MEU RAIO DE SOL
Samanta observava a menina a sua frente assoprando a velinha de seu sexto aniversário alegremente, sabia que seria mais um ano em que ela não tivera a presença de seu pai, nem de sua mãe. Ela chegara para trabalhar naquela casa há exatos cinco anos, Maria Flor ainda era um bebê de um ano, e era cuidada pelos avós paternos, Olívia e Saulo.
Ela se apegara à menina de uma forma que nunca imaginara ser possível, era um amor tão grande que não cabia no peito. Ela foi se tornando fundamental na educação da menina, e Maria Flor não via mais Samanta como somente uma babá, e sim uma mãe. Gostava de chamar Samanta pelo apelido, Sá.
Samanta: Faz um pedido meu amor!
Maria Flor: Já fiz Sá, quero ver meu papai e minha mamãe de novo!
Samanta sabia que seria muito difícil pois, desde que a mãe de Maria Flor abandonara o marido e a filha, o pai da menina havia ficado tão amargurado com a situação que a deixara aos cuidados de seus pais e fora embora do país. Nunca mais havia retornado, não ligava, não entrava em contato, não mandava nenhum presente nos aniversários, simplesmente esquecera que tinha uma filha. Na casa haviam pouquíssimas fotos do pai e da mãe da menina, apenas fotografias de quando eles eram muito jovens, da época de namoro e da gravidez. Naquela casa, ninguém sabia da atual aparência do pai de Maria Flor.
Já a mãe da menina, ninguém sabia do paradeiro há anos, a última coisa que sabiam era que ela andava de país em país em busca de homens ricos.
Maria Flor: Sá, você acha que meu papai e minha mamãe vão voltar para me ver algum dia?
Samanta: Mas é claro que sim meu amor, tenho certeza que quando você menos esperar, eles aparecerão.
Maria Flor: Bem que podia ser hoje né?
Samanta sentia seu coração apertado de saber que Maria Flor criara mais um ano a expectativa de que por um milagre seus pais apareceriam. Ela mesma algumas vezes, já havia mandado e-mails pedindo para que o pai da menina voltasse, pois sabia que ele mantinha um escritório fixo fora do país, pedia para que ele se interessasse mais pela própria filha, porém não havia obtido sucesso, nenhum e-mail fora respondido.
Samanta tinha 31 anos, era uma jovem mulher muito simples, estava acostumada a trabalhar desde cedo, ela havia deixado a pequena cidadezinha do interior onde morava aos 17 anos e partira para a cidade grande em busca de oportunidades melhores, não tinha mais os pais junto dela, perdera os dois muito cedo, e desde então era cuidada por uma tia, e assim que teve oportunidade, decidira ir em busca de melhores condições. Havia trabalhado em restaurantes como garçonete, em supermercados e como babá em outras casas, até que conhecera Olivia por acaso.
Samanta estava sentada numa pracinha olhando os anúncios de trabalho quando Olívia chegou com um carrinho de bebê e se sentou ao seu lado, no mesmo instante Samanta se apaixonou pelo lindo bebezinho, o que fora recíproco pois Maria Flor havia interagido com ela e retribuído o carinho. Desde então as duas se tornaram inseparáveis e Samanta era como se fosse uma filha para Olívia e Saulo.
Naquela noite enquanto colocava Maria Flor para dormir, ela pensava em como um pai e uma mãe podiam não querer participar do crescimento e desenvolvimento de sua filha. Eles simplesmente perderam todos os seus aniversários, seu primeiro dia na escolinha, seu primeiro dentinho caindo, sua primeira apresentação na escola, sua primeira palavrinha, e o mais importante, estava perdendo todo o amor que sua filha tinha guardado no coração para eles. Naquela casa, nada de material faltava para ela, porém o mais importante ela não tinha: A presença e o amor do pai, e da mãe.
Samanta sai do quarto depois de colocar Maria Flor na cama, pois o dia havia sido cheio, festas infantis são sempre muito animadas e cansativas. Ela desce as escadas da linda e imensa casa onde trabalhava e morava, e vai para seu quarto, lá ela toma um banho e se deita, pois no dia seguinte começaria tudo novamente.
A rotina de Samanta era sempre a mesma, acordava cedo, tomava seu banho, colocava uma roupa confortável pois não usava uniforme, e acordava Maria Flor para se arrumar para ir à escolinha, desciam, tomavam café todos sentados à mesa, ela inclusive, e logo após Samanta saía para leva-la à escola. Durante a semana levava a menina ao balé e a natação em dias alternados.
