Sexta , como essa sexta ia acabar ? Esthefany chegou em casa , não perguntou e nem falou nada . Era pra mim estar tranquila , já que ela não disse nada a respeito , mas eu não posso ficar tranquila . Vou ter que perguntar ela , ela tem que saber alguma coisa .
— Esthefany . Chamo quando chego na porta do seu quarto . Ela está sentada na escrivaninha , escrevendo alguma coisa no caderno .
— Oi . Responde sem virar pra mim .
— Nem o papai nem a mamãe disse nada sobre ontem não ?
— Eu não devia te fala ,mais… . Ela ainda está de costa . — …eles sabem que você não foi na escola . Mamãe foi lá hoje , porque a diretora ligou pra ela ontem falando que era pra ir lá hoje . Era pra você estar lá também , mais foram na sua sala e você não tava . Finalmente ela se virou .
— Droga . E porque ela foi chamada lá ?
— Por causa da Ana .
— E quem é Ana ?
— A menina que tava mexendo comigo .
— Achei que isso não ia da em nada . E como foi lá ?
— Falaram um monte de coisa . E segunda é pra você ir lá na diretoria .
— E pra tal da Ana , deu alguma ?
— Não . Só conversaram com ela .
— Esse povo viu . Esthefany volta sua atenção novamente pro caderno , deve ser alguma atividade .
Volto pro meu quarto .Nem perguntei como ela sabia que eu tinha falado pra mamãe que eu tinha ido na escola , mas isso não é um grande mistério . Pego meu celular , olho pra ver se Jaqueline mandou alguma coisa .
‘E você fala isso assim ? Como se nada tivesse acontecido’ ‘Nem sei porque menti , tu não tá merecendo’ Resolvo perguntar , porque ela não me falo que tinham ido me procurar . ‘Porque não me disse que foram aí na sala me procurar ?’ a resposta vem na hora ‘Achei que não era nada’ ‘Minha mãe foi na escola e descobriu que não fui’‘E o que tem ’ ‘Eu disse pra ela que fui’ ‘Mas disse antes ou depois dela ter ido lá’ ‘Depois . Ela deve tá esperando chegar em casa pra contar’‘Eu vo morrer’
Jaqueline não me respondeu , quando saí da conversa vejo novamente a mensagem do estranho .
‘Oi ,quem é’
‘Oi é o Felipe’ a resposta vem na hora . Ele deve te pedido meu número pra Jaqueline , que será que ele quer .
‘Porque você não foi na aula’
‘Tava com o Caio’ Falo a verdade , não tinha o porque deu mentir pra ele . Talvez eu esteja só tentando provocar ciúmes , mas não tenho motivo pra isso . Eu vi ele beijando outra e eu apenas queria que ele soubesse que não fiquei parada .
— Será que eu gosto de você ?
Digitando… que demora .
‘Fiquei sabendo que você tinha ido pra lá ontem . Então você prolongou até hoje ’ Ele está muito atrevido ultimamente , mais não ligo .
‘Como você sabe disso ?’
‘ Vi vocês dois ontem , lá perto da casa dele’‘Você tá aonde agora’ Felipe me pergunta . ‘Em casa , porque ?’ ‘Porque acabei de ver o Caio beijando uma menina ali , achei que pudesse ser você’
— DESGRAÇADO … filho da puta . Jogo meu celular longe . Acabo levantando pra pegar ele denovo .
Respiro fundo , ele nem esperou muito pra se vingar . Não deveria ter acreditado nele . Deveria ter desconfiado , ele não achou ruim do irmão dele me ver pelada . Mais achou do beijo . Talvez vá jogar isso na minha cara quando eu falar com ele . Isso concerteza é uma tática , ficou do meu lado pra me chifrar e querer que eu fique com ele do mesmo jeito , com um belo par de chifres .
‘Chloe ? Desculpa eu não deveria ter falado . Se tá bem’
‘Não , mais eu vou ficar’ Lágrimas brotam dos meus olhos sem parar .
‘Foram pra onde’
‘Acho que pra casa dele’
Não respondo , apenas saio . Desço as escadas , abro a porta . Quando chego na rua , saio em disparada rumo a casa do Caio . Não to nem aí , se ele vai jogar o beijo na minha cara .
Agora estou parada em frente a casa dele . A minha vontade é entrar e matar ele e a vagabunda que tá com ele . Ia ser legal , ver o sangue se espalhar depois que eu os esfaquiasse . Um sorriso macabro aparece , no meio das lágrimas , a cena seria incrível .
— Você não é assassina Chloe . Você não é .
Meu eu interior sempre imprevisível , mais isso foi longe demais .
Bato na porta várias vezes , ninguém me atende . Esperimento a maçaneta , sorrio , está aberta . Entro devagar pra não fazer barulho . Devem ter entrado com tanto fogo , que esqueceram de trancar a porta . A possibilidade faz meu sangue ferver . Vou em direção ao quarto , ouço … gemidos . Como ele pode ?
