꧁• Capitulo 0.2 •꧂

...

...**Miyako** Ren...

Finalmente meu livro foi publicado hoje pela manhã. Foi um mês e meio de espera para que esse livro fosse finalmente publicado. Algumas cópias foram levadas ao meu trabalho, essas foram os primeiros exemplares.

Parece que as coisas finalmente estão dando certo para mim. Depois de anos apenas escrevendo artigos, entrevistas e alguns trechos de contos que raramente cabiam na última folha do jornal; ou nas últimas linhas de um site de fofoca.

É difícil crescer como escritor, mas felizmente nunca desisti de tentar mostrar as minhas obras ao público, por mais pequenas e insignificantes que elas fossem. Sei que tem leitores famintos por uma obra recheada de significados.

Com ajuda do meu blog, tenho um pequeno público para ler e dar sua opinião sobre minhas obras. Eles sempre estão acompanhando meu site, com minhas mini histórias e alguns "desabafos" meus. Eles são o melhor público que eu poderia ter.

Já ouvi algumas perguntas sobre o meu real objetivo de publicar um livro, como: Qual o seu objetivo ao publicar uma obra? Você quer criar um legado? Quer transmitir suas ideias?

Não há resposta certa aqui, ela varia mesmo entre autores. Para quem gosta de escrever, desconfio que seja uma espécie de compulsão. É uma visão simplista, mas o tempo há de verificar a realidade dela.

Desde muito novinho estive conectado à arte e suas formas, embora sempre houvesse uma grande resistência para que eu não praticasse ou exercesse nada voltado a esse segmento, no sentido de que, na minha realidade como a de muitos, o caminho de fazer um curso profissionalizante em uma área tecnológica ou que tenha consolidação no mercado de trabalho é o caminho "certo" a ser seguido.

Foi difícil ser aceito por aquela editora, afinal, o livro tem que ter fama antes mesmo de ser publicado. Eu precisava ter uma "vitrine" (um site, blog, uma rede social robusta) para que essa divulgação impulsione os resultados da venda e do alcance do meu material. Como tenho um blog pessoal, foi um pouco mais fácil.

Escrever um livro é fácil, vendê-lo que é difícil. Muitos livros morrem nas prateleiras porque os autores não entendem que, para a maioria dos escritores, para obter sucesso é necessário 20% talento literário e 80% é marketing. Felizmente eu aprendi isso rapidamente.

— E essa caixa grande aqui? — Perguntou Tatsuo Shin; meu subchefe e amigo.

— São os exemplares de meu livro, foram trazidos ainda hoje. — Falei ainda prestando atenção no computador à minha frente, ajustando a última entrevista que fiz.

— Bem que você poderia me dar um, não? — Tatsuo falou animado.

— E por que não? — Abri a caixa ao meu lado e peguei um dos livros e entreguei para ele. — Está ciente que é um romance gay, não está?

— Seus contos são sempre contos Boys Love, é claro que sei. Sabe, eu tenho uma curiosidade, esses contos são inventados ou são suas experiências um pouco fantasiadas?

— Quem sabe. — Dei de ombros.

— Um homem tão misterioso. — Ele falou passando suas mãos pelo meu cabelo. — Obrigado pelo livro.

Ele andou pela sala, observando os outros funcionários ainda com o livro em mãos. Admiro Tatsuo querer um livro meu... Ele não lê livros assim.

— Acha que ele tá meio avoado hoje? — Yuri falou me surpreendendo. — Olá Miyako-kun. — Ele sorriu gentilmente.

— O que faz aqui? — Perguntei surpreso.

— Me pediram para fazer uma sessão de fotos para uma matéria que eles estão escrevendo, obviamente eu aceitei.

— E o que você não aceita?! — Eu falei com sarcasmo.

— Sobre o que está escrevendo? — Yuri perguntou colocando sua mão sobre o meu ombro e se aproximando do netbook.

— Sobre uma atriz, ela acabou de chegar no Japão para fazer uma nova novela. Choi Nabi.

— É aquela coreana? Ah! Eu já vi os trabalhos dela. Ela é uma ótima atriz. — Yuri falou entusiasmado.

