Samanta observava a menina a sua frente assoprando a velinha de seu sexto aniversário alegremente, sabia que seria mais um ano em que ela não tivera a presença de seu pai, nem de sua mãe. Ela chegara para trabalhar naquela casa há exatos cinco anos, Maria Flor ainda era um bebê de um ano, e era cuidada pelos avós paternos, Olívia e Saulo.
Ela se apegara à menina de uma forma que nunca imaginara ser possível, era um amor tão grande que não cabia no peito. Ela foi se tornando fundamental na educação da menina, e Maria Flor não via mais Samanta como somente uma babá, e sim uma mãe. Gostava de chamar Samanta pelo apelido, Sá.
Samanta: Faz um pedido meu amor!
Maria Flor: Já fiz Sá, quero ver meu papai e minha mamãe de novo!
Samanta sabia que seria muito difícil pois, desde que a mãe de Maria Flor abandonara o marido e a filha, o pai da menina havia ficado tão amargurado com a situação que a deixara aos cuidados de seus pais e fora embora do país. Nunca mais havia retornado, não ligava, não entrava em contato, não mandava nenhum presente nos aniversários, simplesmente esquecera que tinha uma filha. Na casa haviam pouquíssimas fotos do pai e da mãe da menina, apenas fotografias de quando eles eram muito jovens, da época de namoro e da gravidez. Naquela casa, ninguém sabia da atual aparência do pai de Maria Flor.
Já a mãe da menina, ninguém sabia do paradeiro há anos, a última coisa que sabiam era que ela andava de país em país em busca de homens ricos.
Maria Flor: Sá, você acha que meu papai e minha mamãe vão voltar para me ver algum dia?
Samanta: Mas é claro que sim meu amor, tenho certeza que quando você menos esperar, eles aparecerão.
Maria Flor: Bem que podia ser hoje né?
Samanta sentia seu coração apertado de saber que Maria Flor criara mais um ano a expectativa de que por um milagre seus pais apareceriam. Ela mesma algumas vezes, já havia mandado e-mails pedindo para que o pai da menina voltasse, pois sabia que ele mantinha um escritório fixo fora do país, pedia para que ele se interessasse mais pela própria filha, porém não havia obtido sucesso, nenhum e-mail fora respondido.
Samanta tinha 31 anos, era uma jovem mulher muito simples, estava acostumada a trabalhar desde cedo, ela havia deixado a pequena cidadezinha do interior onde morava aos 17 anos e partira para a cidade grande em busca de oportunidades melhores, não tinha mais os pais junto dela, perdera os dois muito cedo, e desde então era cuidada por uma tia, e assim que teve oportunidade, decidira ir em busca de melhores condições. Havia trabalhado em restaurantes como garçonete, em supermercados e como babá em outras casas, até que conhecera Olivia por acaso.
Samanta estava sentada numa pracinha olhando os anúncios de trabalho quando Olívia chegou com um carrinho de bebê e se sentou ao seu lado, no mesmo instante Samanta se apaixonou pelo lindo bebezinho, o que fora recíproco pois Maria Flor havia interagido com ela e retribuído o carinho. Desde então as duas se tornaram inseparáveis e Samanta era como se fosse uma filha para Olívia e Saulo.
Naquela noite enquanto colocava Maria Flor para dormir, ela pensava em como um pai e uma mãe podiam não querer participar do crescimento e desenvolvimento de sua filha. Eles simplesmente perderam todos os seus aniversários, seu primeiro dia na escolinha, seu primeiro dentinho caindo, sua primeira apresentação na escola, sua primeira palavrinha, e o mais importante, estava perdendo todo o amor que sua filha tinha guardado no coração para eles. Naquela casa, nada de material faltava para ela, porém o mais importante ela não tinha: A presença e o amor do pai, e da mãe.
Samanta sai do quarto depois de colocar Maria Flor na cama, pois o dia havia sido cheio, festas infantis são sempre muito animadas e cansativas. Ela desce as escadas da linda e imensa casa onde trabalhava e morava, e vai para seu quarto, lá ela toma um banho e se deita, pois no dia seguinte começaria tudo novamente.
A rotina de Samanta era sempre a mesma, acordava cedo, tomava seu banho, colocava uma roupa confortável pois não usava uniforme, e acordava Maria Flor para se arrumar para ir à escolinha, desciam, tomavam café todos sentados à mesa, ela inclusive, e logo após Samanta saía para leva-la à escola. Durante a semana levava a menina ao balé e a natação em dias alternados.
