DE VOLTA AO BRASIL

Passo o final do dia com meu pai no hospital, pensando no que poderia fazer frente a toda essa situação. Por mais que eu quisesse recusar essa loucura de casamento, agora eu sei que meu pai e eu corremos perigo. Já perdi a minha mãe, não posso perder meu pai.

Meu pai dormiu bem a noite e a médica disse que logo, logo ele teria alta. Eu fico mais tranquila tendo essa notícia domingo de manhã. Decido voltar para o hotel, para conversar com Daniel e decidir o que fazer daqui pra frente.

Antes de ir, converso com meu pai...

Yasmin_ Pai...Estou indo no hotel. Preciso explicar meu sumiço ao meu secretário que ficou me esperando

João_ Filha... Você pensou no que conversamos? Não me deixe no escuro.

Yasmin_ Papai... Eu não quero de nenhuma forma nosso mal. Eu só preciso descansar um pouco.

Yasmin_ Eu tô muito confusa. Preciso voltar para o Brasil, organizar o enterro e velório da mamãe -falo chorando- e eu tô muito confusa

João_ Evite dizer para as pessoas sobre o que lhe falei. Não podemos confiar em ninguém nessa situação. Confie, somente, em Gustavo.

Concordo com a cabeça para não deixar meu pai aflito. Eu nem sei se quero ver Gustavo, quanto mais confiar nele.

Yasmin_ Certo, papai. Já que está bem. Estou indo. Não volto hoje, e amanhã cedo estarei voltando para o Brasil. Mas, fique tranquilo, ligarei pra você todos os dias, esperando você voltar.

João_ Se cuide, minha filha. E o quanto antes, por favor, aceite a proposta de Gustavo. E nos mantenha seguros.

Dou um beijo em sua testa e vou saindo do quarto. Saio com pressa do Hospital, me sinto exausta por ter dormido naquela cadeira horrível.

Pego meu carro, e pela primeira vez, dirijo rapidamente de volta ao hotel. Ao chegar, bato na porta de Daniel, que abre imediatamente, como se tivesse a me esperar...

Daniel_ Yasmin!!! Onde você estava ? O que aconteceu?

Começo a chorar desesperadamente. Eu e Daniel criamos um laço forte de amizade, e eu me sinto segura quando estamos juntos. Mas, não podia de nenhuma forma abrir o jogo contando toda a verdade...

Yasmin_ Dani... Minha mãe morreu. - falo entre soluços de choro - Meu pai sofreu um acidente e está no hospital. Passei a noite lá.

Daniel_ Mas o que aconteceu?

Yasmin_ O coração da minha mãe enfraqueceu com o uso dos medicamentos, ela acabou não aguentando. E, meu pai....

Daniel_ O que tem seu pai? Me fala...

Yasmin_ O que sei é que ele sofreu um atentado. De pessoas que o querem mal. Acho que eu também não estou segura. E... Temo que minha saída para todos os problemas, seja casar com Gustavo.

Daniel_ Calma... - me abraça, beijando o topo da minha cabeça - Vamos resolver tudo isso.

Eu só consigo chorar. Decido ficar o resto do dia sozinha em meu quarto. Pensando em tudo, e no que farei após saber dessas coisas.

Passo o dia inteiro sem comer, e só janto porque Daniel pediu para que entregasse janta para mim no quarto. Eu janto, tomo um banho, deito e logo durmo. Acordo somente com o despertador às 6h, para separar tudo para ir embora.

Ajeito tudo que estava praticamento tudo pronto, e antes de sair para encontrar Daniel na recepção do hotel, ligo para meu pai...

Yasmin_ Oi, Papai. Estou ligando para saber como o senhor está?

Joao_ Estou bem, filha. Já está indo pra casa?

Yasmin_ Sim. Estou saindo para o aeroporto. Aviso quando chegar.

João_ Certo. Procure por Gustavo e conversem. Um beijo.

Eu não consigo responder, meu pai desliga logo após de se despedir. Pego minhas coisas um pouco nervosa. Como ele nem pensa na mamãe nesse momento?