— E uma ótima pessoa. Ela foi super divertida e elegante durante a entrevista.

— Estou começando a ficar com ciúmes. — Ele falou olhando para mim com um sorriso divertido nos lábios.

— Os exemplares do meu livro chegaram. — Mudei de assunto. — Está dentro da caixa... Você pode pegá-lo...

Ele se afastou de mim, caminhando até a caixa com seu sorriso afetuoso nos lábios.

— Wow, são muitos livros!

— São apenas dez. — Olhei para ele. — Tenho que agradecer você pela linda foto, não consegui agradecer adequadamente, talvez eu estivesse ansioso demais aquele dia.

— Não tem problema. — Ele falou sorrindo, começando a se aproximar de mim. — Eu vou amar ler cada palavra deste livro.

— Yuri, estamos saindo! — Um funcionário chamou seu nome, ele olhou para trás, logo olhando para mim.

— Acho que eu tenho que ir. — Ele se aproximou mais de mim e deixou um beijo em minha bochecha logo olhando em meus olhos. — Obrigado pelo livro.

Ele se afastou, se distanciando cada vez mais, Yuri se virou de costas para mim e ergueu o livro em suas mãos.

— Nos vemos por aí. — Yuri se despediu rapidamente.

Suspirei e passei minhas mãos sobre meus cabelos. Recentemente Yuri anda tendo esse tipo de comportamento e já imagino o motivo...

Olhei para o meu relógio em meu pulso. Oh! Já está na hora de eu ir, parece que o dia foi bastante produtivo, apesar de ser um pouco puxado. Desliguei o notebook e me levantei. Peguei a caixa que continha meus livros, me despedi dos meus colegas e sai da editora.

Está quase escurecendo. Pelo o que parece, será uma noite bonita. As estrelas aparecem timidamente no céu. Já a Lua crescente estava brilhando graciosamente.

Conforme eu olhava para o céu enquanto andava em direção a minha casa, percebo estar perdido em meus pensamentos novamente. E às vezes me pego olhando para os astros com certo aperto no peito, como se o céu me tivesse roubado algo, ou o universo que me deu pouco tempo.

Se algo me falta, realmente eu não sei. Talvez seja só a melancolia que ataca ao ver o céu tão cheio e eu tão vazio. Chacoalhei minha cabeça para o lado e para o outro. Outra vez pensando nisso!

Antes de me apaixonar profundamente pela escrita, eu não tinha um propósito. Eu não vivia. Eu existia. Assim que comecei a escrever naquele blog, percebi que sempre era algo romântico e melancólico. Talvez eu fosse um adolecente triste que escrevia sobre o amor sem mesmo saber qual o sentimento de amar. Mas ao ver que várias pessoas se identificavam, chegava a ser um pouco assustador, mas por outro lado bom.

Decidi que iria começar um romance meu, para assim entender o que era aquele sentimento. Mas ninguém me fez sentir eufórico como os personagens do livro, nenhum fez meu coração acelerar com um "eu te amo". Nunca cheguei a proferir essas três palavras, as quais carregam um significado tão belo.

Talvez, no quesito amor, eu leve mais jeito para escrever do que sentir ou transmitir.

Assim que me dei por conta, havia colidido acidentalmente com alguém.

— Ah! Me desculpa. — Me curvei em respeito, e um breve pedido de desculpas.

— Você novamente. — O homem sorriu. É o florista daquela pequena floricultura.

— Eu peço desculpas, não foi minha intenção... — Olhei para ele na intenção dele falar seu nome.

— Akira Yamato.

— Me desculpe por isso Akira-San. — Ele se curvou rapidamente.

— Não precisa se desculpar. — Ele sorriu. — Você parece distraído... — Ele fez uma pausa esperando que meu nome fosse dito.

— Miyako Ren.

— Miyako-San! — Ele sorriu.

— Tenho que confessar que estou um pouco. — Coloquei minha mão sobre a minha nuca. — E você parece que estava presa.

— Bem lembrado! — Ele olhou para seu relógio. — Passe qualquer dia na loja, adorarei te ver novamente, Miyako-San.

