UMA TERÇA-FEIRA ATAREFADA

Meu despertador toca e eu acordo assustada. Abro os olhos e a dor de cabeça que acorda junto comigo piora com a luz do sol entrando pela janela do quarto.  Olho no relógio e são 06h. Sento na cama e começo a ter alguns flash's de meu momento íntimo com Gustavo. Logo me sobe um calor e eu decido pular da cama e correr para o banho, não posso me dar o luxo de me atrasar...

O banho é mais demorado do que de costume, minha dor de cabeça estava insistente e eu decido me dar o luxo de relaxar um pouco. Quando saio do banho e olho no relógio, ele marca 06:45h, e eu decido que devo me apressar. Coloco uma calça estilo executiva verde escuro, e uma blusa de botões na parte do seio, com manga longa preta. Coloco um blazer verde por cima para combinar.  Coloco meu salto e decido passar somente um gloss hoje para encarar o dia.

Saio com pressa e não tenho tempo de tomar café. Também não escuto a presença de Gustavo e nem o vejo antes de sair. Vou em direção a garagem para pegar meu carro e noto que o carro dele também não está aqui. Será que ele foi embora? Seria um alívio.

Chego no estacionamento da empresa, coloco meu carro em minha vaga e entro em direção ao elevador. Subo para o 12° andar e sigo em direção à minha sala, encontro Daniel me esperando na porta com dois cafés nas mãos.

Yasmin_ Bom dia, Sr. O'connor. Como está?

Daniel_ Bom dia, Srta Gonzales. Estou ótimo. Obrigada. Tomei liberdade de pegar um café pra você.

Yasmin_ Obrigada. Saí com pressa e não tive mesmo tempo de tomar café.

Dou um gole no café, e sua quentura me faz suspirar em forma de relaxamento. Sinto que agora posso começar meu dia realmente.

Yasmin_ Vamos entrar, Sr. O'Connor. Temos muitas coisas a se fazer, então preciso que esteja preparado.

Daniel_ Bom... Srta Gonzales, temo que gostaria de entrar sozinha, primeiramente. Acho que você tem visitas

Olho confusa para Daniel, que se afasta da porta me dando passagem para girar a maçaneta e entrar. Faço isso e me deparo com o idiota do Gustavo sentado em minha cadeira. Ele enlouqueceu?

Yasmin_ - bufo de raiva - Sr. Medeiros, posso saber o que lhe traz aqui tão cedo?

Gustavo_ Bom dia, Bela. Seu pai deixou ordens que eu acompanhasse seu trabalho enquanto tivesse fora.

Yasmin_ Vocês enlouqueceram? Não preciso de um supervisor ou um babá. A única coisa que preciso é que saia para que eu possa trabalhar

Yasmin_ Deixe que com meu pai, eu me resolvo. Agora saia. Antes que eu perca cabeça e ligue chamando os seguranças para carregar o senhor para fora. - dou uma sorriso de canto -

Gustavo levanta, se aproxima de mim, cheira meu pescoço e diz de maneira sensual bem próximo ao meu ouvido, como um sussurro. Mas alto o suficiente para que Daniel escutasse...

Gustavo_ Minha língua sente falta da sua b*ceta, Bela. Te espero em casa, Esposa. Estou ansioso pra mais.

Ele sai andando e eu só tenho tempo de gritar...

Yasmin_ EU NÃO SOU SUA ESPOSA, IDIOTA.

Gustavo sai da sala e é quando eu vejo que Daniel escutou e viu toda essa cena constrangedora. Sinto vergonha ao mesmo tempo que me preocupo com o que Daniel vai pensar. Mas logo, me recomponho, e falo da maneira mais profissional possível.

Yasmin_ Sr. O'connor, pode se sentar nessa mesa transversal a minha. Abra seu notebook e vamos ao trabalho.

Ele prontamente abre seu notebook e começa anotar atentamente tudo que vou passando pra ele. Quando dá a hora do almoço, já conseguimos revisar alguns contratos, marcar algumas reuniões e elaborar alguns tópicos para o projeto de robótica/inteligência artificial que pretendo criar e apresentar ao amigo do meu pai na Itália, que irá promover para crianças e adolescentes de comunidade uma oportunidade dentro do mercado de trabalho.

Fico muito satisfeita com o empenho de Daniel. E decido chama-lo para almoçar comigo. Acho que não há mal algum nisso. Somos adultos e acho que ele entendeu que nosso beijo foi um descuido, já que não comentou nada sobre isso por toda manhã.

Yasmin_ Sr. O'Connor, não gostaria de me acompanhar no almoço? Podemos almoçar aqui mesmo no escritório.

Daniel_ Tem certeza, Srta Gonzales? Não quero atrapalhar você. E também não quero problemas com seu esposo.

Yasmin_ - Sinto que essa fala de Daniel é mais uma curiosidade do que uma preocupação - Não se preocupe, Sr. O'Connor. Ele não é meu marido. É só uma ideia louca de meu pai, que nunca vai se concretizar.

Yasmin_ Então, por favor. Peça nossa comida. Eu vou querer um Yaksoba de salmão. Pode escolher o que quiser pra você. Será por minha conta.

Dou um sorriso amigável. Daniel prontamente pede nosso almoço que com 30minutos chega. No escritório tem uma sala acoplada que é justamente para almoçar quando não dá tempo de sair para comprar algo. Daniel prepara a mesa, e nos sentamos para almoçar.

Almoçamos rapidamente, vou ao banheiro, escovo os dentes. Daniel faz o mesmo e voltamos para o escritório. Ainda tinha alguns contratos para assinar e precisava fazer a ligação para Antoni Bianchi, o italiano amigo de meu pai.  Tinha urgência para fechar aquele contrato e a  ansiedade já não cabia em mim.

Yasmin_ Sr. O'Connor, por favor. Entre em contato com Antoni Bianchi, dono da empresa "Inelligence Aziendale", diga que tenho interesser em mostrar nosso trabalho e que será um ótimo investimento a ser feito. Pergunte qual melhor dia para marcar uma reunião. E o dia e horário que ele tiver disponível, não pondere, simplesmente, marque.

Daniel_ Perfeito. Farei isso agora mesmo.

Daniel liga e consegue contato com a secretário do Sr. Bianchi, que informa que o mesmo só estará disponível no sábado, às 15h para a reunião.Como orientado, o Sr. O'Connor aceita rapidamente. Após encerrar o telefonema, ele se dirige a mim repassando tudo que havia combinado com a secretária de Sr. Bianchi. E, de forma precisa, respondo

Yasmin_ Ótimo, Sr. O'Connor. Pode comprar nossas passagens, e também reserve estadia em algum hotel que seja próximo à empresa dele. Quero ir na sexta-feira à noite.

Ele não parece surpreso, concorda rapidamente e ao longo do dia o trabalho e nossa relação flui de maneira prossifional. No final do expediente, me despeço e volto pra casa, entrando e indo diretamente para meu quarto e o trancando, antes que Gustavo resolva aparecer. Choro de saudade da minha mãe. Meu pai viajou e nem sequer me informou em qual hospital a deixaria. Tomo um longo banho e logo deito para dormir. Estou exausta e a dor de cabeça que me atacou pela manhã ainda não foi embora...

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