A vista está embaçada de mais pra ver com quem ele está , olho por uma fresta da porta . Saio e vou em direção ao banheiro , preciso lavar o rosto . Qualquer uma teria entrado ali e xingado os dois , mais eu não consigo , preciso me acalmar um pouco . Jogo um punhado de água no rosto e enxugo , me olho no espelho , olhos vermelhos , cara inchada , cabelo desarrumado . Nem acredito que saí na rua assim , eu estou vestido um shortinho velho e uma blusa sem manga . Uma perfeita doida , só falta o barraco . Mais eu vou fazer isso agora .
Rumei pro quarto , de onde vinha os insuportáveis gemidos . Abro a porta com força , fazendo um leve barulho . Fico decepcionada com isso , minha intenção era abrir a porta e os dois perceberem minha presença . Mas já que isso não funciona . Resolvo experimentar algo mais violento . Vou devagar por trás de Caio , que está em pé do lado da cama fazendo seu serviço , que cena nojenta . A garota que está com ele não me vê , acho que já vi ela na escola uma vez . Pulo em Caio e dou uma chave de braço nele . Eu e a Jaqueline aprendemos juntas a lutar e se defender , caso a gente precisasse um dia .
Caio está tentando se soltar , mas sou forte o suficiente para segurá-lo . Chego perto do seu ouvido , apertando mais ainda , e sussurro .
— Tá gostoso ?
— Chloe ? Ele fala alto e faz com que a garota , que ainda não tinha percebido minha presença, grite me vendo ali .
— Nem esperou eu sair direito pra trazer ela aqui . Se vai se arrepender disso . Sorrio .
— Chloe me solta , não to conseguindo respirar . Ele nessa altura esta vermelho e já não tenta se soltar . Mais um pouco e ele desmaia , é oque eu preciso que ele faça . A garota só olhava , mais resolve sair, mesmo pelada , correndo .
— Eu vou atrás de você . Grito pra que ela possa escutar .
Nunca fui vingativa , nem mal . Mas a situação pedia que eu fosse , mesmo não fazendo parte do meu comportamento esse ruim . Isso poderia acabar resultando em uma vingança da parte de Caio , mas ele me traiu . Tenho que fazer e não importa as consequências . Solto Caio , ele despenca no chão , imóvel . Saio do quarto a procura da outra .
Ela ainda está na casa , pra ser mais precisa na cozinha . Deve ter ido procurar uma faca ou algo do tipo . Tadinha , isso não ia fazer ela sair livre .
— Talvez eu devesse me acalmar mais . Falo baixo , pra que ela não me escute . Chego perto da porta e olho , está escuro lá dentro .
— Saí daqui . Ouço ela gritar do fundo da cozinha , perto de um armário .
— Você sabe quem eu sou ? Falo calmamente me posicionando na frente da porta .
— Uma louca . Grita denovo , parece que ela está chorando .
— Resposta errada .
— O quê você fez com ele ? Ela choraminga . Não é muito corajosa .
— Não foi isso que eu perguntei ?
— Você … você é a namorada dele ?
— Sim eu sou . Você deve saber , já que estuda na mesma escola que nós .
— Não , eu não sabia . Ele falou que não tava namorando com você . Disse que o povo que tava falando isso , mas não era verdade .
— Interessante . Eu acredito em você , você não teria coragem de mentir pra mim vendo oque eu fiz com o Caio .
— Não eu não menti . Mas ele …
Solto uma gargalhada .
— Ele tá vivo . Agora pega suas coisas e vaza daqui .
Depois que ela saí , vou pro quarto . Olho o relógio ,4:05 , ainda dá tempo . Me sento no chão ao redor de Caio e choro , choro muito . Mais uma vez eu me descontrolei , mais uma vez passei dos limites . Agora , Caio está desacordado , esparramado no meio do quarto .
4 Anos Atrás …
— Chloe vamos embora não vale a pena. Jaqueline fala , querendo dissipar a briga que ainda não começou . Carol está me enchendo o saco a dias , não dá mais pra aguentar a chatice dela . Tem mais de duas semanas que ela tá fofocando sobre mim . Inventou um monte de mentiras . Ela é maior que eu , mais forte . Mas faz um ano que eu comecei a lutar , eu e a Jaqueline . Numa briga com ela tenho uma grande chance de ganhar , mas eu vou descobrir isso agora .
Estamos no final da aula , do lado de fora da escola . Carol veio me encher mais uma vez e dessa vez reclamei , coisa que eu deveria ter feito antes .
— Tá se achando é ?
— Me erra garota , me deixa em paz . Eu acho que quem fica por aí implorando beijo e sexo pros meninos é você e não eu . Acho não ? Tenho certeza .
— Como é que é ? Se tá pensando que é quem pra falar assim comigo ? Ela fala se aproximando . Não respondo , apenas dou um meio sorriso . Ela me pega desprevinida , recebo um tapa forte . O que faz as pessoas ao nosso redor gritar . Antes mesmo que ela pudesse dizer algo eu devolvo , mas não paro .