Eu e Daniel vamos até o aeroporto em silêncio e ficamos todo o vôo dessa maneira. Ao me deixar em casa, Daniel estava prestes a pegar seu carro em minha garagem

Yasmin_ Já vai, Dani? Não quer ficar?

Daniel_ É... Acredito que tem muitas coisas a pensar. A decidir.

Yasmin_ Sim... Obrigada, Daniel. Você foi um ótimo amigo.

Daniel sorri, um sorriso um pouco sem graça. Como se dissesse que ele fica feliz, mas que não se contenta somente com isso. Tento não me importar muito, realmente tenho mais coisas com que me preocupar.

Chego em casa, tomo um banho e sento na sala. Pedi um Yaksoba num restaurante que gosto muito. Estou com fome e cansada. Enquanto assisto televisão, resolvo ligar para Gustavo. Realmente precisamos conversar, e tenho que decidir minha vida.

Pego meu telefone, procuro seu número e coloco para chamar. Ele logo atende...

Gustavo_ Bela... A que devo a honra?

Yasmin_ Estou de volta ao Brasil. Infelizmente, temos que conversar.

Gustavo_ Aconteceu alguma coisa?

Nesse momento ouço uma voz feminina falando no fundo

Voz Feminina_ Docinho...Você não vem pro banho?

Não acredito no que está acontecendo. Sério mesmo que terei que me submeter a casar com um homem tão ridículo e mulherengo assim?

Gustavo_ Bela? O que houve?

Yasmin_ Não me chame de Bela. Não seja nojento.

Yasmin_ O que houve é que eu cogitei em aceitar essa proposta louca de casamento. Mas já desisti. Não quero nunca, mesmo que seja falso, casar com um cara nojento como você.

Desligo sem esperar uma resposta. Se esse cara pensa que eu preciso me submeter a uma situação deprimente dessa. Eu não vou! Posso escolher outro cara rico suficiente pra casar comigo, e salvar eu e meu pai desse tormento.

Yasmin desliga o telefone e nem me espera explicar nada. E, não tem nada para se explicar. Ou ela acha que enquanto espero ela se decidir, vou me resguardar como uma virgem?

Volto para Lorena, a gostosa da boate. Esse final de semana foi intenso, e podemos dizer que estamos na mesma sintonia.

~~~~ **DE VOLTA A YASMIN** ~~~~

Fico frustrada ao ouvir a voz de uma mulher na ligação. Não por sentir alguma coisa por Gustavo. Pois, não sinto. Mas é que pensar que na cabeça do meu pai a nossa saída é que eu me case com um cara nojento que fica com qualquer pessoa e flerta comigo como se não fosse nada, me enoja.

Penso em tudo que terei que enfrentar sozinha amanhã. Toda preparação do enterro da minha mãe, passar por tudo isso sem ter meu pai comigo. Não consigo imaginar tamanha dor que terei que enfrentar só.

Sou tirada dos meus devaneios com a campanhia tocando. Era meu Yaksoba que havia chegado. Pego meu cartão na carteira, pago a comida e entro para jantar. Janto pensativa, eu realmente não sabia como agir em toda essa situação.

Talvez, a minha única saída seja mesmo me casar com esse homem nojento. Será meu fardo para salvar minha família. Não preciso gostar dele e nem me simpatizar com ele. Preciso, somente, manter a farsa por um tempo.

Logo volto meus pensamentos para minha mãe. Por que mãezinha? Por que me deixou aqui? Seria tão mais fácil se tivesse aqui comigo. Você nunca deixaria isso acontecer. Nunca deixaria eu passar por tudo isso tão sozinha.

Termino de comer, desligo tudo na sala e subo para meu quarto. Preciso descansar. Amanhã será um dia muito exaustivo pra mim. E eu preciso ser forte! Preciso me manter firme.

E mesmo não sendo muito crente, elevo meus pensamentos a Deus. Buscando forças para seguir.

Logo acabo dormindo, buscando encontrar conforto e descanso em um sono profundo...

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