O sol ainda não havia nascido quando acordei, sai um pouco de casa e fui ao rio tomar um banho e lavar minhas roupas, desta vez sem ser perturbado.
Depois fui até a clareira do dia interior e peguei a minha espada, não a de madeira, e sim a de ferro que estava no chão quando escolhi.
Eu ainda não a usaria para os treinamentos, mas segundo Dant, ela era minha e a usaria em caso da vila ser atacada.
Comecei a brandi-la no ar, fiz cem vezes, queria tornar isso o meu treino diário, isso talvez facilitasse a passar nas aulas de tarde.
Corri em volta da vila, ela era pequena, apesar de que isso não justificaria a velocidade com que terminei, foi muito rápido, esse lugar me enlouquecia, as minhas próprias capacidades física estavam totalmente diferentes, mesmo que eu provavelmente estava em outro mundo, isso não fazia sentido para mim.
Em seguida fiz os exercícios "normais", só que em grande quantidade, foram cem abdominais, cento e cinquenta flexões e sessenta polichinelos, nunca na minha vida tinha feito tantos, isso devia ser maior do que o total de exercícios que fiz em toda a minha vida, eu precisaria de muito tempo para entender o motivo disso.
Assim que terminei, quase que magicamente, o sol alcançou o topo do céu, indicando as seis horas e o início do trabalho nas plantações.
Nesse período nada muito grandioso aconteceu, foi um dia normal de trabalho, assim como deveria ser, acho que a vida de um figurante seria a melhor para mim nesse novo mundo que parecia um MMORPG.
Chegou o almoço, novamente era um ensopado, já era a terceira refeição seguida que comia isso, a saudade de arroz e macarrão aumentava a cada vez que como essa sopa.
Depois voltei a ter um tempo livre, e repeti os exercícios que fiz de manhã, dessa vez ainda mais rápido.
Eu já estava me acostumando a usar uma espada de ferro, depois poderia tentar brandi-la em uma árvore ou rocha, para ver o dano que ela causaria, mas antes achei melhor praticar o uso dela para me aprimorar nas técnicas o bastante para conseguir partir árvores ao meio.
Continuei treinando, meu objetivo nesse momento era vencer o meu "professor" em um duelo em que ambos lutassem com tudo o que tinham.
As minhas tarefas de tarde ocupavam boa parte do meu tempo, antes ficaria estressado com isso, porém agora eu não tinha muita coisa que gostaria de fazer, á noite eu poderia guardar um tempo para aprender sobre a tal "religião mooniana".
Esperei Dant por um tempo, não demorou muito. Segundo o que ele me falou ontem, hoje me seria apresentado o que deveria fazer para passar para a próxima etapa das tarefas.
- Como prometido, hoje direi o seu objetivo para o fim dessa parte do treinamento. - Dant disse.
- Certo, fale logo. - Estava muito ansioso para saber, precisa progredir se quisesse supera-lo.
- Você precisará meramente acertar um golpe em mim, fácil não é?
- Talvez seja, mas você é mais forte do que pensa ser, até Lakos pensa isso.
- Então deve ser verdade, ele não costuma errar. - A admiração dele pelo "chefe da vila" era bem grande, ainda não sabia o porque disso.
- Vamos deixar a conversa de lado e começar isso de uma vez. - disse para meu "professor"
- Certo, apenas lembre que dessa vez atacarei, não precisa terminar hoje
Dant arremessou a espada de madeira, corri na direção dele e peguei a arma no meio da caminho, atacando antes que ele pudesse reagir.
O golpe foi defendido por pouco e fui atacado rapidamente, não consegui defender todos e fui derrubado, aquele cara era realmente era forte.
A luta esquentou bastante, ambos golpeamos em uma velocidade extrema, o ar tremia, apesar de não conseguir ver os ataques e estar dependendo totalmente dos meus reflexos, entendia que estava perdendo quase que totalmente.
Depois de dez minutos de uma troca insana de golpes, eu fui acertado e não consegui me recuperar, antes que pudesse revidar eu fui derrubado.
Meu corpo inteiro doía muito, talvez até mesmo tivesse quebrado algum osso, apesar de torcer para não ser o caso.
No chão mesmo, rodei minha espada em direção das pernas de Dant, o golpe foi defendido, mas me deu o tempo de levantar-me.
