz que não. Somente por ele estar na casa dos 35 anos.

— Oi! Murilo, estava pensando em você agora mesmo! — Falei olhando muito sério para ele.

— Como vai, senhora Isabel? Vejo que já recebeu a carta com algumas informações, não é?

— Sim, Gabriela me entregou. Isso é uma brincadeira de mal gosto? 

— Jamais iríamos brincar com algo tão sério. Sei que não é o momento e nem o espaço adequado, mas vim lhe informar que a leitura do testamento será às 3 horas da tarde de hoje. 

— Acabei esquecendo. Espero não ter mais surpresas desagradáveis. Enquanto a esse contrato, não vou aceitar.

Um barulho muito alto se instalou na sala, mas era só o celular do Murilo tocando, um toque bem feio.

— Com licença, senhoras, eu preciso atender. — Disse e em seguida atendeu o celular — Dr. Adam, a que devo a honra de sua ligação?

Ao ouvir aquele nome, minha mente se projetou diretamente para a maldita carta. Adam é o estúpido pai do meu futuro "noivo". Mal recebi a notícia e o homem já está ligando, estou curiosa para saber o que ele queria, afinal..

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Comments

Iolanda C.

Iolanda C.

Obrigada pelo capítulo❤❤❤
Sinto que Isabel ainda terá muito o que passar. 😶 E agora estou curiosa para saber sobre o noivo dela.😬
E li errado ou ela tem um namorado😶

2022-05-06

5

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