Construção

Samir estava sentado na poltrona com a cabeça nas mãos. Seu corpo doía e sua mente estava em volta de uma nuvem de pensamentos.

Perdido dentro de si não sentiu  a chegada de Anne que tocou seu ombro com uma das mãos.

Levantando os olhos ele viu que a esposa o fitava.

 Samir abraçou chorando profundamente sua dor.

Não sabia o quanto foi traumática sua internação até ver seu filho. Dor, medo e tristeza pulavam de seu peito em um choro doído.

Anne sentia o quanto seu marido sofria todos esses meses de luta contra a doença. Decidida iria fazer de tudo para mostrar-lhe que não estava só.

_ Anne me perdoe.

Dizia ele em soluços.

_ Nunca pensei em te ferir. Fui obrigado a te afastar por pressão de meu pai.

_ Fui um tolo egoísta. Perdão. Não consegui cumprir minhas promessas.

Dizia ele em choro.

_ Shiu não há nada que perdoar. Estou aqui com você isso que importa.

....

Anne observava Samir dormir tranquilamente. Ele chorou por horas abraçado a ela. Toda dor acumulada foi posta para fora. Não disse nada somente permitiu vivenciar com Samir sua dor e angustia pela vida.

As palavras da babá ecoavam em sua cabeça

Lutaria para ter sua felicidade.

....

Nazir tentava obter informações sobre Anne. Contudo, ele encontrava um tremendo obstáculo a lealdade de todos para a rainha.

Ninguém aceitava ser seu espião.

Decidido a dar continuidade ao seu plano começou a fazer a corte a Marie que vaidosa não percebia os olhares de tédio de Názir para ela.

Estava sentada em um banco com o sheik quando sua irmã passou com um conjunto de túnica azul e sapatilhas brancas. Názir via em Anne um gênio do deserto. Uma criatura mítica dotada de poderes e encanto

Marie nem notou a presença da irmã que sentou em um banco no meio de algumas folhagens com um caderno nas mãos. Ali Nazir compreendeu ser o espaço que Anne usava para ficar só.

Queria se certificar disso, pois cada informação era importante a seus planos.

Anne deixava suas lágrimas caírem livremente enquanto registrava em seu diário seus pensamentos mais profundos.

Não podia manchar sua imagem de rainha de ferro. Os sheiks do conselho viam nela uma mulher dura como pedra sagaz como uma serpente. Sabia que qualquer erro poderia causar sua queda. Escrevia em larim para não dar chance de ninguém ler seus pensamentos somente babá conhecia seu coração.

Anne ouviu risos e gritinhos vindos do jardim. Fato que a deixou extremamente irritada. Aquele jardim era seu lugar de paz e privativo.

Espiando pelas folhagens observou a irmã em um monólogo com o Sheik Názir.

O homem fitava sua tola irmã como uma cobra a dar o bote. Era um homem astuto calculista e determinado. Tinha uma boa imagem sendo um pouco mais alto que Samir e um corpo mais torneado. Era versado em combate e agia sem honra no campo de batalha diziam os sheiks a suas costas. Era um inimigo letal.

A aproximação de Marie com ele lhe trazia um desconforto grande. Iria pedir ao pai para impedir essa aproximação. Seu pai está a véspera de se aposentar de cônsul  pedir-lhe-ia  para  adiantar sua saída do cargo.

Sabia que sua irmã era uma tola infantil e que Názir a estava usando para ter acesso a seu palácio. Vários servos a procuraram em segredo narrando serem sondados para agirem como espiões. Eram pessoas simples pobres do povo, acolhidos como servos remunerados. Eles alegavam lealdade a ela.

Decidida a dar fim a essas farsas, saiu de seu canto preferido marchando em direção ao casal.

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