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As perguntas passavam pela cabeça de Sarah enquanto se forçava a fechar a bolsa incriminadora, abrir o estojinho e começar a passar o batom vermelho com fingida concentração.

Preparando-se para a denúncia do homem, prendeu a respiração quando ele entrou na sala e, ao olhar por sobre o ombro, viu o segurança no hall atrás dele guardar uma nota no bolso do jeans enquanto se afastava da porta que fechava sozinha.

Um suborno de cem dólares?!

Oh, Deus, pensou Sarah, isso não pode ser bom!

Ela acabou de passar o batom, rolando os lábios unidos para disfarçar o contorno borrado que sua mão trêmula havia causado.

Tensa, observou o intruso enquanto guardava o porta-batom no compartimento lateral da bolsa e colocava a alça seguramente sobre o ombro. Ele ainda    a estudava,    suspeita  e    desaprovação estampadas no semblante arrogante. Pelo menos, não estava apontando um dedo acusador.

Talvez não tivesse visto nada, afinal. Talvez não soubesse que ela era culpada de alguma coisa, e sua reação fosse apenas um reflexo do encontro anterior deles.

De maneira afobada, Sarah ergueu a cabeça, assumindo uma postura ofensiva, encarando-o diretamente e, com os lábios vermelhos, lançou um beijinho extravagante no ar.

Então, meneando os quadris, aproximou-se dele e segurou-lhe a gravata preta num gesto sensual.

— Você está arrumado demais para nossa festa privada, não está? — provocou ela com voz rouca.

Ele segurou-lhe a mão e lentamente forçou-a para a lateral do corpo de Sarah. Uma excitação perversa percorreu o corpo dela com o toque, e sentiu-o tensionar, uma pequena chama azul brilhando nos olhos de gelo.

Sarah inclinou-se para mais perto, até que a ponta de seus seios roçasse o paletó dele, e adicionou o insulto final:

— Ou você paga só para assistir?

Mais tarde, ela tremeria com o risco tolo que correra, mas suas táticas ousadas funcionaram. A expressão fria dos olhos azuis voltou, a chama do fogo desaparecendo.

— Não considero sexo um esporte de espectador — disse ele numa voz profunda. — Nem é nada que eu pague para fazer. Portanto, se me der licença, tenho algumas perguntas para o seu charmoso anfitrião.

E, com isso, ele passou por ela para começar uma conversa com o desorientado e defensivo Ryan.

Sarah estava livre!

Livre para sair da sala, da casa e de um mundo de problemas.

SARAH PISOU no acelerador de seu carro emprestado, inclinando-se para a frente, como se o peso de seu corpo pudesse ajudá-lo a subir o morro.

O motor parecia gritar. Ela agarrou o volante e rezou para que nada de ruim acontecesse na estrada estreita e cheia de curvas. Além do fato de que o carro era emprestado, o crédito de Sarah com a companhia de seguros estava em baixa no momento. Não precisava de um outro acidente para adicionar às suas atuais preocupações.

Suspirou aliviada quando viu os distintos pilares de pedra, virando o carro na estrada ladeada por árvores floridas e costeando em direção ao grande círculo no pórtico frontal.

Construída em pedra branca, a casa baixa e comprida de Adrian King ficava no ponto alto de uma cadeia de montanhas, que um dia fora uma fazenda de cultivo. Durante o último meio século, os pastos exuberantes tinham gradualmente dado lugar à urbanização da maior cidade da Nova Zelândia.

A casa de Adrian ficava situada na base da fazenda original, e ele a construíra como um lar, mais do que como uma exibição de sua riqueza, muito antes que a área se tornasse moderna. Havia muitas outras residências palacianas ao longo da estrada Ridge, mas nenhuma delas com uma localização tão perfeita e charme despretensioso.

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