Estou com tanta raiva , acabo gostando de fazer isso . Quanto mais eu gosto , mais eu bato . Consegui derrubar ela no chão com um soco na barriga seguido por um na cara . Fico em cima dela desferindo socos e mais socos , quero ver sangue . Meu eu interior pede isso pela primeira vez . Bata mais forte , desfigure ela , ela não vai mais mecher com você se fizer isso , nem ela e nem ninguém . É esse conselho que escuto na minha cabeça sem parar .
Tentam me tirar de cima dela , oque aumenta a minha raiva . Consigo empurrar alguns , outros são mais fortes mas mesmo assim me solto . Me levanto , puxo Carol pelo cabelo forçando ela a sentar . Ela ainda tenta se desvencilhar de mim , se defender . Minha fúria é maior , só vou parar quando eu quiser . Enquanto ela tá sentada chuto forte em seu estômago e costelas . De repente , sinto alguém puxar meus cabelos . A pessoa segurou mais na ponta , e meu cabelo é grande , consegui virar e socar quem me segurava . Meu professor disse que sou ótima no que faço , não tem porque não mostrar meu potencial pro resto da escola . Sorrio quando vejo uma das amigas da Carol caída no chão se contorcendo .
— PAREM COM ISSO AGORA . Ouço e me viro pra ver de onde vem .
Sou encaminhada pra diretoria , mesmo eu tendo brigado do lado de fora da escola . Estou um pouco mais calma , mas ainda com vontade de terminar o serviço que comecei . Pelo menos ela teve que ir pro hospital . Sorrio enquanto penso .
Agora…
Carol ficou mal aquele dia , eu também . Me arrependi , logo que passou a adrenalina . Meus pais foram chamados , conversaram com a diretora e recebi suspensão . Tive que passar num psicólogo também , fiquei seis meses fazendo sessão , acharam estranho meu arrependimento logo depois da briga . Podia ser falso mais não era , e como eu sempre fui uma boa aluna , acreditaram em mim . O psicólogo adiantou um pouco , disse que eu poderia ter algum tipo de surto de raiva . Me controlei e fiquei calma durante todos esses anos , até hoje .
A vítima ,de agora , ainda está desmaiado . Me levanto e vou até a cozinha procurar algo forte pra ele cheirar . Só encontro pimenta .
— Deve servir . Volto pro quarto , levanto um pouco sua cabeça e chego o vidro perto de seu nariz . Por sorte funciona . Estava preocupada , talvez ele precisasse ir pro hospital se isso não tivesse funcionado . Ele abre os olhos devagar , se meche um pouco .
— Se tá bem ? Pergunto . Não obtenho resposta . Ele se senta com um pouco de dificuldade . Olha pra mim e sorri , mas o sorriso some .
— Você . Ele fala rígido .— Você queria me matar ? Você é louca ?
— Desculpa , é que vi você com aquela garota e surtei . Não queria te matar , só desmaiar .
— E você fala isso com essa normalidade ?
— Eu … eu não queria ter te machucado . Tento me aproximar , mas ele se afasta . Começo a chorar novamente .
— Saí daqui , agora . Ele grita , não se comovendo com meu choro . Ele tava com medo de mim . Ia começar tudo de novo , quando a escola inteira soubesse , iam ter medo de mim como tiveram da primeira vez . A maioria dos alunos daquela época já se formaram e os outros se esqueceram , mas iam lembrar novamente .
Me levanto do chão ,mas não antes de tentar me aproximar de Caio denovo .
— Por favor , me perdoa .
— Perdoar ? Você tentou me matar .
— Não tentei . Grito . Já de pé , vou em direção a saída devagar com esperança dele me chamar . Tropeço numa cadeira que estava no meu caminho e vou parar no chão .
— Aaaa . Grito sentindo uma dor enorme ,bati minha cabeça em alguma coisa . Passo a mão e há sangue , não muito . Cortou , não é profundo . As lágrimas brotam mais rápido nos meu olhos , não pela dor , mais pelo desinteresse do Caio . Ele nem sequer saiu do quarto pra ver oque aconteceu . Resolvo voltar lá , talvez ele tivesse desmaiado novamente ou coisa parecida . Ele ficou muito tempo desmaiado , cerca de 10 minutos ou mais . Não sei direito , muita sorte ele ter acordado bem . O sangue escorre pela minha bochecha , se juntando as lágrimas que ainda corriam . O corte não parece fundo ,mas tá saindo muito sangue . O Caio é mais importante no momento . Chego na porta e ele já está de pé escolhendo uma roupa no armário , parece que ele vai tomar um banho . Eu também estou precisando de um , resolvo ir embora antes que ele me veja .
Corro pela sala de estar dele , mesmo com a vista embaçada pelas lágrimas . Abro a porta e a bato com força atrás de mim . Na rua as pessoas que passam me olham , umas perguntam se eu estou bem e outras preferem passar longe . Ando sem rumo , não quero voltar pra casa , não hoje , não agora . Jaqueline , posso ir pra casa dela , melhor não . Não tem mais ninguém que eu saiba onde é a casa , Felipe mora perto de onde estou mas também não sei onde é . Mais ele é a última pessoa que quero ver . Trombo em alguém , não paro pra ver quem é .
— Chloe ?
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Atualizado até capítulo 20
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