CAPÍTULO 16

Estou sentada na cadeira à espera de dona Carla chegar . Com certeza eu ia receber uma bronca daquelas , pelo fato de que eu não estou arrependida . Sara está na cadeira ao meu lado , também esperando sua mãe chegar. Ela segura um saco de gelo no pulso . Felipe está encostado na parede , perto de Jaqueline e Caio . Não me importo nem um pouco com a raiva que ele deve estar sentindo de mim . Também estou com raiva dele , ele não se importou em me dizer o porque de não ter me respondido ontem . Eu queria ele perto de mim e pelo visto ele não me quer por perto .

A diretora fala algumas coisas com desaprovação , hoje já é minha segunda vez aqui . A culpa não é só minha , Jaqueline pode provar isso . Mas , agora , devo ganhar uma bela suspensão . Mas tem uma coisa que preciso perguntar urgentemente pro Caio . Porque ele não fez nada ?

— Com licença .

Minha mãe passa pela porta . Mais uma vez vejo seu olhar de preocupação .

— Senhora Fernandes , sente-se por favor .

Ela senta em uma cadeira perto de mim .

— Você tá bem filha ?

Ela me pergunta baixo .

— Bem .

Respondo no mesmo tom .

Não demora pra mãe da Sara passar pela porta . Minha sogra , como eu queria chamar ela , até ontem .

— Bom dia .

Depois dos cumprimentos , ela me olha torto .

— Senhora , sua filha machucou a colega …

— Ela tem problemas para controlar a raiva , tem surtos . Mas , fazia anos que ela não machucava ninguém . Ela sabe controlar .

Minha mãe me defende .

— Desculpe , mas sua filha não pode ficar solta por aí . Alguém pode se machucar e podemos ver que ela não consegue controlar .

A mãe de Sara está sendo realmente cruel , ao falar assim .

— Não fale de minha filha , como se ela fosse um animal .

Mamãe altera a voz .

— Dona Carla , por favor se acalme . O mesmo serve para você dona Luiza .

Dona Luiza e mamãe não falam mais nada , então a diretora começa .

— Suas filhas agiram mal , como ouvi dos colegas deles Sara tentou dar o primeiro tapa . E foi por isso que Chloe a segurou , mas ela não soltou e desferiu um soco no rosto da colega . As duas vão ganhar suspensão , mas eu peço que conversem com suas filhas .

Ela faz uma pausa e se despede de Sara e dona Luiza , fez sinal para que nós duas não saísse . Felipe , Jaqueline e Caio também saem . A diretora já tinha conversado com ele .

— Dona Carla , procure um psicólogo para sua filha . Eu me lembro do primeiro surto que ela teve e sei que ela estava controlando bem , mas fiquei sabendo de alguns acontecimentos que ocorreram no fim de semana que podem ter desencadeado novamente esse problema .

— Eu irei fazer isso , sei que é o melhor pra ela . Até já tínhamos falado sobre .

Mamãe se levanta e eu a sigo , dona Luiza já está do lado de fora com Sara e Felipe .

Jaqueline também está com eles , e vem até mim .

Ela me abraça forte , eu sussurro um desculpa em seu ouvido . Ela me olha sem entender . Passo por ela e vou atrás da minha mãe . Esbarro em Felipe no caminho sem querer , mas continuo a andar sem olhar pra trás .

3 semanas depois …

Minha barriga cresceu um pouco , quase não dá pra notar . Nessas três semanas que se passaram , comecei a ir no psicólogo . Tirei os pontos , ficou apenas uma pequena cicatriz . Como fiquei uma semana suspensa , comecei a meditar seguindo as instruções que vi em um vídeo . Me ajudou bastante , até eu perder a paciência e não fazer mais . Eu e Jaqueline conversamos bastante e posso dizer que nossa amizade está cem por cento denovo . Já o Felipe , não me mandou mais mensagem . A Jaqueline me disse que eles conversaram , ele disse que não podia mais ser meu amigo . Não disse o porque . A Sara já se recuperou e continua com o Caio . E acabei decidindo esquecer eles . Mas , o Felipe , a saudade aperta quando penso nele . Mas o que eu posso fazer ? Nada .