De quinze em quinze dias Samanta saía com seu namorado. Ela e Mateus haviam se conhecido em seu antigo trabalho, ele era garçom no mesmo restaurante que ela havia trabalhado. Estavam juntos havia seis anos. Ele era sempre muito compreensivo com seu trabalho, sabia que ela teria que morar no serviço e que seus encontros seriam quinzenalmente. Samanta se perguntava constantemente porque mantinha um namoro em que não estava feliz. Quando se conheceram, ela não havia se interessado por ele, sempre o via como um amigo, um colega de trabalho, mas de tanto ele insistir, ela acabara dando uma chance para o rapaz, e quando viu, estavam namorando. Ela sabia que não era apaixonada por ele, porém, acabara se acostumando com sua companhia.
Agora, cada vez que chegava o dia de se encontrarem, ela sentia um aperto no peito, não sentia vontade de estar com ele, afinal, o namoro dos dois sempre fora morno demais, não tinha paixão, para ela, eram somente bons amigos.
Quanto mais o tempo passava, ela tinha a certeza que não queria mais Mateus em seu futuro. Samanta já havia conversado com ele sobre o assunto diversas vezes, e ele sempre insistia de que um dia ela chegaria a amá-lo. Nos últimos tempos, ela inventava muitas desculpas para não o ver, sabia que era errado e teria que tomar uma atitude, porém não queria magoá-lo, sempre pensava no bem das outras pessoas, e por último nela.
Estava decidida a falar com Mateus sobre o relacionamento de ambos e por um ponto final de uma vez por todas, porém queria voltar de viagem primeiro.
Samanta não podia acreditar que seu sonho iria se tornar realidade. Dias antes ficara sabendo que Olívia e Saulo iriam comemorar o aniversário de casamento deles de 40 anos, e haviam escolhido a Grécia como destino. Samanta achara que eles viajariam sozinhos, e ela iria ficar e cuidar de Florzinha, porém fora surpreendida com o convite de ir junto com eles. Por mais que ela fosse a trabalho não podia deixar de sentir alegria por conhecer o lugar de seus sonhos.
Assim que ela voltasse de viagem, iria colocar um ponto final em seu relacionamento com Mateus, a decisão já estava tomada.
Samanta estava sonhando, ela tinha escolhido a dedo cada peça de roupa que levaria para a Grécia, sabia que teria que cuidar de Maria Flor, mas isso não a impedia de andar por lá, e para isso queria estar bonita. Ela não precisava se esforçar muito pois tinha uma beleza natural, seus lábios eram carnudos, seus olhos expressivos e grandes, seus cílios eram longos e volumosos, e seus cabelos caíam sobre os ombros chegando até sua cintura, parecia uma boneca de tão delicada.
Assim que o avião pousa em solo grego, Samanta é tomada por uma sensação de encantamento. Não via a hora de andar por aquelas ruas tão floridas e charmosas.
Chegaram a Grécia à noite, foram direto para o hotel descansar para no dia seguinte explorar aquele lugar tão lindo. Maria Flor estava eufórica e a todo momento perguntava se poderiam tomar todos os sorvetes da Grécia, pois era sua sobremesa favorita.
No dia seguinte, Samanta acorda bem cedo, toma um banho, coloca um vestido simples lilás, nos pés uma rasteirinha, e acorda Maria Flor para tomar um banho e saírem tomar café. Após se arrumarem, elas encontram Olívia e Saulo no saguão do hotel.
Assim que terminam o café da manhã, eles saem para conhecer aquele país tão lindo e encantador.
Durante sua estadia na Grécia, conheceram Delfos, um dos pontos turísticos mais conhecidos, foram também a Napflio, uma cidade portuária considerada uma das mais bonitas da Grécia, conheceram Creta, que abriga o maior número de sítios arqueológicos, e por último foram ao museu da acrópole onde abrigava objetos muito importantes da época da Grécia antiga. A todo lugar que iam Samanta sentia seu coração se alegrar pois aquele lugar transbordava história.
Maria Flor por sua vez, provava muitos sabores de sorvetes diferentes, estava adorando a viagem, perguntava sobre tudo com muito entusiasmo.
Em seu penúltimo dia, Olívia resolveu dar uma folga a Samanta.