Ele se despediu rapidamente continuando a andar com pressa.

— Eu irei sim... — Falei para mim mesmo, o olhando se distanciar.

Chacoalhei minha cabeça mais uma vez e comecei a andar em direção a minha casa novamente. Por sorte não está longe.

Esse homem, Akira-San; ele parece ser uma pessoa legal, com seu modo extrovertido ele deve fazer vários amigos rapidamente.

Quando notei, já estava em frente a minha casa. Eu aluguei essa casa um pouco depois de chegar em Osaka, essa é uma casa tradicional japonesa, com painéis de madeira com papel translúcido. Eu entrei na mesma e tirei meus sapatos.

— Estou de volta. — Falei, mas apenas o silêncio foi ouvido.

...赤い糸...

Caminhando pela floresta novamente, senti o calor em minha mão, imediatamente olhei para ela. A mão de um homem segurava a minha.

Suas vestes eram diferentes das minhas, seu cabelo curto gritava a nossa diferença de status. Eu não conseguia ver seus olhos por conta do grande kasa, um antigo chapéu que possui uma similaridade com o guarda-chuva, mas apesar disso, eu pude ver claramente seu sorriso alegre.

Ele olhava para frente enquanto caminhávamos lado a lado. Ele estava se divertindo enquanto caminhávamos pela escura floresta.

— Pergunte-me. — Ele falou sem mais nem menos e parou de andar. Era como se soubesse que eu estava curioso sobre si.

— Quem é você? — Perguntei sem hesitar.

— Sou alguém muito especial para você. — Ele levou o dorso de minha mão até seus lábios e a beijou.

— Você é um familiar, ou algo do tipo?

— Você não se lembra de mim. — Seu sorriso alegre sumiu, dando espaço para o sorriso triste.

— Me desculpe... — Eu tentei soltar sua mão, mas ele não permitiu.

— Por favor, não solte a minha mão. — Seu olhar ainda era baixo. — É a primeira vez em muito tempo que consigo segurá-la. Quero aproveitar cada segundo com você...

— Há muito tempo? — Perguntei.

— Sim, eu venho tentando te encontrar há muito tempo.

— Ao menos pode me dizer o que somos?

— Você deve descobrir isso sozinho. — Sua voz começou a se distanciar. — Eu estarei te esperando, Yoshiro-Kun...

— Yoshiro? Eu não sou Yoshiro! Meu nome é-

...赤い糸...

— Miyako Ren! — Falei alto. Assim que percebi, estou em meu sofá. Eu acabei dormindo...

Passei minhas mãos sobre meu rosto, deslizando meus dedos até meus cabelos.

— De novo...

Dessa vez, meu sonho foi diferente. Eu consegui controlar ele. Consegui falar e fazer o que eu quisesse. Aliás, quem é aquele homem? O que ele quer? Qual a nossa relação para ele ficar tão chateado assim que falei que não me lembrava dele?

— Isso está me dando fome... — Falei colocando minha mão sobre minha barriga.

Me levantei indo até a cozinha, peguei de meu bolso o elástico e prendi meu cabelo, para começar a fazer o meu jantar.

Será que esse homem tem relação com os sonhos passados?

Ele parecia estar feliz em me ver. Seu sorriso era alegre, e eu confesso que se não estivesse tão confuso, eu estaria sorrindo junto.

Por que eu não pude falar meu nome? Por que ele me chamou de Yoshiro?

Ele esperou tanto tempo para falar comigo, através de um sonho? Isso é impossível!

— Ah! Droga! — Murmurei assim que cortei meu dedo. — Eu tenho que parar de pensar nisso, ou vou acabar me machucando mais...

...赤い糸...

...Será que Yuri-chan conseguirá conquistar o coração de Miyako-chan?......

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Comments

Flávia Mell

Flávia Mell

eu acho que não ele já encontrou seu amos ❤ ❤

2022-05-20

0

🍙Bolinho de arroz🍙

🍙Bolinho de arroz🍙

Talvez

2021-11-04

0

blue sky

blue sky

quando vai sair o próximo?

2021-11-03

3

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