Esthefany entra pelo quarto , sem aviso prévio .

— Bom diaa …

Ela me abraça . Coisa que se tornou constante nessas semanas .

— Bom dia irmãzinha .

— Como acordou hoje ?

Ela se refere a raiva .

— Bem . Mas não se preocupe , com tanta atenção que estou recebendo não dá pra pensar em coisas ruins .

Sorrio e ela me acompanha .

— Pena que aquele seu amigo , não quer ser mais seu amigo .

Meu sorriso some quando percebo que ela está falando sobre Felipe .

— É , mas … ele teve seus motivos .

— Quais ?

— Não sei .

— Você deveria descobrir , já que não sabe .

Esthefany sai quando papai passa no corredor . Talvez ela esteja certa . Me levanto e vou tomar banho . Saio e desço para a cozinha . Mas antes mando uma mensagem pra Jaqueline .‘Manda mensagem pro Felipe e diz que você quer conversar com ele antes da escola , se ele não quiser diz que é urgente .’ Por sorte ela me responde rápido . ‘Por que ?’ ‘Minha irmã me fez acorda pra vida’ ‘Até que enfim , achei que nunca ia acontecer. Vou mandar aqui .’‘Pronto , mas não me respondeu’‘Me diz quando responder , marca na praça se ele quiser ir’

— Bom dia filha , como passou a noite ? Como está o meu neto .

— Bem . O bom é que os enjoos passaram e as tonturas também .

Mamãe sorri . Posso dizer que estou revigorada ultimamente , mamãe não me olha com preocupação mais . Subo de novo para o quarto segurando uma xícara de café com leite e um pedaço enorme de bolo . ‘Ele vai estar lá às sete’‘Obrigada’‘Porque você mesma não mandou mensagem’ ‘Porque sei que ele não ia responder’

Um tempo depois …

Visto uma calça de moletom preta com alguns desenhos , que eu amo , e uma blusa também preta sem estampa . Deixo meu cabelo solto e coloco um tênis , que por sinal também é preto . Podia ir mais arrumada , mais não é isso que vai valer . Hoje , como não vou na escola porque tenho sessão , não levo mochila . Pego só meu celular . Era pra mim levar Esthefany na escola , mas ela já está bem grandinha e pode ir sozinha .

Caminho rápido , para não chegar atrasada e Felipe desistir e ir embora . Meu coração acelera quando estou chegando mais perto da bendita praça . Respiro fundo quando estou perto o suficiente pra ver Felipe sentado em um banco . Penso em desistir , ele não deve querer conversar comigo . Fecho os olhos e puxo uma grande quantidade de ar . Caminho até o banco e me sento sem ele perceber . Como isso pode ser tão difícil ?

Por algum motivo ele sorri divertidamente pra tela a sua frente .

— Oi .

Digo alto para que ele me perceba . Ele me olha e seu sorriso desaparece .

— Porque você tá aqui ?

Ele diz de uma forma ríspida . Isso dói bem fundo no meu coração .

— E porque eu não deveria estar ?

Ele me olha sem entender , então falo de uma forma mais clara .

— Porque você me abandonou ? Eu sei que não devia ter feito aquilo com sua irmã , mas …

— Eu não te abandonei , você preferiu não me escutar aquele dia . Você … você me deu medo .

— Eu … eu não queria . Só precisava de ajuda .

Ele continua sério .

— Agora você tem e não precisa mais de mim .

Ele se levanta pra sair e eu o acompanho .

— Como assim , eu tenho .

Digo parando na frente dele .

— Não se faça de boba . Eu sei que você continua com o Caio .

Eu arregalo os olhos .

— Quem te disse isso ?

— Ele .

— Mas … mas ele , eu não tenho nada com ele . Porque ele te disse isso ?

