Arthur Davis – 9 meses depois
Era madrugada quando alguém começou a tocar a campainha. A luz ainda não tinha voltado desde a tempestade de ontem à noite. Ouvi a porta do quarto dos meus pais sendo aberta e seus passos apressados no corredor. Me levantei, mesmo com o corpo todo dolorido pelo último jogo — que foi no sábado. Hoje já é segunda-feira de madrugada... e alguém maluco tocando a campainha como se fosse meio-dia.
Desci as escadas meio grogue, e vi minha irmã "caçula", Layla, abrir a porta, olhando em volta.
Somos quadrigêmeos. Eu sou o mais velho por alguns minutos, depois vem o Carlos Luís e o clone dele, Pietro. Por último, a princesa da casa: Layla — que, infelizmente, já tem namorado. O insuportável do Liam.
— É um bebê! — gritou Layla, puxando uma cesta para dentro de casa. Meu pai fechou a porta depressa, pegando a cesta, enquanto minha mãe, Carla, corria para pegar o bebê do colo da minha irmã.
Fiquei ali, parado, vendo a cena em câmera lenta, só pensando: quem foi o idiota que deixou um bebê tão frágil na porta da nossa casa, em plena tempestade?
— Quem seria capaz de deixar um recém-nascido na nossa porta?! — minha mãe dizia, entre lágrimas e raiva.
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Como eu fui capaz de ser tão irresponsável a ponto de engravidar uma garota?
— Quero que me explique essa carta e esse bebê, Arthur — meu pai falou, com uma mão na cintura e a outra passando no cabelo. Eu conheço esse gesto. Ele está no limite.
Minhas mãos tremiam ao reler a carta.
> "Arthur,
Primeiro, me perdoa por não ter te contado sobre a gravidez. Sei que você teria sido homem o bastante para assumir nossa irresponsabilidade. Mas eu só queria um tempo para pensar na minha vida e no que faria com essa criança. Pensei em abort* várias vezes, mas toda vez que parava na porta de uma clínica, você aparecia nos meus pensamentos. Então, decidi seguir com a gravidez.
Infelizmente, eu não posso cuidar dessa criança. Minha situação é horrível e não quero que ela passe pelas mesmas coisas que eu passei. Não dei um nome, nem deixei nada que a ligue a mim. Só quero que você cuide dela e esqueça que eu existo.
Espero que essa menina nunca saiba quem eu sou. Não quero atrapalhar a vida de vocês.
Bjs,
— Bia"
Bia. A garçonete do restaurante que eu e os caras fomos uma vez. Eu a levei para a casa de um amigo, ficamos juntos naquela noite. Fiz as contas. Tudo batia com os detalhes que ela deixou na carta.
— Porra, Arthur... — Carlos disse, largando o corpo no sofá, sem reação.
— O que tá acontecendo? — Pietro apareceu, com uma toalha nas mãos. Entregou à mamãe, que segurava o bebê no colo.
— Somos tios — disse Layla, coçando os olhos.
— O Carlos é o pai? — Pietro perguntou, mas Carlos foi rápido em negar.
— Eu sempre fui responsável. Nunca transo sem camisinha. Quem vacilou foi o Arthur.
Fechei os olhos. Isso ainda parecia um pesadelo. Estava esperando acordar e perceber que tudo não passava de um susto.
— Esse bebê está com fome — disse minha mãe, sem olhar pra ninguém. — Layla, Pietro, peguem o carro e comprem tudo pra preparar o leite dela. Alexandre, você vai ter uma conversa séria com o Arthur. Se eu olhar pra esse menino por mais um segundo, entrego a criança pro Carlos e mato o Arthur.
Minha mãe nunca falou comigo desse jeito. Mas, sinceramente? Eu mereci.
Layla e Pietro saíram. Alguns minutos depois, a luz voltou. Mamãe subiu com a bebê e Carlos foi com ela.
— Você engravidou uma garota? — meu pai perguntou, tentando não gritar.
— Ela tem 22 anos... — disse, achando que isso ia aliviar a bronca, mas só piorou tudo.
— Você transa com mulher mais velha e ainda engravida uma delas? — Dei um passo para trás, porque eu sabia que ele estava prestes a voar no meu pescoço.
A verdade é que eu sempre fui o filho "correto". Nunca dei trabalho. Sempre foi o Carlos quem fazia merda. Ver meus pais decepcionados comigo... doía. Me dava vontade de sumir.
— Foi só uma vez. Com a mãe do bebê... — disse, baixo. Meu pai sentou na poltrona e olhou para o chão.
— Eu sei. Mas agora, Arthur, você é pai de uma recém-nascida — suspirou. Concordei com a cabeça. — Sua vida de farra termina aqui. Chega de treino antes e depois das aulas. Agora você vai trabalhar comigo, na minha empresa, no turno da tarde. Vai sustentar sua filha e ser um pai presente.
Engoli em seco. O peso da responsabilidade me engoliu por dentro.
— Foi um erro grave, mas você vai consertá-lo sendo pai. E vai morar aqui até atingir a maioridade. Depois, vai encontrar uma casa pra você e sua filha. Eu, sua mãe e seus irmãos vamos ajudar, mas a responsabilidade é sua. E espero que você pense duas vezes antes de fazer qualquer coisa que possa prejudicar o futuro da sua filha.
Ele se levantou e subiu as escadas sem olhar pra trás.
Fiquei ali, parado, tentando respirar.
Eu tenho uma filha.
Eu sou pai... de um bebê.
Arthur Davis, 17 anos.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
Vaniza Goncalves
ele não tinha 19?isso tá cada vez mais confuso cada hora é uma coisa
2024-10-07
1
Dora Silva
esse pai esta de parabéns 👏👏👏👏👏
2024-09-18
1
Anaclaudia Sparizi
bem feito esse pai foi maravigold
2024-08-29
2