Olívia: Filha, eu e o Saulo conversamos, e resolvemos ficar com a Florzinha para você passear. Eu sei que deve ter sido entediante para você ir a museus, sítios arqueológicos, então queremos que você tenha uma folga amanhã para explorar por aí, afinal será nosso último dia aqui.
Samanta: Eu jamais achei chato a companhia de vocês, eu amei cada segundo da nossa viagem, está sendo um sonho. Mas eu confesso que tem lugares que eu gostaria de ir sim.
Olívia: Pois então está combinado, amanhã cuidaremos da florzinha e você vai para onde quiser.
O que será que a esperava naquele lugar tão lindo?
No dia seguinte, Samanta estava animada por poder explorar aquele lugar tão lindo. Batia uma brisa gostosa e calma, o cheiro era de mar misturado com um aroma agradável de flores de todos os tipos.
Ela acordara muito cedo, colocara seu vestido mais bonito, estava em um lindo vestido branco com flores azuis, tinha um tecido muito leve e a medida em que ela se movimentava, o vestido esvoaçava no ar. Estava decidida a conhecer Santorini, pois diziam que era um dos lugares mais românticos da Grécia.
Era um lugar encantador, casas e vielas todas brancas, janelas, portas e tetos todos azuis, ela parecia que fazia parte daquele lugar. Samanta visitara cafés, restaurantes e lojas.
No fim do dia resolve assistir ao pôr do sol, diziam que era um dos mais lindos do mundo. Ela sobe até um famoso mirante da cidade para apreciar o espetáculo. O lugar estava apinhado de turistas, de todos os lugares, de todas as nacionalidades.
Assim que o sol se põe, os turistas começam a ir embora, porém ela continua a observar aquele imenso mar a sua frente, parecia que se misturava com o céu. Era uma das coisas mais lindas que ela já havia visto. Ela nem ao menos percebe que estava chorando.
Homem: Você está bem?
Samanta olha para o lado assustada, não havia percebido o homem a observando ao seu lado.
Samanta: Sim obrigada, eu só fiquei emocionada de estar em um lugar tão lindo assim.
Homem: E o que te trouxe a Grécia? Percebi que você não é daqui.
Samanta: Eu vim a trabalho, e hoje ganhei um dia de folga para conhecer esse lugar sozinha, mas amanhã já irei embora. E você, o que te trouxe aqui?
Homem: Negócios. Infelizmente não consegui conhecer muitos lugares, mas esse eu fiz questão.
Samanta: Sempre foi meu sonho conhecer esse lugar, eu jamais imaginei que um dia realizaria esse sonho.
Homem: Sonhos podem se tornar realidade. O que tem de ser nosso, não importa o tempo que demorar, mas chega até nós de alguma forma.
Samanta: Não tenho tanta certeza disso!
Homem: Escuta, eu sei que não nos conhecemos, mas eu estou sozinho, e você também, não gostaria de jantar comigo? Podemos comer perto daqui mesmo, e conversar um pouco.
Samanta não sabia se aceitava ou não, nem ao menos sabia quem era aquele homem misterioso que estava a sua frente, mas de alguma forma queria acompanha-lo, não sentia que ele pudesse fazer mal a ela.
Somente então, foi que ela percebeu como ele era lindo. Era muito mais alto que ela, tinha os cabelos muito pretos, impecavelmente cortado e penteado, sobrancelhas grossas, e um olhar misterioso, mas intenso. Pela primeira vez na vida, ela estava tentada a fazer alguma coisa sem pensar muito.
Samanta: Aceito!
Homem: Ótimo, se você quiser podemos ir agora mesmo.
Eles caminham cerca de dez minutos e chegam a um restaurante com vista panorâmica do mar, era um lugar alto que eles podiam enxergar a ilha quase inteira, as casinhas brancas de janelas e portas azuis já começavam a ficarem iluminadas. Batia uma brisa suave e gostosa.
Os dois se sentam e ficam em silêncio observando o imenso mar a sua frente. Nenhum dos dois parecia querer quebrar a magia daquele momento. Assim que a comida chega eles começam a comer, Samanta é quem quebra o silêncio.
Samanta: Você trabalha com o que?
Homem: Eu sou advogado, atuo no ramo empresarial, tenho alguns escritórios e dou consultoria para grandes empresas. E você faz o que?
Samanta: Eu sou babá!