Voltamos a trocar golpes, por um tempo próximo ao da vez anterior e novamente eu fui quem perdeu a disputa.
A batalha se intensificou, nós atacamos furiosamente por uma hora, e de novo a aula foi interrompida por eu ter me machucado demais, porém se você olhar o lado positivo, perceberá que eu evolui muito em um único dia, não demoraria muito para conseguir acerta-lo.
Ainda podia me mexer, entretanto não estava em condições de lutar, não iria extrapolar meus limites e acabar ficando ferido que nem no dia anterior.
A noite foi bem agradável, naquele dia eu resolvi explorar os arredores da vila e encontrei uma fonte termal, pela primeira vez na minha vida eu consegui me banhar em uma terma. Talvez esse mundo não fosse tão ruim.
Fui para minha cabana e percebi que não tinha jantado ainda, resolvi então, pegar plantas e caçar algum animal. Voltei com uma lebre e algumas verduras.
Cortei a carne em alguns pedaços e assei na fogueira do dia anterior, depois fiz uma salada, já estava cansado de comer sopa toda refeição. Fui para a cama e dormi sem dificuldade.
Acordei cedo e fui caçar, a melhor forma de praticar esgrima é contra algo vivo.
Pulei por entre as árvores silenciosamente, procurando por uma presa, assim como fazem os predadores na floresta, não muito tempo depois, avistei um cervo, pulei em sua garganta, quase que por instinto, ele teve o pescoço perfurado e morreu imediatamente, o sangue jorrava e era possível ver as entranhas dele se agarrando a minha espada.
Tirei a lâmina da carne do animal e me forcei a esquecer a cena, subindo nas árvores em busca de outro bicho. Deixei o cadáver lá mesmo, para que servisse de alimento para as criaturas que lá viviam.
Quando o sol subiu ao topo do céu, fui até a horta fazer meu turno de trabalho comum.
Depois do almoço, fui até a clareira para continuar meu treinamento, brandi a espada até que Dant apareceu. Devo ter feito mais de mil e quinhentas vezes.
Nós iniciamos de onde havíamos parado, sem muitas explicações. Comecei a golpear freneticamente com a ponta da arma, mas como sempre ele defendeu.
Notei que ele estava completamente na defensiva, então abri uma brecha propositalmente, para ver se seria atacado, isso realmente aconteceu, apesar de ter defendido facilmente por já imaginar essa possibilidade.
Aos poucos, o duelo foi parecendo uma dança, nossos movimentos estavam totalmente sincronizados.
Foi quando o que já era esperado se tornou um fato, eu fui acertado em cheio, mas levantei sem me abalar.
A batalha continuava fervendo, não podia, nem queria, recuar uma única vez.
Saltei para atacar, Dant bloqueou e girei para trás com a intenção de surpreende-lo. Não deu certo, fui golpeado no tronco, mas específicamente no abdômen. A parte da camisa rasgou e fui cortado.
A dor era angustiante, apesar de ter desviado parcialmente, o dano foi maior do que de qualquer outro que já sofri.
Saia sangue, tive de juntar muita força para ficar em pé, e mais ainda para correr, me desloquei rapidamente em direção a ele e ataquei por baixo, ele defendeu, porém esse tinha sido apenas o primeiro de muitos.
Em seguida desviei o golpe para as pernas dele, o mesmo esquivou por pouco, dando tempo para eu atacar por cima, o jovem não demonstrou nenhuma dificuldade em parar esse último, isso me deixou meio deprimido.
Ainda estava longe de acabar, girei a lâmina, mirando a ponta na testa de Dant.
Acertou, finalmente tinha conseguido. Entrei em um estado de extremo êxtase por um instante e depois cai, desmaiado por causa do esforço e da dor.
Acordei na minha cabana, com meu corpo dolorido, e fui procurar por Dant.
Encontrei ele na clareira, afiando uma espada embaixo de uma árvore.
Fui até o professor e ele me saudou, retribui a saudação, quase chorando, essa mesma é usada para alunos que superaram certo nível, finalmente passei, os três primeiros dias pareceram intermináveis, quem diria que seriam apenas o começo dessa minha jornada neste "novo mundo".
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Atualizado até capítulo 33
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