Sem saída

Chegou em casa um pouco pensativo e sério que nem percebeu sua mãe o esperando na sala, seu pai fazia companhia á ela. Os dois conversavam pareciam que tinham se acertado, eram maduros o suficiente para separarem as coisas, a amizade deles permanecia intacta mesmo depois do divórcio.

Vê-los juntos o alegrava, chegar em casa e não ficar sozinho completamente como ficou por muito tempo o deixava aliviado de certa forma. Ao notarem a presença dele, seus pais diminuíram o falatório e ficaram aguardando a notícia. Jake deu a resposta que esperaram a noite toda para receber e o parabenizaram. Evan subiu primeiro para descansar, pois o dia na empresa seria correria, Mary permaneceu no lugar e notou que o filho apesar de estar feliz com o noivado algo lhe incomodava.

Mary: Você está com alguma dúvida?

Jake: Não.

Mary: Então o que está te deixando assim?

Jake: Aconteceu muita coisa hoje para eu processar.

Mary: Seu pai me contou da situação e como Jane reagiu a tudo, ela é uma menina de ouro e sabe se manter na postura. Eu disse para tomar cuidado com aquela moça, ela não é flor que se cheira.

Jake: Eu sei, mas já dei basta nisso, Jane entendeu que eu não tive culpa, isso foi a causa de eu acelerar o pedido.

Mary: Mas algo mais está acontecendo não é mesmo?

Jake: Sim, mãe. Estou com medo de acontecer alguma coisa grave.

Mary: O que está ocorrendo fale comigo.

Jake: Assim que nos conhecemos o ex dela a viu comigo e surtou. Depois de um tempo e já estando junto com ela, começou aparecer alguns buquês de flores na porta da casa dela. Ela ama flores e alguém as enviou sem bilhete.

Mary: Alguém que não queria ser descoberto?

Jake: Não sei se é isso. Hoje no caminho de volta percebi que havia esquecido meu celular e retornei até lá, quando cheguei me deparei com o Benício parado na porta e com um buquê.

Mary: O Benício quem está por trás disso?

Jake: O irmão dele é o ex dela. Ele forçou o Benício a fazer isso, caso contrário iria acabar com o namoro deles.

Mary: Você deve contar a Jane e aos pais dela, se isso se tornar algo pior eles vão estar preparados.

Jake: Ainda não, eu concordei com Benício de descobrirmos o que fazer antes.

Mary: Tomem cuidado filho, pode ser perigoso. Agora vá descansar, amanhã será outro dia de muitas emoções.

Jake: Está tudo certo com a preparação?

Mary: Sim, não se preocupe, as meninas irão vim cedo para começarmos.

Jake: Obrigado.

Mary: Não precisa agradecer e a propósito você conseguiu falar com seu contato sobre aquela vaga no laboratório?

Jack: Consegui, está tudo certo. Ele virá amanhã e fará a proposta pessoalmente.

Mary: Ótimo. Boa noite.

Jake: Boa noite.

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Na manhã seguinte Jake já estava a espera de seu pai para saírem, cada dia que passava estava mais pontual, sua camisa social de algodão puro bem passada, um botão desabotoado que trazia um charme e sua pasta em mãos. Evan desceu a escada quase parecido com o filho, era como se tivessem combinado. Mary os elogiavam e dava um bom dia de trabalho.

Evan dirigia e Jake ia no carona, conversavam como nunca tinham feito antes, era certo que seu filho estava animado com o casamento próximo e isso lhe deixava satisfeito, ver o quanto mudou e cresceu, não frequentava mais baladas e nem sequer bebia uma gota de álcool.

Jake caminhou sozinho até sua sala e evitou alguns olhares julgadores. Passou perto de Aline que ao vê-lo tentou se aproximar, mas não deu nem a chance e apressou mais os passos. Como ela era maluca, não bastava o teatrinho que fez e ainda tinha a cara de pau de falar com ele.

Se sentou e respirou fundo buscando energias boas para mais um dia, abriu seu laptop e pesquisou algumas agências de viagens para a lua de mel, queria tudo perfeito e antecipado para não dá problemas em cima da hora. Enquanto se mantinha focado na tela, alguém dá uma batida na porta e entra, Brian pede licença e caminha até a mesa.

Brian: Estou chateado.

Jake: Eu perdi alguma coisa?

Brian: O fato de me contar sobre o casamento talvez?

Jake: Ah cara!

Brian: Achei que fôssemos amigos agora.

Jake: Aconteceu muita coisa ontem e nem me lembrei, desculpas.

Brian: Tudo bem, eu vou deixar passar dessa vez, mas só se eu puder ir.

Jake: É claro está mais que convidado, quero que seja meu padrinho.

Brian: Padrinho? Isso é intimidade demais.

Jake: Bom, já que vejo sua cara todo dia a essa hora e até ir embora, acho que podemos considerar.

Brian: Nunca pensei que seria amigo de Jake Collins o garanhão das noitadas.

Jake: Ex garanhão, agora sou um homem sério.

Brian: Sei.

Jake: Antes que você vá, terá uma festa surpresa de aniversário para Jane hoje, quer ir? Ela tem uma amiga que acho que você vai se conectar.

Brian: Ela é séria e gosta de ficar em casa trabalhando?

Jake:Digamos que só a parte de ser séria, bem séria na verdade.

Brian: Não vou recusar encontrar minha dama.

Jake: Feito.

A porta se abre e Aline entra sem ao menos bater, toda desajeitada e vergonhosa.

Aline: Desculpe atrapalhar.

Jake: O que você quer aqui?

Aline: Só vim lhe entregar esse envelope que chegou, me entregaram sem querer.

Jake: Certo, obrigado.

Aline: Com licença.

Brian: Você irá a festa também? - ele pergunta a ela.

Aline: Festa?

Jake: Ela não foi convidada.

Brian: Perdão, achei que teria um rosto conhecido do dia a dia.

Jake: O meu já não basta?

Brian: Você estará ocupado de mais com sua noiva.

Aline: Noiva?

Jake: Não é da sua conta Aline.

Brian: Aconteceu algo entre vocês que eu deveria saber?

Jake: Não.

Brian: Então não terá problemas dela ir né?

Jake quase esgana o coitado ali mesmo, mas ele não sabia o que ocorreu no dia anterior e não queria contar para evitar especulações, já havia passado, mas se Jane a visse na festa poderia arruinar tudo, ficou sem saída.

Jake: Não terá. - respondeu entre os dentes, a cara dele já dizia tudo, se algo acontecesse acabaria com ela.

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