Nesse momento Samanta sente o homem se mexer na cadeira desconfortavelmente, seu semblante que estava calmo até aquele momento, se transformara completamente.
Samanta: Eu falei alguma coisa que o incomodou?
Homem: Não, sua companhia é muito agradável. Aliás, sabia que você é linda? Você combina muito com esse lugar.
Samanta abaixa seus olhos para o prato não sabendo como encara-lo, sabia que estava vermelha, ele por sua vez a queimava com seus olhos.
Homem: Você fica ainda mais encantadora quando fica envergonhada. Eu não podia deixar de elogiá-la.
Samanta: Obrigada.
A noite transcorre num clima muito agradável, Samanta sentia os olhares intensos daquele homem para ela e sabia que se ele quisesse algo a mais ela estava disposta a aceitar, não sabia porque se sentia tão imprudente daquela forma, mas estava atraída por ele.
Assim que acabam o jantar, eles vão caminhar um pouco pelas lindas vielas floridas, caminhavam lado a lado, ele por sua vez fazia questão de roçar suas mãos em suas costas de vez em quando, ela sentia seu toque e ficava arrepiada.
Eles param em um píer, e num impulso, o homem a agarra pela cintura e cola seus lábios nos de Samanta, ela num primeiro momento reluta, pois apesar de desejar aquilo, também tinha medo por não o conhecer. A medida em que ele ia intensificando o beijo, ela ia cedendo, ela então passa seus braços em torno de seu pescoço e o traz para mais perto de si. Era um beijo que fazia ela sentir um calor percorrendo pelo corpo, ela sentia como se pudesse flutuar, nunca havia sentido nada parecido em sua vida.
Homem: Acho que poderia te beijar todos os dias que não enjoaria! – Diz ainda ofegante e com um brilho misterioso nos olhos.
Samanta: E-eu não sei o que te dizer, nós nem nos conhecemos.
Homem: Palavras agora não tem importância. Passa a noite comigo?
Samanta: Eu não posso, amanhã irei embora muito cedo, e eu não sou esse tipo de mulher, me desculpe, eu nunca fiz isso.
Homem: Eu imagino que não mesmo, mas podemos nunca mais nos ver na vida, e o clima desse lugar, você é tão linda, me parece tudo tão perfeito.
Samanta: Isso é loucura! Seria imprudente de minha parte.
Homem: Tudo tem sua primeira vez, você já se sentiu assim com algum homem? Porque eu sinto que podemos fazer amor agora mesmo aqui nesse lugar, que você não hesitaria, você me quer assim como eu te quero.
Samanta fica sem saber o que responder, metade dela queria dizer não, e a outra metade estava sentindo um calor percorrer seu corpo que ela jamais imaginara ser possível sentir, não sabia se era o lugar, o vinho, os olhos daquele homem, só sabia que queria experimentar mais daquele sentimento.
Ela então segura sua mão e o segue em silêncio, eles andavam calmamente pelas apertadas vielas da Grécia, pareciam um casal de namorados. Samanta não fazia ideia porque estava agindo daquele jeito tão imprudente, somente queria experimentar a paixão que sentia.
Eles chegam em um luxuoso hotel e sobem direto para o quarto, era uma suíte muito luxuosa, Samanta não fazia ideia de como se comportar. Ele lentamente se aproxima dela, olhando em seus olhos, acaricia seu rosto com o dorso da mão, e começa então beijá-la suavemente. Ela ia se entregando aos seus carinhos, seu corpo inteiro pedia por mais.
Ele lentamente começa a despir ele próprio e ela simultaneamente, quando a deixa somente de lingerie, ele para e a admira, seus olhos percorriam cada centímetro do seu delicado corpo.
Homem: Você é tão linda e delicada, eu prometo eu serei o mais carinhoso possível.
Ele a pega em seus braços e a leva para cama, a deita e começa a trilhar centenas de beijos pelo delicado corpo. Ela sentia seu delicioso cheiro de loção pós barba, era um cheiro inebriante, a deixava tonta, podia quase sentir o gosto daquele cheiro, ele ia a tocando em partes que ela jamais pudesse imaginar que daria prazer. Nunca havia sentido seu corpo praticamente implorar por alguém daquela forma. Aquela seria a imprudência mais gostosa que ela cometeria na vida.
Eles se entregaram por completo, sem reservas, sem dúvidas e sem medo. Naquele momento somente desejavam aplacar o fogo da paixão que os consumiam.
