UM ALMOÇO INDESEJADO

Saio da minha sala e caminho rapidamente até o elevador. Assim que eu chego a porta se abre, entro e aguardo pacientemente a chegada até o térreo. A porta se abre, e eu caminho em direção ao estacionamento. Entro no meu carro e dou partida. No caminho, não muito longo, vou pensando que devo ter uma conversa franca com meu pai. As coisas não podem ser dessa forma que ele está pensando. Sou auto suficiente e um casamento não me fará mais ou menos digna para a empresa.

Estaciono meu carro na garagem de casa e logo percebo um outro carro, diferente do que meu pai usava quando saía. Não acredito! Será possível que meu pai trouxe aquele louco pra casa? Saio do carro e vou em direção à porta, antes mesmo de eu abrir. Santa, nossa governanta abre a porta, beija minha bochecha carinhosamente e me alerta...

Santa_ Querida, seu pai e um senhor muito bonito estão na cozinha. Acredito que seja um convidado importante.

Agradeço e entro. Santa é uma querida e sempre cuidou de mim. Minha mãe antes de entrar em coma, tinha muitas conferências para ir com meu pai e eu sempre ficava com nossa governanta. Ela me ensinou muitas coisas, e o carinho que tenho por ela é de uma filha.

Caminho até a cozinha e minhas más suspeitas se confirmam quando vejo àquele mesmo homem do elevador, agora sem paletó, com um ar mais despojado e despreocupado. Tenho a mesma sensação de mais cedo ao encontrá-lo. Como ele é lindo. E esses braços fortes marcados em sua blusa. Se não fosse tão louco ao ponto de querer casar com uma pessoa que nem conhece, talvez poderíamos nos conhecer melhor.

Dou um suspiro, tomo coragem e digo...

Yasmin_ Boa tarde, Senhores. Acredito que terei boas companhias para o almoço hoje.

Gustavo_ Doce Yasmin, que bom que vai juntar-se à nós. Espero que num ambiente mais confortável possamos terminar a conversa que não conseguimos em sua empresa.

Dou uma revirada de olhos que chega a doer minha testa. Mas foi preciso. Ou esse cara é louco, ou tem muito mais por trás dessa história que eu preciso descobrir. Olho em direção ao meu pai, que ainda demonstra está redundante com sua decisão. Quando penso em me dirigir a ele, o mesmo quebra o silêncio e diz..

João Gonzales_ Filha, deixarei você a sós com Gustavo. O que eu disse não é uma opção. É uma decisão. Temo não poder explicar tudo à você agora. Mas entenda que não há outro caminho.

Logo após deixar essa frase de incerteza no ar, ele caminha para fora da cozinha, me deixando sozinha com esse louco do Gustavo. E como eu imaginava, o Sr. Medeiros aproveitou essa deixa para se aproximar de mim. Quase perco os sentidos, ele se aproximou tanto que consigo sentir o aroma quente do café que ele acabara de tomar com meu pai. Quando me dou conta de que esse louco está prestes a me beijar, viro com minha mão num tapa lindo em seu rosto.

Yasmin_ Você está louco? O que pensa que está fazendo? Não se atreva a chegar perto de mim.

Gustavo da um sorriso de canto, chega a ser malicioso a forma que ele acaba de sorrir. Respira fundo, chega novamente o mais perto que consegue chegar de mim e fala de maneira precisa e sexy

Gustavo_ Bela...Bela...Você é feroz na cama tanto quanto foi aqui comigo? Eu não tenho pressa. Logo verá que não terá outra escolha a não ser se casar comigo...

Engulo a seco suas palavras e resolvo não mais responder àquele homem prepotente e arrogante. Apesar de ter quase molhado a calcinha com suas palavras e sua boca tão próxima a minha, acabo perdendo totalmente a vontade de almoçar em casa e decido tomar um banho e procurar um restaurante para ter um almoço tranqüilo, sozinha. Saio da cozinha para ir ao meu quarto, deixo sem me despedir o Sr. Medeiros, que após dizer o que queria se distanciou de mim, entrando numa espécie de mundo paralelo na cabeça dele. Acho que ele é mesmo louco. Melhor deixar ele sozinho com os próprios pensamentos...