Um passo adiante

O dia foi uma tremenda correria, se encarregou de ficar sozinha na loja para que seus pais pudessem ajeitar o jantar, nem tinha percebido o tempo passar e quando se deu conta já era 19h. A loja estava uma confusão de bagunça, era difícil atender mais de 3 clientes por vez e ainda organizar tudo. Estava cansada demais, mas ainda queria ver Jake, o que a fez pensar que não se falaram o dia todo.

Caminhou com passos apressados, em um momento sentia que estava sendo seguida, seus pelos da nuca arrepiaram-se, mas logo voltou ao normal. Próxima de sua casa escutou um barulho vindo de um arbusto, só podia ser coisa de sua cabeça.

Jane chegou e trancou a porta um pouco assustada, cumprimentou seus pais e subiu para o quarto para se arrumar. Entrou em baixo da água quente tirando toda tensão de seu corpo, passou alguns minutos assim e por um tempo se viu nervosa, não sabia como as coisas iriam ser com seus pais, tinha medo que falassem coisa demais. Terminou de se banhar e escolheu um belo vestido que nunca tinha usado, havia sido um presente de Felicity e achava um pouco ousado.

Um silêncio tomava conta da sala de jantar e só dava pra escutar o tilintar do relógio, os minutos foram passando e Sr Estevão já impaciente com o atraso do rapaz.

Helena tentava acalmar o marido, as reclamações dele só fazia Jane ficar mais tensa, onde ele estava que demorou tanto?!.

Soa o toque da campainha e Jane se levanta para abrir a porta. Ele estava lindo e cheiroso como sempre, trazia consigo um belíssimo buquê de rosas vermelhas e dois presentes para Helena e Estevão. Quando a viu naquele vestido sentiu uma enorme vontade de agarra-la, Jake percebeu o quanto sentiu falta dela no dia, ele a cumprimentou com um beijo na mão, nem sequer deu tempo de roubar um selinho, já que dona Helena apareceu de repente na porta. Eles entram e se acomodam a mesa.

Jake: Desculpem o atraso, eu tive um pequeno contratempo na empresa.

Sr. Estevão: Da próxima avisa.

Helena: Estevão, não começa a implicar ou o rapaz vai embora.

Sr. Estevão: Isso lá é modos de tratar o anfitrião chegando atrasado? veja só, agora tenho que esperar o mocinho se arrumar igual noiva.

Jane: O senhor o chamou para ofende-lo?

Helena: Não esquenta a cabeça meu filho, uma hora você acostuma com o humor desse velho.

Jake: Tudo bem, é parecido com o que tenho em casa.

Eles riem e Estevão não acha graça alguma. Conversam um pouco e se conhecem melhor, o pai dela fazia várias perguntas a respeito da família dele, queria saber se podia confiar num rapaz de classe alta, se quisesse brincar com os sentimentos de Jane, ele faria de Jake pedacinhos.

Sr. Estevão: Então qual são suas intenções com minha filha?

- Jake engasga com a comida.

Jane: Eu já disse que somos ami... - ele a interrompe.

Jake: Minhas intenções com ela são as mais sinceras se assim vocês me permitirem.

- Jane fica sem entender. Ele tira uma pequena caixinha do bolso e põe na mesa.

Jake: Eu ia esperar mais tempo, eu juro..

Sr Estevão: Não faça juramento em vão.

Helena: Deixa ele falar homem.

Jake: Eu sei que é cedo para tomar um passo, mas se eu não fizer isso e tentar, alguém pode fazer no meu lugar. Então, aqui presente ao seus pais eu lhe pergunto, Jane aceita ser minha namorada?

Helena surta no lugar da filha e comemora sem se importar com os vizinhos. Estevão acena que sim com a cabeça dando sua permissão.

Jane: É claro que sim.

Jake põe a aliança no dedo dela, e entrega as outras duas caixas aos sogros, um conjunto de colar e brincos para Helena, o diamante irradiava sua cor verde de esmeralda. Para Sr. Estevão um relógio igual ao que usava, o homem ficou surpreso e agradecido pelo bom gosto. Jane se sente feliz com aquele momento, era inacreditável como sua vida mudou em alguns dias, para ela seria impossível conhecer alguém naquelas condições, mas surgiu a oportunidade e aconteceu mesmo sendo em um acaso esquisito. Ele se demonstrou respeitoso aos pais dela, independente do que fazia antes da vida agora não importava mais, eles estavam juntos e cada minuto aumentava mais a paixão.