Era madrugada quando Samanta acorda com um sorriso nos lábios depois de uma noite intensa, ela sentia o peso dele sobre ela, era um peso bom. Ela tira seus braços fortes de cima dela, o olha dormindo tranquilamente, acaricia sua barba que até horas atrás roçava em seu delicado corpo e se levanta da cama, beija seu rosto delicadamente, ainda sentindo seu cheiro que horas atrás a deixava tonta de prazer, ela se veste rapidamente e sai do quarto.
Enquanto ela caminhava pelo corredor do hotel, ela só conseguia pensar em como ela nunca havia sentido aquilo antes. Havia se sentido viva, desejada.
Ela chega em seu hotel, toma um banho e cochila um pouco antes de se levantar para irem embora.
Aquela tinha sido sua primeira viagem, e com certeza sentia que mudaria sua vida por completo.
Chegam em casa na segunda-feira à noite, estavam todos muito cansados, Samanta havia voltado com um brilho diferente nos olhos, ela se sentia mais viva do que nunca.
Ela sobe, ajuda Maria Flor a tomar banho, coloca seu pijama e a coloca para dormir, mas antes como de costume, conta uma linda história para ela. Ela então vai para seu quarto, toma um banho e se deita.
Um único pensamento a intrigava. Não havia perguntado o nome do homem que conhecera na Grécia. Ela nunca mais o veria, e nem ao menos sabia seu nome. Ele era uma lembrança que teria que ficar somente em seus sonhos.
As semanas vão passando tranquilamente. Desde que ela voltara da Grécia ela não havia falado com seu namorado sobre sua decisão de terminar o relacionamento. Ela não se orgulhava de o ter traído, porém não podia ignorar o que havia sentido por aquele homem misterioso.
Ela havia marcado um encontro com ele numa quinta-feira, iria levar Maria Flor ao balé depois iria encontra-lo para terminar com ele.
Samanta chega a um parque próximo onde morava, se senta num banco observando as pessoas caminhando a sua volta e o espera. Assim que ele chega, vai direto beijá-la na boca, mas ela desvia o rosto.
Samanta: Mateus, temos que conversar, acho que essa conversa já devia ter acontecido há muito tempo.
Mateus: Também acho meu amor, senti tanto a sua falta, eu também tenho algo muito importante para te dizer, não posso esperar mais.
Samanta: Me deixa falar primeiro, eu não posso mais guardar isso.
Mateus: Não senhora, o que eu tenho que dizer vai mudar nossa vida para sempre, acho que esse tempo em que não nos vimos só serviu para eu ter mais certeza. Lá vai... Samanta, aceita se casar comigo? – Diz se ajoelhando a seus pés, e abrindo uma pequena caixinha de veludo vermelha.
Samanta não sabia o que falar, simplesmente aquilo não tinha sentido nenhum, o namoro dos dois era morno, sem graça, quando se encontravam raramente tinham alguma intimidade, depois do que experimentara na Grécia, jamais se contentaria com menos do que poderia sentir novamente. Como ela ia dizer que jamais se casaria com ele?
Samanta: Mateus, eu...
Mateus: Calma meu amor, eu sei que ficou surpresa, porém eu tenho tudo planejado, vamos casar, morar na minha casinha mesmo, vai ser apertado no começo, mas daremos um jeito, e claro que você vai ter que deixar esse emprego, você agora vai ser minha esposa e não pode mais morar no serviço, mas posso conseguir um emprego para você...
Samanta só conseguiu pensar na parte que ele dissera que teria que deixar seu trabalho, aquele foi o empurrão que ela precisava pra dar um basta, pois jamais largaria Maria Flor.
Samanta: Ei, pode parando por aí, eu não vou largar meu emprego, não vou morar com você e não vamos nos casar! Eu te chamei hoje porque quero terminar nosso relacionamento. Eu sou muito grata a você por toda sua ajuda, mas você sabe que eu não te amo. Eu sei que fiz muito mal em não terminar com você antes, mas estou fazendo agora.
Mateus: Você não pode fazer isso, eu sei que não me ama ainda mas tenho certeza que um dia você vai.