Acabo me lembrando da conversa que tive com ele . Ele não me queria feliz , só pode ser por isso . Não disse com essas palavras , mas foi isso que entendi .

— Não sei . Você deveria sabe .

Ele da volta e continua a andar . Vou atrás dele .

— Porque você prefere acreditar nele ?

Pergunto já com lágrimas nos olhos .

— Porque não confio mais em você .

A primeira lágrima desce e depois a segunda , terceira , até virar uma correnteza forte . Porque não posso ser feliz por inteiro ? Porque o Caio fez isso ? Saio correndo dali , mas não vaou falar com Caio . Não agora , porque pode acontecer uma tragédia se eu o ver na minha frente .

Mais tarde …

— Como você está se sentindo agora , tendo ouvido do garoto que ele não confia mais em você .

— Eu … eu tô me sentindo um lixo . Mas eu não entendo porque ele falou isso , nunca menti pra ele . E o Caio dizer que a gente tá junto , porque ele fez isso ?

— Talvez porque ele queira que isso seja verdade . Te ver com outro pode fazer ele sofrer .

Rio alto .

— Não , concerteza não é isso . Ele … ele me odeia . Eu tentei matar ele . Mesmo nos dias que a gente ficou junto , ele não gostava de mim de verdade.

— E oque você sente por ele .

— No momento , raiva . Raiva por ele ter mentido pro Felipe . Mas , assim , não sinto nada por ele . Nada .

— E pelo Felipe .

Penso um pouco antes de responder .

— Eu … eu não sei exatamente o que eu sinto . Mas eu sinto alguma coisa , aqui dentro . Eu gosto do jeito que ele me olha , gosto do jeito do cabelo dele , sempre bagunçado . Gosto … gosto de tudo nele . Ele é perfeito .

Sorrio pro nada .

— Então porque você não fala isso pra ele ?

— Não tenho coragem , parece … parece que toda a minha coragem vai pro ralo . Some , desaparece .

— Ok , mas vamos voltar ao assunto que fez você chegar aqui quase entrando em surto . O que você pretende fazer agora .

— Eu vou fala com o Caio , assim que eu sair daqui .

— E você está tranquila em fazer isso ?

— Não muito , mas acho que posso controlar minha raiva .

Mais tarde …

Estou a bastante tempo no portão da escola , comi alguma coisa no caminho pra cá . Está quase na hora do fim da aula . Estou um pouco impaciente , talvez aqui não seja o melhor local . Ele vai estar com os amigos e talvez com a namoradinha dele . Escuto o sinal e saio de perto do portão , acho melhor esperar um pouco mais na frente . Também não quero que Esthefany me veja aqui . Me encosto em um muro alto , do que parecia uma casa abandonada . Não é muito longe da escola , é no caminho pra casa do Caio . Não demora muito pra ver ele vindo , acompanhado . Mas o amigo vai em outra direção .

Ele vem distraído e quando ele está quase passando por mim , falo alto .

— Caio .

Ele me olha e se mantém sério .

— O que você quer ?

— Eu é que pergunto , o que você quer ?

Me ponho em sua frente .

— Ir pra casa serve ?

Ele diz de uma forma debochada .

— Eu tô falando é oque você ganhou falando pro Felipe que estamos juntos ?

Ele se faz de desintentido .

— Eu não falei isso pra ele , você é louca .

— Por isso mesmo é melhor você me falar a verdade .

Ameaço .

— Eu tô falando a verdade . Isso não me serviria de nada , mas você deveria falar com a Sara sobre isso . Era ela que tava falando esses dias que não ia deixar você chegar perto do irmão dela .

— Devo acredita em você ?

— Deve .

— Tudo bem , mas se não for verdade vou atrás de você até o inferno se for preciso .

Dou as costas e caminho em direção a casa de Felipe . Não sei se acredito em Caio , mas é melhor tirar a prova . Pego o celular e mando uma mensagem para Esthefany , eu posso acabar demorando muito .

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