um cavalheiro precisa ter autocontrole.

- Jhonson! acaso está tentando me enforca?

- não meu lorde. apenas estou tentando arrumar o nó da sua gravata.

- pois parece mais que está tentando me matar! termine logo com isso homem. William e Edgard então me esperando.

- meu Lorde, eu jamais tentaria lhe matar, apenas quero deixar-lhe bonito para essa noite.

- está dizendo que não sou bonito, Jhonson?

Jhonson ficou vermelho na mesma hora, era muito fácil mexer com ele. ele era meu valete a pelo menos cinco anos e se tornou um amigo pra mim.

- nunca meu senhor, tenho certeza que pra muitas damas o senhor é um tesouro aos olhos.

eu ri, Jhonson sempre foi assim, ela aguentava minhas excentricidades com muita dignidade.

- por que essa noite você está caprichando na minha aparência?

- lady Beatrice ficará encantada com sua senhoria, e quando lhe propor não terá como dizer não.

não podia culpa-lo. todos acreditavam que eu havido trazido lady Beatrice e sua família pra White Horse House para lhe pedir a mão. eu simplesmente não tive como dizer não ao pedido da lady Margareth, a mãe do William. ele era meu melhor amigo e quando me apresentou sua irmã eu achei que tinha encontrado finalmente uma mulher pra minha vida. ela era linda, meiga, educada, inteligente e tocava piano divinamente. mas ao conhecê-la melhor, vi que ela era mais fútil, orgulhosa e vaidosa que imaginava. um dia, lady Margareth insinuou que queria conhecer White Horse House e não tive outro jeito se não convidá-los para visitar a casa.

- pronto, está muito elegante meu senhor.

- obrigado Jhonson, finalmente acabou a tortura.

me virei no espelho e vi que o nó estava perfeito. Jhonson era muito bom naquilo.

- estou descendo.

- sim meu Lorde.

sai do quarto e fui pra escada principal, aposto que William e seu irmão Edgard já deviam está me esperando para tomar aquele whisky dezoito anos.

estava já no final do corredor e ouvi vozes, eles já tinham começado sem mim. era a voz do William

-você é estrangeira.

com quem ele estava falando?

- estrangeira? claro, por que não percebi isso antes? estava precisando de carne nova mesmo.

- cala boca Edgard!

- vamos Wili, é só brincadeira, ela está apenas se fazendo de difícil.

ela? não eram sua irmã e mãe, lady Margareth odiava quando Edgard chamava William de Wili. me aproximei mais e cheguei as escadas. a configuração do hall junto da sala aumentava a acústica do local e dava pra escutar a conversa como se estivesse ao lado deles. mas só era possível com as portas abertas.

- não pense, jamais sir Edgard, que estou brincando. não estou disponível para saciar seus desejos carnais. e fique longe das outras criadas.

abaixei a cabeça desanimado. aquilo estava acontecendo de novo! mas uma vez esse tipo de abuso na minha casa! não mais. nunca mais.

- ousa me dá uma ordem, mulher?

era Edgard, pela voz parecia com raiva.

- não é uma ordem, é um aviso.

de onde estava vi Edgard da um passo na direção da criada mas William o pegou pelo braço e o parou. não conseguia vê o rosto da criada, William estava na frente bloqueando minha visão. quem era a criada? Lily não teria coragem, Mary jamais enfrentaria um hóspede da casa. Anne? ela era miúda, e a criada era alta. talvez Nancy?

- você é muito atrevida e orgulhosa pra uma criada. o que lhe falta é alguém lhe colocar no seu lugar.

ele estava ameaçando a criada mas não se mexeu, William continuo parado.

- essa vadia tá mesmo precisando ser domada, farei isso com maior prazer.

Edgard soltou o braço preso e começou a ir na direção da criada, aquilo já tinha ido longe demais. tinha prometido a mim mesmo que nunca mais aconteceria "isso" nessa casa.

- Edgard!

Edgard parou na hora e olhou pra trás, William também olhou pra trás. estavam os dois olhando pra mim com a cara de surpresa.

- não vejo nenhum cavalo para ser domado. o que pretende fazer?

Edgard ficou mudo. ele estava surpreso pela minha chegada.

- Woodward ignore o Ed, ele é jovem e muito impetuoso.

William falou com nota de desprezo como se o assunto não tivesse importância, aquilo só me deixou com mais raiva. William sabia que eu não suportava esse tipo de comportamento. ele deveria ter cortado Edgard.

fui descendo as escadas olhando pra sir Edgard.

- Edgard já tem vinte e quatro anos, ele já não é tão jovem assim. acaso esqueceu onde está?

Edgar ficou mais branco que uma folha de papel. ele abaixou a cabeça e deu alguns passos pra trás. quando cheguei ao fim da escada fui em direção a William.

- William, explique a cena, por favor.

- foi apenas um mal entendido. Edgard fez um comentário apreciativo com a criada e ela foi desrespeitosa com ele.

nesse momento olhei pra criada em questão.

estava Lily ao lado dela mas a criada eu não conhecia. ela era nova? eu ainda não tinha sentado com Mrs Campbell para escolher a criadagem, então como ela estava aqui? Edgard era um imbecil mas tinha bom gosto. a criada era muito atraente, com uma beleza bem diferente. ela era estrangeira, ouvi William dizendo. ela tinha um beleza exótica e bem natural. seu corpo não era magro, estava com as curvas certas nos lugares certos. ela era uma bruxa que seduzia os homens sem nenhum esforço. mas não era motivo para ataca-la, um cavalheiro precisa ter autocontrole.

- um comentário apreciativo? não imagino qual poderia ter sido, poderia me dizer qual foi?

- Wood, por favor isso não é nescessário, minha mãe e irmã estão prestes a descer, não é bom que presenciem essa cena.

mais uma vez aquele tom, como se tudo fosse uma grande besteira. a minha raiva aumentou ainda mais.

- criada, qual foi o comentário?

ela me olhava com olhos bem abertos e redondos, não tinha certeza mais eram castanho claro? ou era cor de mel? ela estava muda e muito vermelha, estava claro que toda a sua coragem foi embora quando cheguei. ela abaixou a cabeça.

- Wood? não vê o que está acontecendo? você a está intimidando, deixe-a ir.

- muito bem William, assim que seu irmão pedir desculpas a criada.

não iria estender aquele momento por mais tempo, depois teria uma conversa séria com William e Edgard. mas agora era melhor terminar aquele confronto.

- não pode está falando sério. Oliver?

William estava apelando para a nossa amizade, apenas algumas pessoas eu permitia me chamar pelo meu nome, e William era uma dessas. mas não ia adiantar, aquela era a minha casa e eu protegeria os meus.

- Edgard, não gosto de me repetir.

ainda estava olhando pra criada. qual seria a cor do seu cabelo? ela levava uma touca não conseguia vê.

- perdoe meu comportamento.

muito bem, Edgard agora sabe que na minha casa esse tipo de comportamento não é aceitável.

ela balançou a cabeça como aceitação as desculpas e me olhou. seus olhos são castanhos claros. acho que puxado pra âmbar.

- lorde Woodward, posso me retirar?

seu sotaque era bem atrativo, quem era essa criada?

- sim.

ela fez uma reverência e puxou Lily e saíram pelo corredor. o encanto acabou. ela se foi. me virei pra William e Edgard.

- Woodward eu posso...

- conversaremos na biblioteca depois do jantar. lady Margareth e lady Beatrice não precisam saber.

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