- Luciana, Luciana! Antônio Chamava pela menina na frente da casa dos Silva.
De dentro da casa veio correndo aquela menina de sete anos, com a roupa suja e o cabelo arrepiado, com o sorriso mais puro e largo por ver o amigo.
- Antônio, que bom que você veio! Fazia tempo que não vinha me ver, eu tava com saudades!
- Não esqueci de você Luci! Venha, vamos dar uma volta lá na cachoeira, tem tantas coisas que quero contar. Não pude vir antes, porque meu pai está tomando meu tempo cada vez mais. Aula de latim, de matemática, equitação.... nossa um monte de chatice, falou o menino com olhar triste.
- Mas hoje eu consegui fugir, queria te ver e queria ir lá pra cachoeira. Hoje vou te ensinar a nadar, como eu tinha prometido.
- Oba Antônio, eu quero muito aprender a nadar..... pensei que você tinha esquecido da tua promessa.
Assim saíram os dois para a mata, como sempre faziam. Chegando na cachoeira, Antônio começou a tentar ensinar a menina a nadar, mas era muito difícil para ela perder o medo.
- Calma Luci, assim ó! Tem que bater os braços e as pernas! Falava para a menina enquanto nadava. – Você precisa confiar em si mesma Luci, vamos tente.
Mas a menina não saia do lugar, ficava com a água batendo no joelho, olhando com os olhos brilhantes para Antônio que nadava demonstrando o que a pequena deveria fazer.
- Venha Luci! Falou o menino estendendo as mãos para ela. Fique tranquila, confie em mim! Não vou deixar nada te acontecer! Falou confiante, se achando um homenzinho se comparado a pequena! Então levou a menina um pouco mais para o fundo. Pediu para a menina deitar na água, fechar os olhos e relaxar. Colocou seus pequenos braços em baixo da barriga dela, e disse!
- Confie em mim Luci, nunca vou deixar nada acontecer com você!
Como toda a criança, de inicio a menina não conseguia se soltar. Então Antônio começou a falar para ela imaginar que era um peixinho, igual aos que eles ficavam vendo nadar no rio, para ela ir mexendo os braços e as pernas levemente e confiar! Vez ou outra ele tentava soltar ela, mas a menina afundava, e ele voltava a falar:
- Calma, Calma Luci! Uns goles de água não vão te fazer mal, você só precisa perder esse medo! Sem perder o seu medo da água, você nunca vai aprender.
- Antônio, eu tenho medo de afundar, e se eu me afogar? Minha mãe vai ficar muito triste! E você também né?
- Deixa de ser boba Luci, aqui não dá pra se afogar, e eu estou aqui do teu lado, eu sei nadar e já te disse que não vou deixar nada te acontecer! Vamos aprenda a nadar, daí você pode ir comigo lá naquela pedra que sempre vou. Você vai ver como é bom.
Antônio tanto insistiu, que conseguiu tranquilizar a amiga, logo ela dava suas primeiras braçadas. Luciana era uma menina insistente, ela queria aprender a nadar naquele dia, e iria aproveitar as aulas do amigo, só iria embora quando estivesse dominando a arte.
Os dois ficaram muito felizes quando a pequena aprendeu a nadar, assim os momentos que passavam juntos ficaram ainda mais agraveis. Ficavam lá sentados na pedra, com a água da cachoeira caindo sobre suas costas, dando risada da cócega que sentiam.
- Antônio, você é o menino que eu mais gosto daqui. Vou confiar em você para sempre! Promete que nunca vai me esquecer?
- Prometo Luci, mesmo quando eu estiver velhinho, vou lembrar de você! Dos seus cabelos pretos, lisos e embaraçados! Vou lembrar da nossa amizade pra sempre.
- Quando você crescer, você vai casar comigo?
O menino não respondeu, ele bem que queria dizer que sim, que queria ter a pequena Luciana para sempre em sua vida! Mas mesmo tão pequeno, Antônio sabia que seu destino seria definido pelo pai. Porém naquele momento queria ficar ali com Luciana e sonhar que quando eles crescessem, tornaria aquela menina sua esposa, não sabia ao certo o que isso significava, só que marido e mulher viviam juntos, e era o que ele queria, viver sempre com Luciana por perto.
O primeiro amor é assim, tão puro, tão sem intenções, um apenas desfrutando do outro, sem nenhum interesse além do estar junto e cuidar. Era isso que Antônio sentia por Luciana, eram crianças, mas tinham um pelo outro um amor sem maldade. Antônio tinha vontade de levar a menina para conhecer sua casa na fazenda, de ensinar ela a andar à cavalo, de ensiná-la a ler, e fazer suas próprias viagens no universo da leitura. Mas o menino sabia que não poderia, tinha que manter essa amizade em segredo. Francisco, jamais aceitaria que ele andasse com alguém como Luciana, ela a menina pobre, andava com vestidos surrados e de segunda mão, e ele o menino rico, único herdeiro de uma das maiores fortunas do Brasil, o império dos Mendes de Sá.
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Atualizado até capítulo 50
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