Já era tarde quando terminaram e Jane se sentia cansada por causa da rotina do dia, acompanhou ele até ao carro e se despediu com um beijo, como era boa aquela sensação de tê-lo em seus braços e sem precisar se esconder. Jake estava se tornando especial para ela, de uma maneira que não podia explicar. Ele dá partida ainda a observando pelo retrovisor.

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Chega em sua casa um pouco sonolento e antes que pudesse subir sua mãe o chama. Ela queria saber do primeiro dia e ele não iria escapar facilmente das mãos dela, Mary sabia ser persistente quando queria, isso era um ponto forte para ela, quando quisesse arrancar algo de alguém ela o fazia. Sabia quando estavam mentindo ou falando a verdade, tinha facilidade em notar as intenções de uma pessoa só em cinco minutos de conversa, era boa em observar.

Mary descobrira uma das traições de seu marido na forma como a tratava, um ato diferente muda tudo num relacionamento. Se uma pessoa trai, ela sente medo de ser traída e isso causa a insegurança. Desta forma soube exatamente o que estava acontecendo, vasculhou, vasculhou e achou a pista. Sempre dizia que o sexto sentido da mulher não falha.

Jake contou tudo detalhadamente desde a investigação até o culpado, e sentiu vontade de comentar sobre o comportamento inadequado da secretária.

Mary: Ela fez o quê?

Jake: Pode ter sido sem querer.

Mary: Aquela miserável se não acabei com ela antes, agora eu acabo.

Jake: Como assim antes, o que ela fez a você?

Mary: O que ela tentou fazer. Certa vez cheguei na empresa e seu pai estava em uma reunião importante, decide esperar na sala dele para uma surpresa, mas eu quem fui pega, ela armou algo para ele e o esperava em cima da mesa com uma garrafa de vinho. É claro que eu não armei um circo, só traria vergonha, fiz melhor ameacei acabar com ela e esperei seu pai terminar. Quando ele chegou ficou tão surpreso quanto eu, não tinha reação, vi nos olhos dele a confusão, ela tramou isso para acabar com meu casamento.

Jake: Por que ela faria isso com a senhora?

Mary: Ela não suporta vê a felicidade de ninguém, não se deixe enganar a gentileza dela é um veneno. No começo tratava ela muito bem, cheguei a dar várias roupas, mas conforme foi passando o tempo a inveja tomou conta dela .

Jake: E por que ela continua lá ?

Mary: Eu conversei com seu pai, foi quando decidimos nos separar de vez, mas não foi exatamente por causa dela, já havia muita coisa acontecendo e eu fui lá para tentar algo diferente.

Jake: Mas a situação em que ficou a fez repensar.

Mary: Sim, pensei em quantas outras vezes passei por isso sem saber.

Jake: Mas porque ela não foi demitida?

Mary: Ela implorou para não ser, dizia que iria mudar e iria respeita-lo e precisava do emprego.

Jake: Hm.. no desespero qualquer um diria isso.

Mary: Eu sei, mas já não era dever meu fazer algo.

Jake: Eu sinto muito por ter enfrentado isso tudo sozinha.

Mary: Uma mulher que sofreu parto normal de um homem enorme igual a você aguenta tudo nessa vida.

Jake: Engraçadinha, não perde o humor nunca. - ele dá um beijo na testa dela e um boa noite.

Mary: Ah e Jake, tome cuidado. Eu sou mulher e sei do que uma é capaz para conseguir algo, e vejo que você já usa aliança.

Jake: Tudo bem, vou me cuidar. E sim, decidi hoje pedi-la.

Mary: Traz ela para passar um dia comigo, quero conhecer logo.

Jake: Claro, mas não conte nada vergonhoso ao meu respeito.

Mary: Esse será o principal assunto.

Jake: Você não tem limites dona Mary, você não tem limites.

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Jane se revirava de um lado para o outro tentando dormir, mas algo lhe incomodava, ela desce para beber água e ouve um barulho ao lado de fora. Poderia ser o vento fazendo os galhos da árvore bater no telhado, esperou e ouviu com mais sutileza, eram passos, podia apostar que tinha alguém no jardim.

Ela pega uma faca e vai até a porta da frente, se tivesse alguém tentando invadir iria pegar de supetão. Girou a maçaneta e respirou fundo, abriu e não tinha ninguém, olhou ao redor e notou um buquê na entrada. De quem seria? Será que realmente tinha alguém lhe seguindo enquanto ia para casa mais cedo? Precisava ter cuidado até descobrir quem era.

Subiu para o quarto e deixou as flores em um jarro na sua cômoda, não tinha nenhum cartão especificando, poderia ter sido engano, logo esqueceu do ocorrido e adormeceu.

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