De quinze em quinze dias Samanta saía com seu namorado. Ela e Mateus haviam se conhecido em seu antigo trabalho, ele era garçom no mesmo restaurante que ela havia trabalhado. Estavam juntos havia seis anos. Ele era sempre muito compreensivo com seu trabalho, sabia que ela teria que morar no serviço e que seus encontros seriam quinzenalmente. Samanta se perguntava constantemente porque mantinha um namoro em que não estava feliz. Quando se conheceram, ela não havia se interessado por ele, sempre o via como um amigo, um colega de trabalho, mas de tanto ele insistir, ela acabara dando uma chance para o rapaz, e quando viu, estavam namorando. Ela sabia que não era apaixonada por ele, porém, acabara se acostumando com sua companhia.
Agora, cada vez que chegava o dia de se encontrarem, ela sentia um aperto no peito, não sentia vontade de estar com ele, afinal, o namoro dos dois sempre fora morno demais, não tinha paixão, para ela, eram somente bons amigos.
Quanto mais o tempo passava, ela tinha a certeza que não queria mais Mateus em seu futuro. Samanta já havia conversado com ele sobre o assunto diversas vezes, e ele sempre insistia de que um dia ela chegaria a amá-lo. Nos últimos tempos, ela inventava muitas desculpas para não o ver, sabia que era errado e teria que tomar uma atitude, porém não queria magoá-lo, sempre pensava no bem das outras pessoas, e por último nela.
Estava decidida a falar com Mateus sobre o relacionamento de ambos e por um ponto final de uma vez por todas, porém queria voltar de viagem primeiro.
Samanta não podia acreditar que seu sonho iria se tornar realidade. Dias antes ficara sabendo que Olívia e Saulo iriam comemorar o aniversário de casamento deles de 40 anos, e haviam escolhido a Grécia como destino. Samanta achara que eles viajariam sozinhos, e ela iria ficar e cuidar de Florzinha, porém fora surpreendida com o convite de ir junto com eles. Por mais que ela fosse a trabalho não podia deixar de sentir alegria por conhecer o lugar de seus sonhos.
Assim que ela voltasse de viagem, iria colocar um ponto final em seu relacionamento com Mateus, a decisão já estava tomada.
Samanta estava sonhando, ela tinha escolhido a dedo cada peça de roupa que levaria para a Grécia, sabia que teria que cuidar de Maria Flor, mas isso não a impedia de andar por lá, e para isso queria estar bonita. Ela não precisava se esforçar muito pois tinha uma beleza natural, seus lábios eram carnudos, seus olhos expressivos e grandes, seus cílios eram longos e volumosos, e seus cabelos caíam sobre os ombros chegando até sua cintura, parecia uma boneca de tão delicada.
Assim que o avião pousa em solo grego, Samanta é tomada por uma sensação de encantamento. Não via a hora de andar por aquelas ruas tão floridas e charmosas.
Chegaram a Grécia à noite, foram direto para o hotel descansar para no dia seguinte explorar aquele lugar tão lindo. Maria Flor estava eufórica e a todo momento perguntava se poderiam tomar todos os sorvetes da Grécia, pois era sua sobremesa favorita.
No dia seguinte, Samanta acorda bem cedo, toma um banho, coloca um vestido simples lilás, nos pés uma rasteirinha, e acorda Maria Flor para tomar um banho e saírem tomar café. Após se arrumarem, elas encontram Olívia e Saulo no saguão do hotel.
Assim que terminam o café da manhã, eles saem para conhecer aquele país tão lindo e encantador.
Durante sua estadia na Grécia, conheceram Delfos, um dos pontos turísticos mais conhecidos, foram também a Napflio, uma cidade portuária considerada uma das mais bonitas da Grécia, conheceram Creta, que abriga o maior número de sítios arqueológicos, e por último foram ao museu da acrópole onde abrigava objetos muito importantes da época da Grécia antiga. A todo lugar que iam Samanta sentia seu coração se alegrar pois aquele lugar transbordava história.
Maria Flor por sua vez, provava muitos sabores de sorvetes diferentes, estava adorando a viagem, perguntava sobre tudo com muito entusiasmo.
Em seu penúltimo dia, Olívia resolveu dar uma folga a Samanta.
Olívia: Filha, eu e o Saulo conversamos, e resolvemos ficar com a Florzinha para você passear. Eu sei que deve ter sido entediante para você ir a museus, sítios arqueológicos, então queremos que você tenha uma folga amanhã para explorar por aí, afinal será nosso último dia aqui.
Samanta: Eu jamais achei chato a companhia de vocês, eu amei cada segundo da nossa viagem, está sendo um sonho. Mas eu confesso que tem lugares que eu gostaria de ir sim.
Olívia: Pois então está combinado, amanhã cuidaremos da florzinha e você vai para onde quiser.
O que será que a esperava naquele lugar tão lindo?
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Eliana Araújo
começando dia 20062024
2024-06-21
0
Juliana Vicentina Da Vo
Vamos lá em uma leitura
2024-02-13
1
Cristina Leal
começando a ler suas maravilhas Gizah
2024-01-28
3