^^^Bahia, 2017.^^^
^^^Isabel. M. Batchelor^^^
Embora seja três da tarde, o clima encontra-se extremamente agradável porque é primavera. Falta apenas seis meses para eu completar os meus 18 anos, finalmente! O meu pai havia dito que eu poderia trabalhar no gerenciamento da empresa com ele, assim que completasse a idade, por isso espero ansiosamente para essa data e peço que passe depressa, não vejo a hora de trabalhar no que um dia será meu por direito.
Faz exatamente uma semana que os meus pais viajaram alegando precisar de férias. Por conta dos estudos, decidiram me deixar hospedada na casa da minha melhor amiga, Gabriela.
Gabi, como eu a chamo carinhosamente, tem 22 anos, mas a idade nunca interferiu na nossa amizade. Quando a conheci, Gabi tinha 12 anos, enquanto eu tinha apenas 8, a sua mãe trabalhava aqui em casa, porém ela faleceu a alguns anos em decorrência de um câncer. Gabriela estudou e passou a trabalhar na cafeteria do meu pai, que continua perdendo dinheiro a cada dia que passa.
^^^"Esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida."^^^
— Um problema mesmo! — mumurrei para mim mesma enquanto folheio o livro.
Estava sozinha no quarto, entretida nas minhas leituras diárias quando ouço o grito estridente de Gabriela. Nem fecho o livro ou tenho tempo de me levantar, quando olhei em direção à porta, a vi entrar bruscamente, com os olhos assustados e muito nervosa.
— Isabel! Precisamos conversar algo muito sério! — ela informou segurando o telefone.
— Gabi, está me assustando. O que houve? — Perguntei assutada também, nunca a vi assim.
Era muito difícil ver Gabriela triste, ela sempre estava sorridente. Naquele dia, algo havia mudado, ela estava estranha e isso me deixou preocupada.
— Não tenho uma notícia muito boa para lhe dar. — Disse em meio aos soluços do seu choro.
Ao ver Gabriela chorar, o meu coração acelerou, as minhas mãos começaram a suar e eu nem sabia no que pensar! A última vez que a vi assim, foi quando a sua amada mãezinha partiu. Logo, a minha mente projetava a imagem dos meus pais, não sei por qual motivo, mas eu senti medo, eles eram as únicas pessoas que eu tinha na minha vida.
— Você terá que ser forte o meu amor. — Ela me abraçou — os seus pais, eles sofreram um acidente grave.
Senti isso como uma facada no meu peito, um golpe fatal.
— Como um acidente grave? Em que hospital eles estão? Preciso vê—los imediatamente — Disse num tom mais alto e nervoso.
A minha intuição não falhou, esse aperto no peito, esse pensamento nos meus pais, eu tinha certeza, algo de muito errado havia acontecido e eu temia o pior.
— Bom, essa é a pior parte — Pausou a fala — Eles não estão no hospital. Infelizmente eles faleceram. — Ela começou a chorar novamente.
— Fa..faleceram?
Nenhuma outra palavra saiu da minha boca. Naquele momento eu não sabia o que dizer, não sabia o que pensar, não sabia o que sentir. O meu coração acelerou, o meu corpo tremeu, o meu rosto ardeu ao sentir as lágrimas que escorriam. De repente, escuridão tomou conta de mim, e eu apaguei.
...***...
Com muito esforço eu consegui abrir os olhos, mas estava num quarto branco, e o olhar de preocupação de Gabriela fez a minha ficha cair ali mesmo. Eu não sei como tudo ocorreu realmente, na verdade, eu não quis saber. Só sei o necessário, o avião em que eles estavam, caiu. Não houve nenhum sobrevivente.
Eu desmaiei e a Gabriela em seu total desespero me trouxe pro hospital. O médico disse que esse desmaio ocorreu em consequência do estado de choque ao receber a notícia. Isso afetou todos os meus processos corporais, diminuindo as funções vitais.
— Doutor, eu perdi o velório, enterro, tudo — Disse começando a chorar. Eu custava a acreditar que, além de perder os meus pais, eu ainda não tinha comparecido ao enterro! Que bela filha hein!
— Infelizmente não houve nada disso, com a explosão, não sobrou nada do avião, nem das pessoas — Disse ele — Bom, agora tenho que ir, tá? Qualquer coisa, pede para me chamarem. — completou.
Eu nunca fui de demonstrar fraqueza, nem meus sentimentos, era muito difícil dizer eu te amo para os meus pais, mas eu daria tudo para poder sentir novamente e poder dizer que eu amava muito eles.
— Tudo bem doutor. Quando posso sair daqui? — perguntei o homem de idade à minha frente que me olhava com pena nos olhos.
— Vou providenciar. Boa tarde! — ele deu um pequeno sorriso de canto, e virou—se para sair eu apenas respondi:
— Obrigada, Boa tarde!
No final da tarde, minha companheira fiel, Gabriela, foi no hospital me buscar e fomos para casa em silêncio. Ela sabia que quando acontecia algo que me deixava triste ou chateada, eu gostava de ficar em silêncio. Ela sempre respeitou isso, o meu espaço. Embora nova ainda, eu e Gabriela já passamos poucas e boas.
Novamente em casa, subi as escadas e entrei no quarto. Tomei um banho e me deitei, não senti fome e logo bateu o cansaço, o que me fez pegar no sono. Acordei na madrugada e o sono se foi, a partir dali, a noite passou bem devagar. Enquanto meus pensamentos me torturavam, eu pensava nos meus pais e em como seria a minha vida a partir daquele momento.
— O que será de mim? — Perguntei para mim mesma.
Continua...
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Tarcila Lamberti de Souza
Amando 😍😍😍. É uma das minhas histórias preferidas 🤩🤩🤩🤩. Embora triste 😭. Coitada da Isabel.
2022-05-07
2
Iolanda C.
Amei o capítulo, obrigada por ele❤❤❤
Lamentando por Isabel e torcendo pra que ela fique bem. Que trauma.😢
2022-05-05
3
Gabih Viih
carac nn esperavaaa
2022-05-05
3