Samanta: Não vou não, se em seis anos eu não consegui te amar, você ainda acha que acontecerá um dia? Você acha normal um relacionamento morno como o nosso? Não tem paixão, não temos cumplicidade, não dividimos os nossos planos, simplesmente nos encontramos esporadicamente e conversamos amenidades! Isso não é normal. Eu achei que um dia eu te amaria, mas isso não aconteceu, e acabamos nos acostumando um com o outro. Você acha normal, um relacionamento ser construído a base do costume? Eu quero mais que isso, eu quero um amor que me deixe sem ar, que me faça querer mais e mais, quero sair do chão, quero sentir um frio gostoso na barriga, e isso não acontece com você, e acho que você também merece alguém que te ame e que retribua seus sentimentos.
Mateus apenas a olhava com tristeza, não havia o que pudesse ser dito pois ambos sabiam que há tempos forçavam uma situação que já estava acabada muito antes de começar.
Samanta sai da conversa com Mateus ainda muito abalada, não porque tivesse sentimentos por ele, mas porque havia se acomodado num relacionamento que não tinha futuro nem amor. Mesmo que ela jamais sentisse novamente o que havia sentido na Grécia, ela não manteria mais relacionamentos mornos.
Samanta passa na escolinha de balé e pega Maria Flor, de lá elas voltam para casa. Ela ajuda a menina a subir e a tomar um banho para comer alguma coisa. Enquanto Maria Flor comia seu sanduíche tranquilamente, Olívia percebe o ar distante de Samanta.
Olívia: O que você tem minha filha? Aconteceu alguma coisa? Você está distante.
Samanta: Pois é Dona Olívia, eu resolvi o que tinha para resolver, terminei tudo com Mateus, não tinha sentido continuarmos juntos, nem sei porque fiquei com ele tantos anos. E sobre o meu olhar, ele está mesmo distante, eu deixei um pedaço de mim na Grécia, acho que eu nunca mais vou esquecer aquele lugar.
Olívia: Se você não o ama aquele rapaz você fez certo. E você é jovem, merece um amor verdadeiro. E sobre a Grécia, eu notei mesmo que você voltou diferente, está com um brilho nos olhos. Conheceu alguém especial por lá minha filha?
Samanta: Lá eu tive um dos melhores dias da minha vida, acho que enquanto eu viver vou me lembrar de alguns cheiros e sensações.
Olívia: Isso está me parecendo coisas do coração minha filha!
Samanta nada responde pois sabia que o que havia acontecido na Grécia, se transformaria em apenas uma linda e deliciosa lembrança.
Agora que não namorava mais Mateus, seus finais de semana eram sempre livres, raramente saía, não por falta de convites pois mantinha contato com seus antigos colegas de trabalho, porém não sentia vontade de sair com eles. Gostava de ficar em casa, ouvir música, ler seus livros, fazer uma boa panela de brigadeiro e assistir suas séries favoritas.
Havia se passado três meses desde que voltara da Grécia, porém em seus sonhos, ainda sentia que tudo havia acontecido na noite anterior.
Quando Samanta aceitava sair com alguém, era com uma amiga muito próxima, era a mãe de uma coleguinha de Maria Flor, as duas haviam se conhecido nas aulas de balé das meninas. E desde então, mantinham contato e até saíam juntas algumas vezes. Dalila estava a par de todos os acontecimentos na vida de Samanta, e sempre aconselhara a terminar seu relacionamento com Mateus pois não existia amor. Samanta se sentia à vontade em compartilhar seus sentimentos com ela, inclusive havia contado do que acontecera na Grécia.
Dalila: E seu coração como está? Ainda pensando no homem misterioso com quem passou a noite na Grécia?
Samanta: Por mais que eu queira, não consigo esquecê-lo, eu sei que a chance de encontra-lo é de um em um milhão, mas eu me senti tão feliz com ele, foi tudo tão perfeito, e ao mesmo tempo foi loucura, eu nem ao menos sei seu nome.
Dalila: Poxa, eu queria tanto te ver feliz e bem novamente. Falando nisso, semana que vem meu marido dará uma festa na nossa casa para recepcionar uns empresários que estão montando seus negócios aqui no país, e eu quero que você venha, assim você me faz companhia, você sabe que não gosto muito desses eventos.
Samanta: Ah, você sabe que eu também não gosto desses ambientes, não me sinto à vontade.
Dalila: Por favor, diz que vai, me faz companhia?!
A contragosto Samanta aceita o convite de ir à festa, não gostava daqueles ambientes com gente esnobe e endinheirada.
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