Arthur Davis
Subo as escadas com as pernas trêmulas. Estou prestes a conhecer minha filha. Minha primogênita. Nunca passou pela minha cabeça ser pai — achava que só pensaria nisso lá pelos trinta. Mas esse bebê apareceu na minha vida e, sinceramente? Eu seria louco de não assumir meu papel como pai.
E mais: ainda quero fazer a mãe da minha filha mudar de ideia.
Acredito que a Bia ficou com medo. Talvez tenha achado que eu não assumiria, ou que deixaria as duas na mão. Nem se eu quisesse — meus pais jamais deixariam isso acontecer. Por isso, amanhã, depois de resolver os documentos da minha filha, eu vou até ela. Quero convencê-la a se casar comigo e criarmos nossa filha juntos.
Não vou fingir que não gosto da ideia. Porque, cara, eu ainda sinto algo por aquela mulher. Nenhuma garota conseguiu tirá-la da minha cabeça. Talvez isso seja o destino tentando dizer que nós dois ainda temos uma chance. Que ainda temos uma história pra viver.
Entro no quarto dos meus pais. Eles estavam lá, com minha filha. Carlos segurava um sorriso enquanto olhava para a sobrinha, mas ficou sério assim que me viu. Layla e Pietro tinham saído para comprar as coisas do bebê. Da... Lily. Sim, eu ainda não sabia como chamá-la, mas queria decidir isso junto com a Bia. Mesmo assim, eu sentia que já sabia seu nome.
— Estou chateada com você, Arthur — disse minha mãe, com as mãos na cintura e um olhar sério.
— Carla, ainda é madrugada... agora não é hora de puxar a orelha de ninguém — disse meu pai, sorrindo enquanto embalava minha filha nos braços. — Agora é hora de pensar nessa bebê. Depois você faz o que quiser com o nosso filho.
— Posso segurar ela? — Carlos perguntou, sério.
— Eu ainda nem peguei ela no colo — falei, e meu irmão revirou os olhos.
Meu pai me pediu para sentar na cama. Quando fiz isso, ele me entregou minha filha.
E foi como se o mundo tivesse parado.
Nunca senti nada parecido. Segurar um ser tão pequeno, tão frágil... que vai precisar de mim mais do que qualquer outra pessoa nesse mundo... me deixou em pedaços. Eu a olhei e senti vontade de chorar. Mas era raiva. Raiva de mim. Raiva da Bia.
Como ela teve coragem de fazer isso com a nossa filha?
Como conseguiu olhar para esse rostinho e ainda assim deixá-la pra trás?
Olhei de novo para a bebê. Para Lily. Sim, esse era o nome. Um nome que minha mãe sonhava dar à outra filha que nunca teve. Agora, era o nome da minha.
E tudo nela dependia de mim: o futuro, a educação, o cuidado, o amor.
A segurei mais perto do meu peito e, em silêncio, fiz uma promessa.
> “Você sempre vai estar em primeiro lugar. Tudo que eu fizer, vai ser por você.”
— Já sabe o nome que vai colocar? — minha mãe perguntou, se sentando ao meu lado, encantada com a neta.
Sorri, ainda olhando para ela.
— Lily. Vai se chamar Lily Brown Davis.
Minha mãe ficou com os olhos marejados. Sorriu e me abraçou de lado, como se dissesse: você está fazendo a coisa certa.
Não contei a eles que ainda tenho esperanças de me casar com a Bia. De construir uma família com ela. Por enquanto, o nome da Lily será esse. Um nome forte. Bonito. E que já carrega amor.
— Ela combina com Allyson — disse Carlos, fazendo bico.
— Eu também acho — papai falou, sorrindo mais ainda.
— Por que não coloca Lily Allyson? — sugeriu mamãe, me olhando com ternura.
— Eu acho uma boa ideia — completou Carlos, vitorioso com a sugestão.
Sorri. Talvez fosse mesmo uma boa ideia.
Mas, no fundo, o que mais importava pra mim era que eles não viraram as costas pra mim. Mesmo decepcionados. Mesmo com raiva. Eles estavam ali.
E é por isso que, apesar de tudo...
Eu amo minha família.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
Dora Silva
só espero que quando ele se apaixonar por alguém a Bia não invente de aparecer pra atrapalhar
2024-09-18
3
Dora Silva
o moleque é responsável 🙏🏽👏
2024-09-18
0
Fatima Gonçalves
ele vai cair do cavalo
2024-05-29
6